Passei a quarta e a quinta-feira um pouco ansiosa, até que o meu expediente de quinta chegou ao fim.
Fui fazer a unha. Gostava de estar sempre com a manicure em dia. Depois fui pra casa e, pela primeira vez, não fiquei rodando o apartamento em busca de uma sombra da Camila.
Entrei no chuveiro e tomei um banho demorado, dessa vez quente, já que estava uma garoa fria em São Paulo. Escolhi uma roupa mais básica. Calça jeans justa, uma blusinha preta com detalhes em branco coladinha, um decote mais ou menos, e uma jaquetinha branca. Sandália preta de salto, um pouco mais discreta. Make bem feitinho pra marcar presença e um perfume pra acabar. Penteei o cabelo com os dedos como gostava de fazer. Fiquei de frente ao espelho e gostei do resultado.
Foi quando notei que eu ainda estava com a pulseira de coração, que selava o meu namoro com a Camila. Até o momento eu havia esquecido que ela ainda estava no meu pulso. Levei minha mão até o fecho a fim de tirá-la. Porém uma dor profunda no meu peito não deixou. Lembrei-me que, no dia da discussão, a Camila ainda usava o dela. "Ainda não quero tirar! O meu sentimento não mudou nada e o meu coração ainda é totalmente dela".
O celular tocou e me tirou dos meus pensamentos. Era a Ally. Dei uma geral no espelho, peguei a bolsa e dei tchau pra minha mãe. Quando cheguei ao portão do prédio eu vi, de longe, a Ally encostada no carro do pai dela, um Honda City preto, de braços cruzados e olhando pro lado.
A chuva tinha dado uma trégua. Quando ela me viu, descruzou os braços e colocou as mãos nos bolsos da calça, um pouco sem jeito. Eu me espantei totalmente de como ela estava LINDA!
Uma calça jeans clarinha colada no corpo, deixando evidente as pernas bonitas, nem saradas e nem torneadas, mas qualquer um olharia, com certeza. Uma bota preta de couro, com alguns detalhes em tachinhas, que ia por cima da calça, uma regata soltinha de cor vermelha. Mas o que me causou um calor foi a jaqueta de couro preta, estilo Halley, daquelas com uma fivela na gola, que contrastava com os cabelos. A franja querendo cair em cima do olho direito, que estava muito bem delineado. Um estilo totalmente diferente da Camila. Nada de menininha delicada.
Eu sabia que a Ally tinha atitude e isso estava mais que evidente na roupa que ela vestia. Fiquei encantada com o figurino, que junto com o seu jeito, era perfeito! Fui em sua direção. Ela me abraçou forte e me deu um beijo gostoso no rosto. Estava cheirosa, quente e ofegante.
Ally: Vamos?!
Lauren: Sim! - sorri.
Entramos no carro e ela ficou um pouco parada, olhando pra frente e rindo pro nada.
Lauren: Ei, adorei sua jaqueta! Tá linda em você - disse olhando pra ela.
Ela me olhou e, mesmo eu sabendo que ela estava morrendo de vergonha, disse:
Ally: E você está maravilhosa! - eu sorri.
Depois disso mexeu no cabelo e ligou o carro. No caminho ela não conseguia disfarçar o nervosismo. Eu entendia porque sempre me sentia assim com a Camila.
Lauren: Tá tensa, Ally?! - olhei pra ela que parecia fugir do meu olhar.
Ally: Não, não tô não! Impressão...
Lauren: Para de coisa! - ri e peguei na mão dela.
Ally: É que sei lá!
Lauren: Tá, então me conta sobre sua faculdade, como está e tal - tentando descontrair.
A partir disso ela foi se soltando, contando sobre o dia-a-dia. A Ally estava cursando Fisioterapia em outra universidade. Ela sempre gostou dessas coisas de saúde e biologia, mas nunca teve coragem de prestar medicina, sempre dizia que ia ficar abalada a vida toda se um paciente viesse a falecer por culpa dela.
Chegamos ao teatro e já entramos. A peça foi muito engraçada e eu amava aquele tipo de humor. Divertimo-nos muito, fazia tempo que isso não acontecia. Eu estava me sentindo totalmente à vontade ao lado da Allyson. O jeito como ela cuidava de mim, de como me olhava e sorria. Era visível a felicidade em seus olhos. E posso dizer que nos meus também era possível enxergá-la, nem que fosse bem pouco.
Ally: Vamos comer alguma coisa agora? Tô com fome, você não está?
Lauren: Vamos sim! Tô morrendo de fome também!
Ally: Vamos pro Chico Hamburguer?
Lauren: DEMORÔ!
A gente amava o Chico Hamburguer. Sempre íamos juntas. Quando entramos no carro, liguei o rádio. O meu CD preferido estava no som. Lana Del Rey. Ela me olhou e sorriu.
A Ally sabia do que eu gostava e das coisas que me faziam bem. Ela dirigia e ficava me observando cantar baixinho. Quando paramos num semáforo, ela pegou minha mão e deu um beijo carinhoso. Abracei o pescoço dela e dei um beijinho no rosto.
Lauren: Obrigada! - disse no seu ouvido.
Ally: Por quê? - ela riu.
Lauren: Por ser quem você é!
Ela me olhou nos olhos e eu fui atacada por uma sensação de entrega. Naqueles poucos segundos, meu corpo foi tomado por uma avalanche de arrepios. Com os dedos, acarinhou o meu rosto. O semáforo abriu e só percebemos com o nervosinho do carro de trás buzinando.
Voltei ao meu banco, encostando minha cabeça e fechando os olhos. Tentando acalmar os ânimos. A Ally olhava pra frente, compenetrada. Chegamos ao Chico Hamburguer e logo o nosso pedido estava na mesa.
Eu amava comer com a Ally, ela me deixava brincar com a comida e ainda achava graça das minhas babaquices. A gente nem ligava pra quem estava ao nosso redor, apenas nos divertíamos sem vergonha.
Ally: Depois que a gente sair daqui, posso te levar num lugar?
Lauren: Pode me levar pra onde você quiser!
Pagamos a conta e fui com ela pra onde eu nem mesma sabia. Chegamos à Paulista e entramos na garagem de um prédio. A Ally abaixou o vidro do carro e disse ao porteiro:
Ally: E aí Doug! Deixa eu só levar a minha amiga ver a cobertura? Juro que não demoro!
Doug: E aí Ally! Beleza? Ó, vou deixar, mas tem que ser rapidinho, ok?
Ally: Prometo que vai ser, Doug!
Ela estacionou o carro e minha curiosidade foi maior.
Lauren: Doug?!
Ally: O Douglas é amigo do meu primo há anos. Ele nos trouxe aqui um dia e eu curti!
Pegamos um elevador e subimos até o último andar. Ela abriu uma porta de ferro e eu pude, enfim, ter uma vista magnífica da cidade.
De um lado a Paulista e de outro o resto de São Paulo. Apoiei-me no parapeito e fiquei olhando o horizonte, deslumbrada.
Ally: Bonito, né?
Lauren: Nossa! Demais! Não sabia que daqui a gente enxergava praticamente o mundo! - ela riu.
Ficamos lado a lado recebendo aquele vento quase congelante. Dessa vez ela não pediu permissão, me abraçou, como quem quisesse me aquecer. Eu deixei, eu queria, eu precisava. Era tão bom senti-la! Virei-me, ficando de frente pra ela, a encarando com um sorriso nos olhos! Aquele olhar me derretia toda, me deixava entregue!
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Entre Amigas?
FanfictionAmigas são nossas almas gêmeas, cúmplices, provas da nossa existência... ... e muitas vezes são amores verdadeiros para a vida inteira!