Último Capítulo: Dentro de mim - part. 1

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      Quando Penelope acordou, por volta das seis da tarde, estava sozinha no quarto de sua mãe. As cortinas não estavam fechadas, mas o lugar estava sob a penumbra do fim do dia, que também anunciava uma forte tempestade. Era possível diferenciar os últimos raios alaranjados do sol poente sobre o acinzentado das nuvens. Espreguiçou-se devagar, recobrando os últimos acontecimentos do dia.

      E que dia!

      Mal saiu do quarto, ela percebeu o movimento estranho da casa. Apertando o cardigã longo e bege contra o seu corpo, a fim de espantar a brisa fria do seu corpo, ela seguiu Nancy, silenciosamente, enquanto a antiga babá da família descia nervosamente as escadas da mansão dos De Campos, grudada no corrimão, suas pernas pareciam que falhariam a qualquer instante.

      Na sala de estar, estavam presentes Cláudia, a mãe, o irmão e Igor. Eles conversavam baixo e ao mesmo tempo incisivos. Alterados.

      – O que é isso? – ela questionou, intrigada, enquanto descia as escadas. – Uma reunião de família?

      – Não estamos para as suas piadas agora, Penelope – retrucou o irmão.

      – Nossa, quanta agressividade!

      Alguém tocou a campainha. Nancy, mesmo vacilante, foi atender o mais rápido que podia. Todos ficaram apreensivos de repente, mirando, vidrados, para a grande porta de carvalho da casa. Penelope levantou uma sobrancelha, mas não virou-se.

      – Será que alguém pode me dizer o que está acontecendo aqui? – exigiu, cruzando os braços.

      – Sua prima foi sequestrada, senhorita – era a voz de Juliano, que acabara de entrar, respondendo.

      Penelope perdeu a fala.

      – E então, delegado? – quis saber Michele.

      – Nada, ainda senhora. Sinto muito. Eu e Alessandro acabamos de voltar da interrogação com o porteiro. Ele insiste em dizer que ninguém diferente ou suspeito entrou no prédio. Alega ter visto a senhorita Rafaela entrar no prédio, mas garante que ela não saiu pela porta da frente. Todas as câmeras do andar parecem ter sido roubadas.

      – Minha Nossa Senhora – Cláudia deixou-se cair no sofá, esgotada e em desespero.

      – E onde está Alex? – a pergunta veio de Penelope, o que fez todos ficarem um tanto surpresos por sua entonação preocupada.

      O olhar de Cláudia correu até os pulsos da mulher. Estavam trêmulos e inquietos. Por um segundo ela desconfiou que a prima de Rafaela poderia saber mais do que aparentava.

      – Ele foi até o hospital, visitar a senhorita Rosevard, parece que houve alguma melhora no caso dela. Ele espera que a moça saiba algo dos sequestradores, e possa revelar assim que acordar – explicou.

      Por meio segundo, o cérebro de Penelope pareceu fazer uma conta extraordinária enquanto ela mirava o vazio da sala. Apertou os lábios ao chegar à conclusão. Algo precisava ser feito a respeito.

      – Acho que irei até lá também, ver como está a minha amiga – correu pelas escadas sem dizer mais nada.

      Juliano continuou explicando alguns pormenores do caso para enfim começar as perguntas pertinentes à família sobre o dia do desaparecimento. Cláudia, no entanto, continuava com os olhos fixos na escada. Desconfiada. Algo no fundo dos seus pensamentos insistia em produzir um eco agudo. Algo estava errado.

      Muito errado.

°°°

      Seus olhos estavam tão pesados... Suas mãos formigavam. Ela queria poder levantar-se, mas por algum motivo, o qual ela não lembrava, a impedia de mexer os braços e as pernas.

O Assassino (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora