Capítulo 15: Amanhecer

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   –Rafaela...

   –Por favor, Alex. Minha irmã morreu investigando a morte de Vitória.

   –Como? – seus olhos injetaram – Ela também?

   –Como assim "ela também"?

   –Há alguns dias, Amanda veio até minha casa...

   –Sim – ela entortou a boca, incomodada –, eu me lembro.

   –Ela me disse que Thana também investigava a morte de Vitória.

   Rafaela pensou por meio minuto.

   –Por que Thana?

   –Minha irmã e ela foram amigas durante a faculdade. Acho até que ela conheceu o marido da minha irmã.

   –Você não percebe, Alex? Tudo se encaixa, bem, quase tudo. Essas mortes... De alguma forma elas estão ligadas à Vitória e o modo em que ela morreu. Eu acho... que mataram ela.

   –Impossível. Se tivesse qualquer sinal de assassinato os médicos teriam alertado.

   –Como foi quando ela morreu? Conte tudo.

   Ele respirou fundo.

   –Tudo bem. Algumas semanas antes, eu e minha sobrinha tínhamos decidido ir para Inglaterra, em uma pequena viagem de férias, só que eu tive um imprevisto na empresa e tive que voltar antes. Liguei para Vitória avisando. Mas ela não foi me receber no aeroporto, coisa que ela fazia sempre. Quando cheguei em casa vi o seu corpo jogado no chão da cozinha, ao lado de caixas de Rivotril.

   –Rivotril? Clonazepam?

   –Isso mesmo. Era um remédio que ela tomava para insônia. Eu ainda tentei reanimar ela, mas não consegui. Decidi levar ela até o hospital que o Dr. Magno trabalhava, ele era um grande amigo do meu pai. Só que – sua voz ficou mais baixa – não havia mais como salvá-la... Eu voltei para casa aquela noite totalmente arrasado, foi quando eu achei a carta que ela tinha deixado para mim em cima do meu criado-mudo. Na carta, ela dizia que sentia muito, mas que não poderia viver com aquele sentimento de medo que a rodeava incansavelmente.

   –Medo de quê?

   –Eu não sei.

   –Talvez o marido...

   –Ele está morto, Rafaela. Morreu há anos atrás.

   –Mas algo estava amedrontando sua irmã. Algo grave. Você tem certeza que foi ela que escreveu essa cata?

   –Também tive essa dúvida. Levei ela para um especialista analisar. Talvez ela poderia ter escrito sob alguma coação ou algo do tipo, no entanto, o perito negou. A letra era dela e não parecia que tinha escrito sob nenhum nervosismo nem nada, ele disse até que em alguns casos parecia que ela tinha se esforçado para a letra ficar mais rebuscada.

   –Nossa. Isso é...

   –Assustador, eu sei. Na carta, ela também pedia apara ser incinerada, então, quando Helen Vitória voltou, eu disse que a mãe tinha sofrido um acidente, e juntos a cremamos.

   –Espera, mas e aquele túmulo?

   –Está vazio, aquele é só um lugar onde Vitória pode falar com a mãe, visita-la... Algo físico, sabe? Ela precisa disso.

   –Eu sei. Quando eu era pequena, sempre ia ao túmulo da minha mãe, desabafar com ela. Não me lembro quando parei.

°°°

O Assassino (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora