Everything Has An End 17

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Estava um lindo dia que contrastava com o estado de espírito de Joanne. O pequeno-almoço estava num tabuleiro ao pé da cama, mas ela não queria comer. Sentia um nó no estomago. Tomou um banho e vestiu uma roupa. De volta ao quarto, deu uma trinca num pão e depois pegou nas malas para as levar para baixo. A sua mãe também não estava muito contente, e aquela manhã parecia ser um beco escuro sem saída. Um táxi esperava à porta para as levar para o aeroporto. Um táxi para onde ela não queria entrar, um destino para onde ela não queria ir. Joanne pensou que aquele era o momento para seguir em frente, mas as correntes da casa prendiam-na. Ela só queria ser livre, mas sentia-se presa. Finalmente, saiu de casa. Contrariada e revoltada, atirou as malas para a bagagem do carro. Sentou-se num dos bancos de trás e encaixou os auriculares nos ouvidos. Queria sair daquele lugar. A viagem pareceu interminável. Quando chegou ao aeroporto, esperava lá no fundo que Flynn aparecesse e a tirasse de lá, mas à medida que o tempo passava a ideia de que isso não ia acontecer ficava cada vez mais presente e cada vez mais dura. Entrou no avião, mas antes telefonou a Flynn tal como tinha prometido. A voz do namorado estava rouca e grave. Quando a ouviu, Joanne sentiu saudades e pensou que não ia aguentar o que se estava a passar.

- Amo-te muito pequena! Faz uma boa viagem e liga quando lá chegares. Não te esqueças, por favor.

- Eu não me vou esquecer.

Procurou o seu lugar e depois meteu as suas malas na parte correspondente a este. Sentou-se, estafada, apesar de não ter feito nenhum esforço em especial. Na verdade, o seu cansaço era mais mental que outra coisa.

Pegou de novo nos auriculares e colocou-os nos ouvidos, numa tentativa falhada de sair daquele mundo. De repente as memórias do acampamento vieram todas juntas parar à sua cabeça. Imaginou Flynn a dizer-lhe pela primeira vez que gostava dela, o seu primeiro beijo, a maneira como ele lhe pegava na mão e a fazia sentir segura. Não seria injusto que tudo tivesse sido tirado tão de repente?

Se o seu pai estivesse ali, talvez a tivessem deixado ficar em Portugal, talvez não. De qualquer maneira, ela queria que o seu pai estivesse com ela. Poderia agarrar na mão dele e sentir-se novamente protegida. Podia segredar aos seus ouvidos o quanto a amava e ele poderia fazer-lhe cocegas para ela se rir. Partiu demasiado cedo. Tinha ficado órfã muito cedo. Uma pequena lágrima tentou escapar. O olhar caiu sobre as pernas, e desesperada, tentou fazer com que tudo aquilo passasse. A viagem continuou, á medida que se aproximavam de Inglaterra o tempo ia mudando. Cada vez mais cinzento, o céu começava agora a realçar os sentimentos de Joanne que tentavam tomar conta dela. Durante todo o voo, a rapariga lutou contra si própria.

Quando o avião aterrou, Joanne tinha os pés dormentes e a cabeça pesada. Levantou-se vagarosamente, e dirigiu-se para a saída com as malas, seguida pela sua mãe, que tinha passado a viagem a dormir.

 Um carro com um motorista esperava-as do outro lado do aeroporto, para onde elas se dirigiram apressadamente. O homem ajudou-as com as malas e depois entraram todos no carro. Joanne não se recordava onde ficava a sua antiga casa, mas a mãe avisou-a que não era longe.

Passados dez minutos chegaram a uma mansão ainda maior do a que tinham em Lisboa. Um enorme jardim seguia desde o portão de entrada até à porta principal. Árvores, arbustos e pequenas flores compensavam a falta de cor das paredes brancas. Os grandes janelões mostravam algumas partes da sala de estar. À espera nas escadas estava uma empregada e uma rapariga que parecia ter a idade de Joanne. As apresentações seguiram-se à entrada na casa.

- Bem-vindas minhas senhoras! Estou aqui para vos servir. Sou a Anna e esta é a minha sobrinha Emma. Ela vive no anexo comigo. Estou disponível todo o dia e toda a noite. Um jardineiro encarrega-se do jardim duas vezes por semana e uma outra empregada vem ajudar-me três vezes por semana. O cozinheiro está cá durante todo o dia e vive numa pequena casa aqui perto. Esperamos que esteja tudo do vosso agrado.

Everything Has An End - portuguesaOnde histórias criam vida. Descubra agora