Capítulo 23: O grande dia

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   Cristal olhou para os lados com um frio estranho na barriga. Ela não conhecia os melhores lugares para jantar, claro, por isso deixou que Daniel escolhesse. Beauty & The Best. Ela achou engraçado ao comparar.

   Ele estava logo ali, em pé a sua espera. Estava nervoso, dava para perceber. Quando a viu chegar sorriu como uma criança, mordendo o lábio inferior. O que fez o estômago de Cristal dar uma cambalhota. Ela pensara muito antes de tomar aquela decisão. Encontrar-se com Daniel. Era insinuante demais, esperançoso demais, não poderia voltar atrás. Ao mesmo tempo, queria pedir que ele fosse com calma.

   –Então, eu sou a Bela ou a Fera? – perguntou, divertida, quando se aproximou dele.

   –Isso depende – fez biquinho, fingindo pensar a respeito. – às vezes a fera, mas na maioria das vezes a Bela.

   Cristal se fez de ofendida, dando um tapinha no ombro dele.

   Puxou a cadeira para ela, seguindo para a sua. Pegou uma flor que repousava ali e a estendeu para Cristal.

   Ela deixou escapar um suspiro de surpresa. Seu coração derreteu-se com tamanha forma de carinho e atenção.

   –Uma tulipa. Roxa? Lilás? Que cor é? Nunca sei diferenciar essas duas.

   –Hum, prefiro acreditar que é lilás. Vi em uma série que fala de psicologia que as tulipas lilases significam amor eterno, já as roxas, amor passageiro.

   –E você acredita nisso?

   –Claro. Te trouxe esta pra ver se nos traz sorte.

   Cristal ficou sem graça. Sentiu as faces queimarem.

   –Senhores? – o garçom se aproximou.

   –Ah, sim, o pedido.

   –Por favor, peça algo que eu saiba como comer.

   Ele sorriu levemente.

   –Fique tranquila – ele sussurrou para ela –, caso não goste ou não "saiba" comer, podemos ir na primeira lanchonete que encontrarmos e pedir um super cachorro-quente, que tal?

   –Perfeito.

   Era quase sobrenatural como ela se sentia à vontade com ele. Era seu melhor amigo. Já dizia a sua mãe que um grande amor nasce de uma grande amizade. Se Cristal se apegasse a todo sentimento de amigos que sentia por ele, poderia estar prestes a sentir o maior amor do mundo.

   O garçom fingiu tossir.

   –Bem – Daniel piscou, voltando à realidade. Lembrete: não olhar dentro dos olhos dela novamente em público. Eu sempre fico preso a eles. –, um mousse de gorgonzola para a entrada, pernil ao molho de vinho tinto acompanhado de um arroz árabe, como prato principal, e um mousse de frutas vermelhas para a sobremesa. Ah, traga uma garrafa do seu melhor vinho rosado, por favor. – ele olhou para Cristal – Suave.

   O garçom assentiu e se foi.

   –Posso confessar que eu não entendi nada do que você falou?

   –Eu que como sempre isso, tenho a impressão que não entendo o que eu falo também.

   Riram.
   –Vamos apenas no divertir. Tenho certeza que vai amar o pernil. Mas qualquer coisa... Você já sabe: o cachorro-quente.

   –Você não tá falando sério, eu sei.

   –Como disse? – fez-se de ofendido – Estou sendo chamado de mentiroso, que calúnia! Venha! – ele a puxou para fora do restaurante.

O Assassino (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora