Capítulo 3

42 6 1
                                    

A luz do Sol entra pela minha janela, iluminando todo o quarto. Apesar de ter chovido quase todos os dias, essa manhã de sábado amanhece quente. Me levanto da cama e entro no chuveiro para um banho frio, a água gelada no meu corpo quente, relaxa os meus músculos. Desço as escadas e vejo o grupo de amigos do meu irmão todos sentados no sofá, jogando vídeo game, bebendo e conversando.
Até parece gente de verdade, esses bandos de animais.

-Bom dia Elly, senta aqui do meu lado.- Zayn sorri maliciosamente pra mim e bate a mão ao seu lado, para me sentar.

-Vou tomar café da manhã. - digo e ouço-os rir. Entro na cozinha e meu pai está sentado na pequena mesa encostada na parede. Abro a geladeira rapidamente e pego um iogurte

-Pra onde você foi ontem a noite? - ouço sua voz ao meu lado.

-E você se importa agora? - abro a embalagem do iorgute e tomo sentando na mesa.

-Sempre me importei. - rio.

-Eu faço o que eu quiser.- zombo.

-Você faz o que eu quiser. - encaro-o.

-Vai se ferrar. - grito e saio da cozinha. Os olhares de todos os garotos estão pousados em mim, ignoro e subo as escadas batendo forte a porta do meu quarto.

Ele pensa que pode me bater e me estrupar quando quiser, na hora que ele quiser, onde ele quiser? Nunca.
Ele acha que eu sou boba o bastante para depois de tudo que ele fez, ainda o desculpar por tudo? Ele acha que me ameaçando que vai me matar, eu vou ficar calada? Nunca vou me esquecer da primeira vez que ele tocou em mim, as suas mãos sujas e seu hálito com cheiro de álcool, de como fiquei naquela noite, quando tinha apenas quinze anos. Nunca vou esquecer dos gritos que dei, mas ninguém me ouviu, por ele ter abafado meus gritos com as mãos. E nunca vou o perdoar pelas coisas que me fez passar, pelo o que ele me fez se tornar, essa garota que ninguém quer, uma garota que nunca vai tirar notas boas na faculdade, a garota que nunca se quer vai se casar, por causa do pai que a estrupa e a bate todas as noites quando chega em casa. Eu nunca vou o perdoar por nada. Quero que ele queime no inferno, quero que ele sinta tudo que eu senti, toda vez que fui zoada na escola, e maltradada pelas pessoas.

...

Ouço alguém bater na porta loucamente, levanto da cama em alguns cambaleios e me seguro na maçaneta, antes de abrir respiro fundo.

-Vamos, temos muito o que fazer. - Niall me diz apressado.

-Não me mande o que fazer, ainda sou mais velha que você. - dou as costas pra ele e calço meus tênis.

-Se eu fosse você, andava mais rápido.
-Por quê? - termino de calçar os tênis e pego meu celular. Olho no espelho e a aparência é a mesma, cabelos loiros, pele pálida, corpo magro, olhos azuis claros e bastante lápis de olho.

-Porquê o Zayn está na garagem. - diz e encaro-o.

-O que ele está fazendo lá?- saímos do quarto em passos largos.

-Ele foi atrás daquelas balas pra festa de hoje a noite. - diz simplesmente.

-Como aquele idiota sabia que as minhas balas estavam lá? - chegamos na garagem e vejo Zayn revirando as minhas caixas da prateleira. Agarro no seu cabelo e jogo-o no chão, ele geme de dor. -O que pensa que está fazendo?- grito.

-Não precisava... disso. - ele se levanta.

-SAI. - grito e ele não se move. - SAI DAQUI PORRA. - Zayn sai da garagem e me viro para meu irmão. -Tomara que ele não tenha roubado nenhuma das balas, você sabe que elas são do Louis, e ele me mataria se sumisse uma. - coloco as mãos nas ancas e suspiro. Louis é um traficante muito perigoso, ele pediu para que eu guardasse as balas aqui, por quê ele está sendo vigiado pela polícia, além de perigoso, ele é charmoso, ficamos algumas vezes, mas algo nele me intimida.

-Vamos, estão esperando a gente na festa. - sigo meu irmão e entramos no carro do Zayn, ele está estranho, mas dirige calado.

O lugar está do mesmo jeito, cheio de pessoas, bebidas e drogas, não cansamos disso, fazemos porquê não temos mais nada para desperdiçar nosso tempo, um tempo que não conseguimos gastar em outras coisas. Sei que amanhã volta tudo ao normal, meu pai me bate, vou chorar a noite inteira, mas mesmo assim, estou aqui, por isso gosto de aproveitar o agora, nem sei se amanhã vou estar viva e nem importo se vou estar aqui ou não, eu não pedi para me colocarem nesse mundo.

-Olha quem veio. - olho para trás e avisto Harry saindo do seu carro preto, ele usa uma t-shirt branca, calças apertadas pretas e coturnos. Ele chama a atenção de algumas garotas que o observam, seus olhos me encontram e ele caminha até mim. -Pensava que não ia aparecer. - diz meu irmão.

-Eu disse que viria. - diz Harry, tento recuar quando ele envolve seus braços a minha volta, abraçando-me. Levo um susto no começo e não correspondo. -É assim que você me trata? - resmunga afastando-se.

-Oi, pra você também. - falo e ele ri. Entramos na casa, vejo o Luke já bebendo com os garotos sentado no sofá. Harry parece estar sem reação ao meu lado, quando meu irmão chega e oferece uma bebida, eu aceito e Harry também.

-Prefere vim pra cá, do que sair comigo? - Harry pergunta quando meu irmão sai.

-Não é isso, você não entende. Não devia estar aqui, não faz idéia no que está se metendo. Vai embora. - ele me olha assustado. -Não sei o que quer de mim, e também não quero saber. - digo, Harry parece decepcionado, ele caminha de volta para a saída provavelmente deixando o local.

É melhor assim, ele não merece viver como eu. Louis caminha até mim, prendendo-me contra a parede, me roubando um beijo selvagem e correspondi. Quando ele se afasta com um sorriso malicioso, atrás dele vejo Harry, seu maxilar cerrado e me olhando com uma mistura de decepção e ódio.

Foda-se.

Só assim, para ele voltar para a vida na qual ele nunca deveria ter saído.

ELENA | H.S fanfiction |Onde histórias criam vida. Descubra agora