Penúltimo Capítulo: Chegou a hora

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   – Caetano? – Cláudia murmurou, incrédula.

   Era o que ela menos poderia esperar ver naquele quarto de hospital. O velho amigo debruçado sobre Amanda, claramente controlando a emoção, segurando sua mão firmemente, como se com esse simples gesto pudesse devolvê-la à vida. E por meio segundo Cláudia pensou ter ouvido ela respirar mais pesadamente. Tudo uma grande loucura, claro.

   Caetano, com o susto, saltou para atrás. Cláudia não teve tempo para perguntar, retrucar os próprios pensamentos, nem mesmo dá um passo a mais, pois Eduardo e Igor chegaram em seguida, cumprimentando os dois.

   – Cláudia? – Eduardo estava surpreso. – Não era o Igor que ficaria com a Amanda agora pela manhã?

   Cláudia virou-se para ele um tanto aturdida. Piscou várias vezes a fim de recobrar à razão.

   O que ele perguntara mesmo?

   – Errr... Não sei – balbuciou, confusa.

   – Eu vou indo – apressou-se Caetano. – De qualquer forma, o hospital não permite que fiquem muitos no quarto...

   – Espere um minutinho aí – ordenou Cláudia a ele.

   Caetano parou instantaneamente, quase como uma estátua, entre ela e os dois outros pares de olhares curiosos. Igor e Eduardo se entreolharam, intrigados, quase sorrindo.

   – Já que Igor pretende ficar com ela, eu vou embora – Cláudia disse, firmemente, para o velho amigo.

   Eduardo não deixou sua sobrancelha arqueada descansar um só minuto.

   – Cláudia – iniciou ele –, não há necessidade que você vá. Duas pessoas no quarto com a Amanda seria até bom caso ela precise de algo, alguém ainda poderia...

   – Melhor não – garantiu ela, forçando um sorriso.

   – Você não precisa ir embora só porque eu estou aqui – Igor pronunciou, afetado.

   Ela se virou, surpresa. Encontrou nos olhos de Igor certa tristeza, decepção talvez. Ele se sentira ofendido. Ele! Justo ele, o que não media esforços para não manter contato sequer visual com ela.

   Uma ruga profunda surgiu na testa de Cláudia, seus lábios se contraíram, suas pernas fraquejaram por um instante, mas sua raiva aumentou rapidamente, fazendo com ela retomasse à compostura e desejasse ter visão de raio laser para poder atingir Igor bem no meio da testa.

   Ele se sentia ofendido agora?! Pois ela faria que tivesse motivo para tal.

   – Errr... Talvez seja melhor eu e Caetano deixamos vocês dois sozinhos por um instante – Eduardo exprimiu calmamente, percebendo que sua integridade física podia estar correndo perigo.

   Cláudia nem sequer mirou para o lado. Suas atenções estavam fixas no homem à sua frente. Se ele dissesse um simples 'oi', ela pularia em seu pescoço.

   De pressa, Eduardo arrastou Caetano para fora.

   – Me espere lá fora, Caetano – informou ela, cuidadosamente e malignamente, ainda olhando diretamente para Igor.

   Os dois homens saíram rápido.

   – Como você ousa se ofender com a minha pressa em estar longe? Justo você, Igor, que tantas vezes saiu de uma sala só por conta da minha presença. Nem nos corredores da Mercúrio você sai mais. Achei, sinceramente, que estaria fazendo um favor para nós dois me afastando, saindo do seu caminho.

O Assassino (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora