Everything Has An End 15

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Restava uma semana de férias. O grupo tinha agora mais um elemento. Matilde estava já assegurada nas saídas. Ela e Miguel ainda não tinham começado a namorar. Na verdade, Miguel ainda não tinha tido coragem para lhe contar o que sentia.

Nessa semana, os quatro amigos foram várias vezes à piscina, ao centro comercial, ao parque e Matilde dormiu uma vez em casa de Joanne e essa noite foi inesquecível. A rapariga revelou que achava Miguel muito giro e que quando estava com ele tudo parecia mais divertido. Disse que adorava que ele também gostasse dela e a verdade é que ele gostava, mas não seria Joanne a contar essa parte. Guardava agora o segredo, Matilde e Miguel formariam um belo par.

- Ele é o teu melhor amigo… nunca te falou de mim? – questionava Matilde irrequieta.

- Não te vou dizer nada. Fala tu com ele. É o meu conselho.

- Está bem. Eu falo com ele amanhã na escola. Tenho medo que ele me diga que não sente nada por mim.

- Olha, o Flynn arriscou e deu tudo certo. Também há de dar contigo. Mas agora vamos dormir. Amanhã vais conhecer a tua nova escola e aviso, não é lá grande coisa.

Matilde e Joanne vestiram as roupas mais giras que tinham e foram para a escola.

Mais um ano que ia começar, os testes, o nervosismo, as aulas. As férias eram, sem dúvida, mil vezes melhor, num entanto era agora, um novo ano letivo.

Miguel e Flynn já as esperavam na entrada da escola. Matilde, Joanne e Miguel tinham passado para o décimo ano, Flynn para o décimo primeiro. Matilde tinha ficado na turma dos amigos e estava assim mais descansada.

 Quando entraram na sala, notaram em algumas caras novas. Muitos rapazes ficaram de olhos postos nas duas raparigas, principalmente em Matilde. Era nova na cidade, gira e bem desenvolvida, o cabelo louro corrido até à cintura deixava um perfume agradável no ar. Miguel não parecia achar muita piada a toda aquela atenção. Se ao menos namorassem poderia fazer uma cena de ciúmes e mostrar a todos que aquela rapariga já estava com alguém, mas ela não devia gostar dele, uma rapariga que tinha tantos pretendentes nunca o ia achar suficiente e não vale apena termos ciúmes de uma pessoa que não nos “pertence”. Miguel tinha a sensação que se tinha apaixonado novamente pela pessoa errada. Sentaram-se os três perto uns dos outros.

A professora começou a explicar como iria ser aquele ano. Trabalho, esforço, dedicação, persistência e estudo foram as palavras mais usadas: “ Não se esqueçam, para atingir os vossos objetivos tem que haver trabalho e dedicação. Vai ser complicado, mas tem que ser persistentes, dedicados. O estudo vai passar a fazer parte da vossa vida diária e para isso tem que saber organizar o vosso tempo e trabalhar dedicadamente. Façam um esforço e vão ver que tudo vai correr bem. A cima de tudo não desistam… Usem a qualidade de persistência…”.

A campainha tocou ruidosa, avisando do fim da aula. Como era o dia da apresentação, os alunos puderam sair logo após a conversa com os professores.

- Então querem ir para onde? – perguntou Miguel.

- Eu e o Flynn já tínhamos planos. Gostávamos de passar esta tarde sozinhos.

- A sério? – questionou Flynn confuso.

- Claro amor, não te lembras? – despachou Joanne com uma cotovelada- Porque é que não vais com a Matilde dar uma volta?

- Está bem. Adeus, até amanhã!

- Adeus!

Joanne agarrou Flynn pelo braço e puxou-o para longe.

- Podias ter seguido a minha conversa.

- Como? Querias que eu adivinhasse as tuas intenções?

- Sim. Não era muito difícil perceber. Eu quero dar àqueles dois algum tempo a sós. Ontem a Matilde disse-me que gostava do Miguel e eu quero que eles se entendam.

Entretanto Miguel e Matilde caminhavam em direção ao parque lado a lado, num silêncio sepulcral. Matilde olhava para o chão e brincava com o brinco, rodando-o. Já Miguel, olhava para lugar nenhum, tentando arranjar algo para dizer. A sua linha de pensamento foi rompida em conjunto com o silêncio quando Matilde perguntou:

- Gostas de alguém?

Miguel estranhou a pergunta, mas respondeu, o nervosismo fazia a sua voz suar mais abafada:

- Sim.

- Eu conheço-a?

- Conheces.

Matilde pensou tratar-se de Joanne e sentiu uma vontade repentina de chorar.

- Já a conheces há muito tempo? – a voz tremia-lhe intensamente.

- Não.

Então não podia tratar-se de Joanne.

- Não me podes dizer quem é?

- Em princípio eu gostava de guardar segredo.

- Mas não me podes dizer mesmo nada?

De repente Matilde lembrou-se, ela só conhecia Joanne e se não era da amiga que Miguel gostava, só podia ser uma pessoa. Num impulso, Matilde prendeu o braço de Miguel e obrigou-o a olhar para ela. Ficaram próximos, o cabelo ruivo de Miguel caia-lhe para os olhos.

- O que foi?

- Descreve-me a rapariga de quem gostas.

- Ela é baixinha. Adora surfar. É linda, inteligente, simpática, maravilhosa e, apesar de a conhecer há pouco tempo, já é uma das minhas melhores amigas.

Matilde chegou-se mais perto de Miguel e depositou-lhe um beijo leve nos lábios.

- Também gosto muito de ti! – sussurrou.

- Como é que sabias que eu estava a falar de ti?

- Não é muito difícil. Eu sou inteligente, linda, maravilhosa, só por isso dava logo para perceber que me estavas a descrever.

- Esqueci-me de dizer que também era convencida.

Miguel colocou o seu braço em volta dos ombros de Matilde e abraçou-a.

- Tive medo que não sentisses a mesma coisa que eu. – confessou.

- Eu também. Adoro-te Migas.

- Desde quando é que me chamas Migas?

- Desde que és o meu namorado.

- Oh! Está bem, namorada!

Miguel riu-se e depositou um beijo na cabeça de Matilde. Depois continuaram a andar de mãos dadas pelo parque, onde passaram o resto da tarde. Matilde andou de baloiço enquanto Miguel a empurrava. Comeram um gelado a meias e divertiram-se muito. No final do dia, o rapaz levou a sua namorada até  casa, partindo de seguida para a sua. Quando lá chegou, pegou no telemóvel e ligou para Joanne.

- Obrigada! – agradeceu alegremente.

- Porquê? – Joanne decidiu fingir que não sabia do que ele estava a falar.

- Por me teres ajudado com a Matilde. Estou muito feliz melhor amiga.

- Ainda bem Miguel. Trata-a bem. Beijinhos.

- Beijinhos.

Uma sensação de felicidade invadiu Joanne, misturada com algum alivio. Todos estavam finalmente felizes.

Everything Has An End - portuguesaOnde histórias criam vida. Descubra agora