25 - Alguém Quer Seu Corpo Nu

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Apoiada na barra de ferro, Gigi inalou o ar salino até que seus músculos finalmente relaxassem, resultando numa onda momentânea de paz. A sensação, no entanto, logo foi interrompida pelas mão esguias de Jim, que pousaram-lhe nos ombros. Os movimentos circulares daqueles dedos, ao mesmo tempo ternos e vorazes, fizeram com que Gigi se arrepiasse de imediato.

- Como se sente? - ela sentiu a vibração do sussurro de Jim ao pé do ouvido, precedida de um hálito doce. - Já fez passeios de veleiro antes?

- Se já fiz, eu não sei. É como se fosse a primeira vez. - Gigi se virou desajeitadamente, dando um passo para trás ao roçar os seios em seu peitoral maciço. - Na verdade, o passeio está incrível, mas a companhia não poderia ser melhor.

Ele reagiu com um sorriso, e Gigi quase esmoreceu quando foi convidada para acompanhá-lo até o interior do barco. Lá dentro, ela afastou discretamente as alças do vestido e estufou o peito na tentativa de indicar sua total disponiblidade. Mas Jim não era marinheiro de primeira viagem. Ele sabia exatamente o que estava fazendo.

- Acho que acabamos de chegar à melhor parte. - ele sussurrou sedutoramente a poucos centímetros de seu rosto. - Você já deve ter imaginado que este passeio foi apenas um pretexto para desfrutar da sua companhia o maior tempo possível.

Ela o fitou com um brilho nos olhos, a boca entreaberta - sedenta por aqueles lábios finos e elásticos.

E, antes que pudesse esboçar qualquer tipo de reação, foi surpreendida com um beijo voraz e impiedoso, o qual percorreu-lhe como uma corrente intensa e pulsante de excitação. Um gesto levou a outro, até que, engalfinhados, lançaram-se sobre um pequeno monte de almofadas persas enquanto arrancavam as roupas um do outro desesperadamente.

- Jim! - a voz de Gigi oscilava entre um grito e um gemido. - My God!

De repente, a movimentação rápida e lasciva do casal foi interrompida. Jim esticou os braços, pairando sobre o corpo de Gigi, a expressão confusa e levemente desesperada. Ele tentou reanimá-la com sacudidas nada delicadas, chamou-a pelo nome, mas nada adiantou. Seu corpo permanecia ali, inexplicavelmente inerte e inconsciente.

O ônibus parou bem em frente ao muro alto, marcado pela pintura descascada e pelas rachaduras que o atravessavam de cima a baixo. Ruth demorou-se a fitá-lo pela janela assim que as portas se abriram e o espaço começou a ser esvaziado, enquanto Zilda a esperava, com certa impaciência, bem ao seu lado.

- Não temos todo o tempo do mundo. - disse ela, esticando o braço instintivamente na direção da filha. - E vê se muda essa cara, por favor. Eu não quero que a sua prima te ache antipática justamente na festa de aniversário dela. Isso não seria bom pra ninguém.

Resignada - mas não sem antes manifestar seu descontentamento com um ruidoso suspiro - Ruth acompanhou a mãe até o portão de ferro, sentindo um aperto no peito ao ouvir o ônibus arrancar e ir embora atrás de si. Elas estavam ali, e já haviam entrado no campo de visão de alguns dos participantes daquele churrasco. Não havia como voltar atrás. Ruth mal podia acreditar no que a sua vida estava se tornando. Primeiro fora a história com Beto, e agora ela se via forçada a reencontrar um passado que estava disposta a enterrar. Um grupo de pessoas que não lhe acrescentava nada além de uma satisfação mórbida com a própria pobreza, e ao qual por convenção chamava "família".

Antes que pudesse despertar para a realidade, o corpo de Ruth já seguia Zilda a passos lentos e desinteressados. Ela parou repentinamente, envolta por uma nuvem de fumaça proveniente da churrasqueira, e debateu-se loucamente até dar de cara com uma montanha de músculos lisos e maciços que brilhavam ao sol.

Gato BorralheiroOnde histórias criam vida. Descubra agora