Everything Has An End - portuguesa

Everything Has An End 26

Uma nova semana, mas nada parecia ter mudado. Joanne não tinha recebido novidades de Portugal durante aqueles últimos dias e a actualização mais recente da situação não era muito positiva, visto que Matilde lhe tinha dito que Flynn tinha entrado em paragem respiratória, mas felizmente os médicos tinhas conseguido salvá-lo a tempo. Era assustador pensar que a última vez que tinha falado com Flynn o tinha deixado em lágrimas. A música dos Pearl Jam tocava frequentemente e Joanne dava por si a sussurrar : “ Did I say that I need you? Did I say that I want you?”. Agora, Matilde raramente atendia o telemóvel e sempre que o fazia nunca acrescentava nada de novo, o que começava a ser preocupante pois significava que ambos os rapazes continuavam em estado crítico e ninguém parecia ser capaz de dizer como tudo aquilo ia acabar e muito menos quando. A relação com a mãe estava tremida e parecia que nunca mais iria voltar a ser a mesma. Já tinha conhecido o padrasto e apesar de não parecer má pessoa não lhe inspirava confiança e Joanne preferia manter-se afastada da relação que nutria com a mãe, achava que essa era maneira de fazer com que a situação não a afetasse tanto. Continuara a tentar pedir à mãe para ir para Portugal mas esta persistia em não a autorizar. No meio do caos do seu dia a dia, onde tudo parecia estar errado havia uma coisa que parecia estar sempre lá para manter o seu estado de espírito o mais elevado possível, aliás não era algo, mas sim alguém… Ethan. Ethan tinha aparecido na sua vida como um milagre e agora Joanne percebia que não era assim tão difícil ter confundido o que sentia por ele com amor, porque ele era de facto uma pessoa que merecia ser amada. Emma também estava presente, mas ela sentia que ninguém a compreendia como Ethan, pareciam almas gémeas, mas não no romance, na amizade. Custava-lhe muito sentir que tinha brincado com os sentimentos dele, quando agora ele mostrava amá-la de verdade, não merecia que ela o tivesse feito sofrer. Em parte, Ethan recordava-lhe Miguel, em como a sua relação era antes de ele ter conhecido Matilde, esperava então que, tal como Miguel, Ethan fosse capaz de a tirar da cabeça um dia, mas por vezes isso não lhe parecia totalmente favorável. Ela não amava Ethan, mas gostava que ele a amasse... Será que isto fazia sentido?! Não, não fazia, mas era o que ela sentia.

Envolta em pensamentos Joanne teve uma ideia que lhe pareceu genial, tinha de fugir de casa e planear uma viagem que a levasse para Lisboa em pouco tempo. Pensou e lembrou-se que para comprar bilhetes de avião precisava de uma pessoa maior de idade, Ethan parecia-lhe a única opção razoável e depois de muito tempo a percorrer o quarto às voltas com o telemóvel nas mãos começou a digitar o número do rapaz. Ouviu o sinal de chamada durante alguns segundos e de seguida a voz de Ethan apareceu do outro lado da linha.

- Olá princesa! – a saudação deu-lhe arrepios. – Estás melhor?

- Nem por isso. Olha, eu tenho uma coisa muito grande para te pedir…

Ethan interrompeu-a:

- Podes pedir o que quiseres.

- Eu tenho que ir para Lisboa, eu tenho mesmo de ir ter com os meus amigos, mas a minha mãe não está de acordo e eu preciso de alguém que possa comprar o bilhete de avião…lembrei-me de ti.

- Parece-me um plano arriscado. Penso que não devias desobedecer à tua mãe.

- Por favor Ethan! Não tens que vir comigo e eu dou-te o dinheiro, mas por favor compra o bilhete, eu digo que me fiz passar por ti, que tu não sabias de nada, eu não sei… eu só sei que preciso desesperadamente de ir para Lisboa.

Ethan sabia que ela ia para Lisboa por causa de Flynn, o rapaz que a separava dele, que se metia no meio do que ele mais desejava, mas também sabia que ver Joanne naquele estado era pior do que ser rejeitado mil vezes, por isso pensou e acabou por afirmar:

- Eu compro o bilhete, mas temos que ter em atenção todos os pormenores e temos que partir durante a noite.

- “Temos”? Tu também vais?

- Sim, eu tenho que tomar conta de ti.

- Eu não sei como te posso agradecer!

“ Ficando comigo e gostando de mim”, pensou Ethan, mas acabou por se ficar só pelo “ Não é nada de especial.”.

- É sim senhor! Tu és um amigo espetacular. Obrigada.

Joanne desligou a chamada e estava a poisar o telemóvel na mesa de cabeceira quando recebeu uma mensagem:

 “ Olá Joanne!

Tenho boas notícias, o Flynn acordou. Quanto ao Miguel continua em coma e as coisas não estão propriamente fáceis.

Tenho muitas saudades tuas. Achas que consegues vir cá?

Ps: O primeiro nome que o Flynn mencionou foi o teu. Ele está muito confuso e os médicos não me deixam falar com ele, para não o perturbar, mas acho que ele não se lembra bem do que aconteceu na viagem a Londres.

Ass:

Uma amiga que te adora, Matilde”

Agora Joanne tinha que ir definitivamente para Lisboa, por isso depois de responder a Matilde, enviou uma mensagem a Ethan a dar as novidades e a pedir para se encontrarem no dia seguinte antes dos ensaios no café perto do teatro para preparar tudo, pois tinham que partir o mais rápido possível.

De seguida deitou-se. Sentia-se mais leve, mas estava cansada e adormeceu rapidamente.