46.

61 5 2
                                    

Estava gostoso o ventinho gelado batendo e os braços dela me esquentando. O rosto colado no meu e as mãos envolvendo a minha cintura. Transmitia tanta calma que eu jurava poder sentir o planeta girar no seu compasso lento. Eu ficaria ali a vida inteira. A tranquilidade, a paciência e a segurança que ela me passava era algo surreal.

Eu me senti protegida nos braços de uma pessoa que eu sabia que me amava. E por um momento pude esquecer tudo de ruim que havia me acontecido nos últimos dias. O meu momento de transe foi por água abaixo quando abri os olhos e vi a Paulinha na sala fazendo sinal de positivo com as duas mãos.

Eu me segurava pra não rir, ainda abraçada com a Ally. Não aguentei quando ela começou a fazer bico e, através de umas mímicas muito cômicas, pedindo pra eu beijar. Ela percebeu que eu ia rir e saiu correndo. "Praga!" Consegui me conter e abaixei o rosto, cheirando os ombros dela.

Ally: Tá com frio? - disse baixinho.

Lauren: Um pouco, tô sem moletom.

Ally: O cara ainda tá lá! - ela riu.

Lauren: Não desiste, né?

Ally: Por que a gente não mostra logo o que ele quer ver? Afastei-me e a olhei com cara de brava.

Ally: Calma! Tava só brincando, não fica brava!

Lauren: Eu também, boba! - apertando a bochecha dela. Sorriu parecendo aliviada.

Eu fiquei olhando, hipnotizada nos seus olhos. Eles definitivamente ficavam lindos quando ela sorria.

Ally: Tá pensando em que? - curiosa.

Lauren: Em como eu gosto dos seus olhos, você sabe disso - ri de volta.

Ally: Culpa dos meus pais! - se achando.

Lauren: Convencida!

Cruzei os braços, ainda encostada na parede e fiquei olhando pra ela, que estava nitidamente sem jeito, com as mãos nos bolsos da calça. Era claro que ela não queria tentar nada naquela noite, ela sabia o quanto eu estava abalada. Fechei os olhos e encostei a cabeça na parede. Ela começou a mexer nos meus cabelos e no meu rosto. Abri os olhos e ela estava me olhando fixamente. Puxei-a pela cintura, trazendo seu corpo junto do meu novamente. Ela continuou me fazendo carinho.

Ally: Como você nunca notou? - disse baixo.

Lauren: O quê? - vi que ela ficou vermelha.

Ally: Que eu sempre fui apaixonada por você.

Lauren: Eu sei que sempre fui muito egoísta!

Ally: Eu pisei na bola com você. Mas prometo que vamos ser sempre amigas, tá?

Laura: Eu acredito em você, sempre acreditei! Eu tava ficando louca quando a gente tava se estranhando.

Ally: Eu sei que fui bem chata! Mas é que eu nunca quero sair de perto de você, não quero te forçar a nada, nem pressionar. Eu me contento em ser sua amiga e só olhar pra você, te ver feliz!

Abracei-a de novo e uma, duas, três lágrimas começaram a cair, molhando o moletom branco que ela vestia. Apertei-a forte em meus braços. Minha vontade era dizer: "Me leva embora e faz eu me apaixonar por você!". Mas o nosso coração é sempre muito burro. Eu estava odiando o meu ultimamente por amar tanto a Camila.

Ally: Não chora, Laur! Eu fico me sentindo impotente, sem saber o que fazer.

Lauren: Só me abraça. Só isso!

Ela me abraçou forte e me tirou do chão. Fechei os olhos e o vento me dava a sensação de que estávamos voando. Ela me encheu de beijos no rosto e eu sorri das cócegas que faziam.

Entre Amigas?Onde histórias criam vida. Descubra agora