No dia seguinte, acordei e notei que estava sozinha na cama. Virei-me e vi uma bandeja no criado mudo, com café da manhã e um bilhetinho que dizia:
"Bom dia, Laur! Fui trabalhar, quando acordar me liga no celular. ADOREI A NOITE! Beijos".
A Paula era fofa, mas nem um pouco boba! Aquele bilhetinho não a incriminava nem um pouco, afinal, podia ter sido escrito por qualquer pessoa. E era isso que eu amava nela: a cordialidade e a esperteza. Ri por dentro e me sentei na cama dando uma mordida na maçã. Eu não tinha ido à aula e nem sabia se queria ir tão cedo. Minha vida estava de cabeça pra baixo. E se não tivesse sido a noite regada a sexo com a minha melhor amiga, com certeza eu iria acordar toda borocoxô! Peguei o celular e olhei a hora. Já passavam das 10 da manhã! Notei que havia uma mensagem de texto.
"Laur, bom dia, aconteceu alguma coisa? Você não avisou que ia faltar. Qualquer coisa me liga, zé roela! Beijos! Dj."
Como sempre, bem delicada essa minha amiga. Disquei pro celular da Paulinha.
Paula: Alô?Lauren: Oi Paulinha!
Paula: Oi linda, tudo bom? Tomou café?
Lauren: Já tomei sim, obrigada. E você? Trabalhando muito?
Paula: Demais! Arranja alguma coisa pra fazer, tá? Não quero você trancafiada em casa.
Lauren: Pode deixar! Beijo, bom trabalho!
Paula: Obrigada, beijo!
Desliguei e notei que havia nenhum sinal da Ally. "Será que eu tô perdendo a Allyson também? Será que não seria o caso de eu ligar pra ela?" Decidi dar mais um tempinho, esperar até o dia seguinte, talvez. Levantei-me e tomei um banho demorado. Logo depois, dei uma geral no quarto e no apartamento. Quando terminei, notei que não tinha absolutamente nada pra fazer. Não tava a fim de almoçar sozinha e eu sabia que a Paula almoçava na rua em dia de trabalho. Foi quando escutei meu celular tocando.
Lauren: Alô?
Dj: Laur! Tudo bom? Não recebeu minha mensagem?
Lauren: Tudo Dj! Recebi sim, mas ainda não tinha dado pra responder.
Dj: E por que não foi pra aula?
Lauren: Não tô passando muito bem, amiga! Se melhorar amanhã eu vou, tá?
Dj: Lauren, eu te conheço... você não tá doente!
Lauren: É, não tô! Só não estou disposta, só isso.
Dj: Quer conversar?
Lauren: Não é nada Dj, pode ficar tranquila!
Dj: Promete que vai amanhã? Se quiser a gente mata aula e vai dar um role!Lauren: Aluna aplicada você! -- eu ri.
Dj: Tudo pelas amigas, meu amor!
Lauren: Tudo bem, eu vou.
Dj: Vou te esperar, ok? Beijo!
Lauren: Beijo!
Desliguei e me sentei no sofá. Eu odiava ficar sem fazer nada. Pior que vegetar é ficar fazendo fotossíntese, olhando pro nada! Eu não queria de jeito nenhum ficar pensando na Camila, coisa que já estava começando a acontecer. Ainda era hora do almoço e a Paulinha ia demorar pra chegar pra me distrair. Eu tinha que fazer alguma coisa. Ally. Ally. Ally. Decidi enviar uma mensagem no celular dela: "Saudades, linda! Beijos!" Esperei um pouco e não obtive resposta. "Porra, já passei por isso antes!" Fiquei rodando feito uma barata tonta no apartamento.
Olhei na janela e o céu de São Paulo estava totalmente nublado, com um vento bem forte. Logo ia chegar o outono e isso era de se esperar! Foi quando, olhando aquele clima nostálgico que eu amava, decidi fazer um bolo. Eu não cozinhava muito bem, mas lembro perfeitamente de quando a Ally me ensinou a fazer um bolo de cenoura, há muito tempo. Não sei o porquê, mas esse dia do bolo, que aconteceu há anos, eu nunca esqueci. Nem havia anotado a receita, mas a decorei. Lembro que era um dia de inverno, um frio bem intenso e eu e a Ally estávamos estudando para uma prova de química. Ela estava com a calça vinho do colégio e um moletom cinza quando decidiu que faria um bolo especial pra mim. Fomos até a cozinha e fiquei reparando em como ela preparava. Ia me ensinando, fingindo ser a Ana Maria Braga e eu ria demais dela. Por fim, fez uma calda de chocolate durinha que dizia ser um segredo dela, mas que mesmo assim me ensinou. Simultaneamente ela preparou um capuccino. Senti uma lágrima escorrendo no meu rosto pelas lembranças. Uma culpa bateu no meu peito por eu ter me esquecido, por um tempo, esses momentos que já vivi com pessoas especiais. Por que será que quando a gente se apaixona por alguém parece que nada mais importa? Mas a gente sabe que importa e que fez diferença na nossa vida. Fui até minha bolsa pegar o dinheiro pra comprar os ingredientes. Eu queria a todo custo fazer esse bolo.
Quando abri minha carteira, me deparei com uma foto minha com a Ally e a Dj. Aí sim as lágrimas saltaram de vez. Como fazia falta o tempo que passávamos juntas, que ríamos e nos divertíamos. A última vez foi aquele dia do cinema, quando a Camila chegou! Eu olhava a foto me lembrando das coisas bobas que já passamos e que elas podiam estar ali comigo. Mas a Dj nem sabia de toda a situação e a Ally, mais do que envolvida, não tava a fim de me ver. Veio-me à cabeça o dia em que tiramos a foto, no último aniversário da Ally, o de 18 anos. Saímos só nós três para comer pizza. O quanto a gente riu, como nos abraçávamos e o quanto a gente enchia a Ally de beijos por ela ter atingido a maioridade.
Lembrei-me de que não importava a ocasião e nem o lugar, a Ally sempre fazia questão de se sentar ao meu lado e pegar na minha mão. Era comum isso pra gente! Notei que eu não tinha nenhuma foto da Camila. As únicas lembranças de tudo que vivemos era a caixinha de músicas e o colar que ainda estava no meu pescoço. Enxuguei as lágrimas, fechei a carteira rapidamente e desci a caminho do supermercado para comprar os ingredientes. Andei calmamente pela rua, observando aquele mundaréu de gente correndo, trabalhando, se chocando uns nos outros. Eu definitivamente amava São Paulo! Povo louco! Olhar o modo como as pessoas se comportavam me distraiu um pouco.
Depois de tudo devidamente comprado, voltei pro apartamento e comecei a preparar o bolo. Liguei o rádio e fiquei ouvindo uns CDs que a Paulinha tinha. Coloquei a misturada no forno e esperei assar enquanto fazia a cobertura. Logo que assou joguei a cobertura e esperei um pouco. Como de esperado ela ficou durinha, como a Ally havia me ensinado! Sem pensar peguei meu celular e liguei pra ela. Chamou, chamou, chamou, até que ela atendeu!
Ally: Alô?Lauren: Oi!
Ally: Oi Laur!
Lauren: Tudo bom?
Ally: Aham, e você?
Lauren: Sim! Não recebeu minha mensagem?
Ally: Recebi, Laur. Mas ainda não havia dado tempo de responder. Tô com aula hoje à tarde. Tô na faculdade ainda!
Lauren: Desculpa interromper então! Beijo!
Desliguei sem ouvir o que ela respondeu. "Poxa, mas não podia me responder rapidinho?" Por que eu tava querendo cobrar alguma coisa da Ally se ela nunca me cobrou nada? Por que essa falta imensa dela? Não deu 5 minutos e eu ouvi o celular apitando, uma mensagem!
"Entenda que EU TE AMO, Lauren!"
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Entre Amigas?
FanfictionAmigas são nossas almas gêmeas, cúmplices, provas da nossa existência... ... e muitas vezes são amores verdadeiros para a vida inteira!