11 - Mão Na Massa

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Jim, Fernando, Manuel e Beto desceram as escadas em fila indiana. Sonolentos e preguiçosos, todos sentiam que o jogo começaria efetivamente naquela manhã de quarta-feira. Sem muito tempo para raciocinar, eles pararam quando Cindy surgiu da cozinha com um sorriso enigmático.

- Bom dia, "belos adormecidos". Vejo que ainda não se adaptaram aos horários da casa.

Ninguém ousou responder. Cindy girou nos calcanhares e chamou os empregados, que atenderam imediatamente.

 - Nice! - Jim não se conteve ao ver a doméstica entrar pelo corredor. - Que bom vê-la logo cedo. Eu estava mesmo precisando de um daqueles sanduíches de tofu...

- Alto lá! - Cindy colocou-se entre eles com autoridade. - Se quer sanduíches, Jim, já sabe onde é a cozinha.

O modelo a encarou embasbacado.

- Espero que estejam preparados para ouvir meu comunicado. - ela prosseguiu, extinguindo o burburinho entre os rapazes. - Levantei de bom humor e resolvi dispensar meus empregados por hoje.

Ela sorriu para a criadagem, que, a julgar pela reação, também havia sido pega de surpresa.

Beto deu um passo à frente, titubeante.

- E isso quer dizer...

-...Que chegou a hora de os senhores mostrarem a que vieram. - Cindy aproveitou o gancho e suspirou. - Todos os cinco terão de mostrar o quão habilidosos são com as tarefas domésticas. Coisa básica.

 Enquanto os outros se entreolhavam, Manuel mexia a cabeça intrigado.

- Peraí! - o garçom se manifestou. - Tá faltando um. Cadê o Júlio?

Cindy soltou uma pequena risada e retirou uma chave da bolsa.

- Ah, eu gostaria de preveni-los. - ela respondeu. - Qualquer tentativa de sedução não autorizada, por mais inofensiva que seja, será motivo de eliminação. - e empunhou a chave. - Não se esqueçam!

Cinderela subiu as escadas sob os olhares reprovadores da criadagem. Os rapazes, no entanto, não se aguentaram e riram do absurdo.

- Já vai, já vai!

A campainha raramente dava o ar da graça no apartamento dos Taveirós, fato suficiente para preocupar Lucas. Ele caminhou até a entrada, aprumou o cardigã cinza e abriu a porta elegantemente.

Tudo para dar de cara com Gigi, que, sufocada entre dezenas de sacolas, ainda fizera um dos seguranças do edifício carregar cinco caixas de sapato.

- Gigi? - disse Lucas, passado o choque. - Desde quando você toca a campainha da própria casa?

- Não fui eu, não. Foi o Félix. - a perua sorriu para o segurança muito mais alto. - Esqueceu que vivemos no condomínio mais exclusivo da cidade? A boa educação e a etiqueta se estendem até ao mais simples dos empregados. Além disso, nos faltava dedos e mãos para abrir a porta. Com licença.

Gigi entrou, tremendo sobre os saltos, e sorriu novamente para Félix, que transferia as caixas para Lucas.

O colunista murmurou um burocrático "obrigado" para o segurança, que sumiu em questão de segundos.

- Bem, eu deveria estar surpreso, mas lembrei que se trata da minha irmã, Gilda Taveirós. - Lucas e a perua dispunham os pacotes ao redor da sala. - Você está maluca? Aqui tem mais pacotes do que você pode contar. Provavelmente, mais do que o seu closet pode comportar.

- Se não couber, eu mando ampliar. - Gigi estatelou-se no sofá. - Tá reclamando do quê, Lucas? Pode ter muito mais pacotes do que eu posso contar, e talvez abarrotem o meu closet, mas ainda é muito menos do que o seu dinheiro pode pagar.

Gato BorralheiroOnde histórias criam vida. Descubra agora