Capítulo 26: Desequilíbrio

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   –Rafaela? O que faz aqui tão cedo, ainda mais depois de tudo o que aconteceu? – Perguntou Ricardo.

   Ele comia calmamente, sozinho, preparado para ir trabalhar. Todos estavam dormindo, exaustos pelo último dia. Mas Rafaela não.

   Decidira parar de chorar pelos cantos e começar a agir de verdade. Não havia tempo para perder. Ela seguiria em frente e destruiria tudo que ficasse contra ela.

   Começando pelo tio.

   –Estou bem. – disse, friamente, ao sentar-se. –Queria mesmo falar com o senhor.

   –Pois, então, diga. Sou todo ouvidos – exclamou, logo depois de limpar os grandes lábios com o guardanapo.

   Rafaela sentiu um calafrio, lembrando-se daqueles mesmos lábios tentando beijá-la à força. O que mais de hediondo o tio poderia fazer pelas costas da família?

   –Vou assumir a empresa.

   Ele quase engasgou.

   –Assumir o quê?

   –A empresa – declarou, calmamente.

   Ricardo começou a sorrir.

   –Você não pode fazer isso. Não sabe comandar uma festa, que dirá uma empresa do porte da Mercúrio.

   –Eu aprenderei. Eduardo me ensinará tudo que eu precisarei.

   –Eduardo não trabalha mais na Mercúrio.

   –Considere-o recontratado.

   –Não considerarei.

   –Eu tenho meus direitos sobre a empresa, ela me pertence. Grande parte dela, pelo menos.

   –Rafaela, você mal tem um diploma de design de moda, e quer administrar uma empresa?

   –Ela é minha. O mais natural, não? Também quero você fora de lá o quanto antes.

   –Como?! Depois de anos me dedicando, sacrificando meus anos, e você quer que eu me afaste?

   –Sim.

   Ele gargalhou.

   –Pois seu desejo não será concedido.

   –Veremos se não. Eu tenho 40% das ações!

   –Quarenta? Não, querida, você não tem nada. Não sei se se lembra, mas antes do acidente você assinou um documento me passando todas as suas ações.

   –Quê? Eu nunca...

–E o que são exatamente esses papéis, tio?

–Renovando meu controle sobre suas ações na empresa. A validade estar chegando e como você vai viajar é melhor assinar logo. Preciso assinar alguns papeis e sem a sua assinatura me dando plenos poderes, eu não poderei fazer isso, o que atrasaria muitas contas a serem finalizadas, campanhas a...

–Ah, chega, tio. Isso já ta me dando dor de cabeça. Anda, me dá logo esses papéis.

Rafaela pegou os papeis e os folheou procurando as linhas para serem assinadas.; ela se lembrou.

   –Você me enganou.

   –Fiz o que eu achava melhor.

   Rafaela perdeu a respiração.

O Assassino (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora