O grande segredo de Flynn vai ser revelado...
- O Flynn chega hoje! – gritou Joanne enquanto agarrava num torrada.
- Que bom! Tens que me apresentar esse rapaz. – adiantou a mãe.
- Isso é uma ótima ideia. Tens mesmo de o conhecer, ele é espetacular!
- Ainda bem! Mas agora tens que te apressar, o Miguel já está à espera.
- Vou só buscar a minha pasta lá acima.
…
- Bom dia! – saudou Joanne.
Miguel estava junto ao portão. Jo abraçou-o.
- Estás mesmo animada rapariga.
- Pois claro! O Flynn chega hoje, estou a morrer de saudades.
- Queria ver se também reagias assim se fosse eu…- protestou Miguel.
- Claro que sim!
- Bem, vamos andando.
Finalmente chegaram à escola. Quando Joanne viu Flynn foi a correr feita doida.
- Meu Deus! Que saudades.
- Oh minha pequena. Eu também tinha imensas saudades tuas.
- Como estava Inglaterra? – perguntou Joanne.
- Triste, muito triste.
Jo arrependeu-se logo de ter feito aquela pergunta. Achou por bem acabar com a conversa e Flynn pareceu ter a mesma ideia. Puxou-a para si e beijaram-se carinhosamente.
Passaram o intervalo todo agarrados, todos os intervalos.
- Adoro-te sabias?
- Pensei que não…- brincou Flynn.
- Estou a falar a sério! És perfeito.
Aquilo caiu quase como uma bomba na consciência de Flynn. Não, ele não era perfeito, ele estava longe de ser perfeito, só que Joanne não o sabia ainda. Ela não podia saber, não naquele dia, talvez não precisasse de saber nunca.
- Obrigado amor! – limitou-se a responder.
- Que achas de ir jantar a minha casa hoje? Eu sei que amanhã temos aulas, mas podemos jantar cedo.
- Eu acho uma boa ideia. Vou só ligar à minha tia para saber se posso ir.
Após terminar a chamada, Flynn voltou para junto de Joanne e aceitou a sua proposta.
*
- Boa noite! Eu sou o Flynn.
- Prazer em conhecer-te Flynn. A Joanne fala imenso de ti.
- Bem espero.
- Claro que sim!- soltou Joanne.
- Meninos, está na hora de jantar.
Dirigiram-se para a sala de jantar. A mãe de Jo fizera questão de arranjar a mesa como se Flynn fosse um convidado muito importante. Falaram durante toda a refeição. Joanne tentou decifrar a impressão com que a sua mãe tinha ficado do seu namorado, estava encantada. Perguntava-se como Flynn tinha aquele poder de agradar daquela maneira às pessoas.
Depois do jantar subiram para o quarto de Joanne. Foram para o terraço.
- Adoro esta vista! – afirmou Flynn.
- Eu também. O mar lá ao fundo e…
- Não.- interrompeu-a- Não estou a falar dessa vista. Estou a falar desta- apontou para Joanne
- Obrigada! Flynn, por favor, conta-me a tua história. Eu preciso de saber o porquê de tanto segredo.
O rapaz ficou assustado com aquele pedido. Tinha andado a fugir daquilo.
- Para que é que quere saber? O que interessa é o presente.
- Mas eu contei-te tudo sobre mim. Sobre o meu pai e o Pedro. Eu quero saber a razão de tu teres andado estranho. Eu quero saber o que guardas aí.
- Eu não posso contar, não posso! – gritou Flynn.
- Por favor. Eu preciso de saber.
- Eu… eu matei uma pessoa. – as lágrimas caiam no rosto de Flynn- Eu tinha acabado de assaltar uma loja. Eu precisava daquela comida e daquele dinheiro. O meu pai era um drogado, um bêbado, abandonou-nos a mim e à minha mãe. Eramos pobre, muito pobres. Eu tinha acabado de fazer o assalto, mas um rapaz viu-me e disse que ia contar tudo. Eu tentei falar com ele, tentei convencê-lo a não me denunciar, mas ele insistia. Eu precisava de comer, eu precisava de dinheiro para vir para Portugal. Eu não tinha nada. A minha mãe estava doente. Tinha entrado numa depressão imensa e eu estava sozinho. Completamente sozinho. Eu tinha fome, frio. Eu estava mal e o rapaz viu-me e disse que ia contar tudo à polícia. Eu sabia que não podia ir preso, mas podiam levar-me para um colégio. Eu não podia deixar a minha mãe sem nada e sem ninguém. Eu tinha uma faca e eu não queria. Eu não queria fazer aquilo. Eu só precisava de o fazer, mas eu não queria matá-lo. Mas eu tinha fome e estava em baixo e não podia fazer mais nada. Matei-o e arrependo-me para sempre.
Joanne estava chocada. Ela não conseguia acreditar. Choravam os dois. Choravam amargamente.
- Mas como é que vieste cá parar? – perguntou Joanne
- Eu fugi. Eu não queria ficar ali e lembrar-me todos os dias do que tinha feito. A minha tia estava cá e aceitou acolher-me. Deixei algum dinheiro para a minha mãe e comida. Peguei nas poucas coisas que tinha. Paguei o voo e não me sobrou mais nada. Eu não me conseguia relacionar com as pessoas. Eu sentia-me um criminoso e ainda o sinto. Não houve namorada nenhuma. O trauma que eu tinha tido era este. Eu tinha matado um rapaz. Não espero que entendas, mas por favor acredita, eu não o queria fazer e nunca vou deixar de me arrepender por o ter feito.
- Sai! Por favor sai! Tu nunca foste verdadeiro comigo. Era tudo uma mentira. Eu tenho muita pena que tenhas passado por tanto, mas eu não consigo… eu não me sinto segura. Vai te embora
- Eu fui verdadeiro contigo quando te disse o que sentia. Adeus…
Joanne não conseguia parar de chorar. Porquê? Porque é que ela nunca podia ser feliz? Flynn tinha sido um erro. Agora via-o já a sair pelo portão. Ia a correr. Começou a chover, Joanne voltou para dentro. Flynn continuou a caminhar. Tudo dentro dele estava destruído. Estava sozinho, mais uma vez sozinho.
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Everything Has An End - portuguesa
Novela JuvenilEsta é a história de Joanne, uma rapariga que nunca teve a vida simplificada. Jo (como os amigos a tratam) nasceu em Inglaterra, mas mudou-se para Portugal, onde fez novos amigos, incluindo Flynn, o rapaz que vai mudar por completo a sua vida e conf...