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"A mãe da Camila! Será que aconteceu alguma coisa?"

Notei outro papel, embaixo deste primeiro, escrito com letras tremidas "Air France - 4003-9955".

Fiquei tonta só de pensar que a Camila pudesse estar planejando ir embora novamente.

Abaixei a cabeça sobre a mesa e tentei pensar nas possibilidades do que estaria acontecendo. "Com certeza é a mãe dela!" Peguei um papel de um bloquinho e uma caneta e escrevi um bilhete:

"Quando quiser conversar, pode me chamar, a hora que for. Eu acordo e venho, ou saio da aula, do serviço e de qualquer lugar só pra te encontrar. Eu te amo muito, muito, muito, Camila! E vou estar sempre com você!".

Saí da biblioteca levando comigo o bilhete e os números de telefones que anotei em outro papel, caso precisasse. Subi ao terceiro andar e notei que havia um silêncio um tanto quanto estranho. Coloquei o bilhete embaixo da porta e me sentei ali na frente novamente, sem saber o que pensar.

Disquei no celular dela, que tocava sem resposta. Ouvi passos e vi a sombra dela por debaixo da porta, que pareceu se sentar no chão também. Um choro baixinho vinha do estúdio e então, desesperada, colei meus ouvidos na porta.

Lauren: Ei, Camz, eu tô aqui! Deixa eu entrar, vamos conversar, por favor! - disse baixo, calmamente. Ela não me respondeu, só chorava.

Lauren: Então vamos dar uma volta, sair um pouco.

Camila: Lolo, hoje não! - chorava ainda mais.

Lauren: Acho que foi um dia ruim pra você, mas eu estou aqui.

Camila: Desculpa Lolo!

Eu percebi que ela se levantou e saiu do estúdio. Eu estava desconsolada. "Que bosta de companheira sou eu, que não consigo nem consolar minha namorada?" As lágrimas começaram a escorrer e o meu coração começou a ficar apertado. Desci as escadas e fui pro meu quarto. Precisava falar com a Paulinha, ver o que ela achava da situação. Liguei pra ela e contei tudo. Ao fim da conversa me disse:

Paula: Calma, Laur! Pode ser que ela tenha brigado com a mãe! Se fosse doença ou alguma coisa séria você já estaria sabendo através de terceiros. Às vezes a gente quer se isolar um pouco do mundo mesmo. Ela não tem motivos de estar brava com você, mas tem o direito de querer ficar um pouco sozinha!

Lauren: Será, Paulinha?

Paula: Vai por mim, amiga. Sem encanações! Todo namoro é assim.
Conversei com ela sobre mais alguns assuntos sem importância pra tentar me distrair um pouco. Não quis jantar. Fui até a cozinha e encontrei a Lúcia por lá.

Lauren: Lúcia, a Camila jantou?

Lúcia: Ela não quis jantar, Laur.

Lauren: Faz ela comer, por favor! Leva o chocolate quente e os biscoitos dela e mais alguma fruta, tá bom?

Lúcia: Tudo bem.

Lauren: Você sabe o por que de ela estar assim hoje? Aconteceu algo aqui esta tarde?

Lúcia: Desculpa, Laur, mas eu não saio dessa cozinha.

Lauren: Tudo bem. Boa noite, Lúcia!
Fui pro meu quarto, liguei a tv e não conseguia dormir de jeito nenhum. Mandei uma mensagem no celular dela: "Eu te amo muito! Não se esquece! Boa noite, meu amor". Já era madrugada quando eu consegui pegar no sono.

No dia seguinte, notei que não havia vestígio algum da Camila, nem no meu celular, nem um bilhete como eu havia feito e o andar de cima permanecia todo trancado.

Tomei meu café da manhã e resolvi não ligar pra ela logo cedo, imaginei que ela também deve ter ido dormir tarde.

Na faculdade, eu não consegui me concentrar em absolutamente nada, foi um dia completamente perdido. Na hora do almoço, tentei ligar para o celular dela. Ela não me atendeu de jeito nenhum. Fiquei uma hora ligando direto e nada, nenhuma resposta, nenhuma mensagem, nenhum sinal. No serviço eu já estava completamente abalada e a Normani percebeu.

Normani: Laur, aconteceu alguma coisa? Tá com alguma dúvida?

Lauren: Não Mani, fica tranquila. Tá tudo bem!

Normani: Qualquer coisa tô na minha sala, é só entrar.

Lauren: Tudo bem!

Mandei inúmeras mensagens durante o meu expediente e todas sem respostas. No fim do dia, fui pra casa e mais do que rápido subi à cobertura.

Lauren: Camz, abre aqui! - bati na porta. Tudo quieto. Um silêncio absoluto.

Lauren: Camz, eu sei que você tá aí! Nada!

Lauren: Por favor! Sem respostas. Nenhum ruído!

Lauren: Camila eu não vou sair daqui até que você abra a porta!

Sentei-me no chão e fiquei encostada na parede. Liguei pro celular dela que tocava incessantemente dentro do quarto. Ela não atendia de jeito nenhum. Mandei mais uma mensagem: "Não faz isso comigo!". Em vão.

As horas foram se passando. Deitei com a cabeça sobre a minha bolsa e fiquei ali. Eu não conseguia ouvir nada, nada mesmo! Depois de muito, mas muito tempo, sem nem ao menos comer ou tomar banho, acabei dormindo.

Acordei com o meu celular tocando. Eu ainda estava em frente à porta da camz.

Lauren: Alô?

Dinah: Cadê você?

Lauren: Tô em casa, ué!

Dinah: Você não vai vir pra aula? Temos que finalizar aquele trabalho!

Lauren: Aula?

Dinah: Lauren, acorda! Já são 8 e meia!

Lauren: O quê? Tô indo, Dj, logo chego aí!

Levantei rapidamente, mas caí no chão de novo. Meu corpo estava todo doendo, cada músculo.

"Eu não acredito que a Camila me deixou aqui a noite toda!"

Entre Amigas?Onde histórias criam vida. Descubra agora