É inútil.
Sabia que era totalmente inútil ir lá e dizer a verdade, mas não, mais uma vez eu fui uma besta e apareci lá só pra ser humilhada e ouvir mais uma vez que não sirvo pra nada. Mas eu não ligo, já me conformei que não presto pra nada. Como sempre, meu aniversário é uma bosta, talvez eu poderia voltar em casa e quebrar tudo que sobrou de lá.
Depois de minutos caminhando finalmente chego em casa, o lugar ainda cheira a madeira e whisky. Mas agora é diferente. Agarro no primeiro porta retrato e atiro contra a parede, depois jogando o abajur da mesa ao lado do sofá.
Aquele filho da puta, me fez sentir mais imprestável ainda, como ele pode ser tão merda? Ele não podia ter falado aquelas merdas pra mim, ele não tinha o direito. E aquele outro filho da puta, também foi inventar de se matar nesse maldito dia, ele me via atirar as coisas todos os anos, e ainda teve a coragem de fazer essa merda?
Pego a última garrafa de whisky escondida debaixo da pia e deixo o líquido queimar a minha garganta. Bebo até a metade e jogo a garrafa contra a parede. Logo logo os vizinhos vão chamar a polícia por causa do barulho e eu vou ser presa. No meu caso agora, morrer seria a solução, a minha merda de vida não serve mais pra nada, antigamente eu vivia por viver, por isso entrei nesse mundo, esse mundo que me levou a outro mundo, agora vou dar um jeito de sair dele de uma vez por todas. Não sei por quê sei lá quem me colocou aqui, mas agora eu oficialmente, estou saindo. Da última vez que tentei me matar, foi lento, quero uma coisa que me mate o mais rápido possível. Abro todas as gavetas do armário e encontro uma faca. Ela é do tamanho ideal para matar alguém. É perfeita.Minhas mãos soam muito enquanto posiciono a faca contra o meu coração, agora tem que dar certo. Ninguém nunca vai sentir o que eu senti, todos os tapas e todas as vezes que disseram que eu sou uma merda. Não percebi as lágrimas que haviam caído até que me lembrei da promessa. Às vezes é preciso quebrar as promessas, pois é a única opção. Harry me mostrou que não se importa comigo quando disse aquelas palavras, talvez eu me importe um pouco com aquilo, mas já era.
Respiro e inspiro.
Nunca me senti tão viva quando estou tão perto da morte, quando estou pronta pra morrer a sua voz me chama.
-Elena, não faça isso. - levanto meus olhos para encontrar as esmeraldas, mas encontro um tom azul claro. É claro que não seria ele, é o Niall. -O que pensa que está fazendo? Ficou louca? - ele tira a faca da minha mão em questão de segundos e atira-a no chão.
-Você não tem o direito... - ele pega a minha cabeça e me faz encará-lo.
-Nunca mais faça isso entendeu? Eu só tenho você agora e não gostaria de perder três pessoas numa só data. - me abraça forte.
-Por quê se importa? - me afasto dele.
-Você é minha irmã esqueceu?
-Isso não significa nada. - olho pra ele.
-Elly. Isso significa tudo. - ele diz calmamente. -Eu sempre vou cuidar de você. - Abraço-o. Eu ainda tenho que contar pra ele, sobre tudo, tudo o que ele não sabe.
-Eu preciso te contar uma coisa. - nos afastamos. Não faço a mínima idéia de como fazer isso.
-É sobre o lance com o Luke? Eu já sei de tudo. - ele ri.
-Não. - falo grossa. -É sobre o seu pai. - quando digo "seu" ele dá um passo pra trás e me olha consufo.
-Nosso pai. - nego com a cabeça.
-Ele me contou tudo antes de morrer. - é impossível explicar a sua expressão, parece horrorizado. -E Niall, ele não apenas me batia...
-Não. - murmura. -NÃO. - grita e levo um susto. Vejo ele passar a mão no rosto e andar para um lado e por outro na cozinha. -Está mentindo.
-Por quê eu mentiria? - quase grito e ele me olha.
-Sabe como era a minha relação com o papai e só está fazendo isso pra me fazer sentir culpado. - nego.
-Está louco Niall? Eu não faria isso. - grito. Niall empurra a mesa no chão e passa a mão nos seus cabelos loiros.
-Não acredito. - ele aponta o dedo no meu rosto enquanto diz. Escuto barulho de sineres e arregalo os olhos pra ele.
-Você precisa sair daqui. - vou até a porta dos fundos e olho para trás pra dizer. Niall não diz nada, então eu apenas saio e corro. Quanto mais eu corro menos escuto as sineres e mais me preocupo com Niall, com o que ele pode fazer, com o que ele pode pensar sobre mim.
Não tenho pra onde ir. Enquanto ando pelas ruas, sinto meu estômago roncar e entro dentro de um supermercado. Vou na sessão de salgadinhos e enfio um pacote de doritos dentro do casaco. Respiro fundo e caminho para fora do supermercado, caminhando no estacionamento, ouço uma voz feminina me chamar.
-Elena. - Thery grita de longe. Merda. Não quero falar com ninguém agora, muito menos lidar com a doçura da Thery, toda essa inocência, dá vontade de vomitar. -Hey, tudo bem? - diz quando chega ao meu lado.
-E você? - prefiro não responder e ela percebe.
-Vou bem. Pra onde estava indo? - pergunta. Pra mim, ela é um pouco intrometida.
-Na verdade, não estava indo pra nenhum lugar. - começo a caminhar e ela me acompanha. Vejo algumas ambulâncias passando num vulto mas não ligo e continuo a andar.
-Então você poderia me acompanhar num jantar... juro que vai ser rápido. - diz empolgada. Eu juro que não quero ir, mas acho que um doritos não vai me encher, e um jantar seria ótimo.
-Se não for incomodar... - dou os ombros.
-Não vai. Só vai ser com umas amigas. - Amigas? Merda. Entramos no seu carro e ela começa a falar sobre o seu casamento com o Liam, que faltam três meses e ela está super empolgada. Eu não mereço escutar isso.
Quero abrir essa porta e me jogar.
-Eu vi o noticiário do seu pai hoje, eu sinto muito, não tive como dizer isso ontem... - interrompo.
-Ele não era meu pai. - digo e suspiro.
-Oh, eu... - ela parece sem palavras. Graças a Deus ela não fala nada até chegarmos num restaurante. Sinto-me desconfortável quando vejo todas as suas duas amigas totalmente arrumadas, elas parecerem duas minis barbies, mas só que uma é ruiva e a outra é alta e loira.
-Hey, quem é essa? - a loira pergunta.
-Elena. - digo friamente. A noite vai ser longa.
-Prazer, sou Karen. - a ruiva diz e estende a mão. Aperto por consideração, mas na verdade não fui com a cara de nenhuma das duas. Acabo por descobrir que o nome da loira é Stacey.
Isso parece coisa de filme, três amigas, cada uma com uma cor de cabelo diferente. Percebo os olhares da Stacey pra mim, acho que ela também não foi com a minha cara. Longos vinte minutos se passam e eu permaneço calada, apenas como meu macarrão com queijo. Meu celular vibra no bolso da jaqueta e pego-o. Pensava que tinha perdido ele, de tanto tempo que não mexo. É o Luke.
-Elena? Cadê você? - a voz dele é desesperada. As garotas olham pra mim e resolvo me afastar. Levanto da mesa e caminho até fora do restaurante.
-O que foi?
-O Niall. - ele parece desesperado.
-Huh? - estou morrendo de curiosidade.
-Ele... ele morreu.
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ELENA | H.S fanfiction |
RandomEla não é uma garota comum, ela não é mimada por todos a sua volta e ela não recebe presentes de Natal. Elena é uma garota que passou sua infância sendo abusada pelo pai, durante muito tempo ela foi tratada como lixo. Harry Styles pode mudar a sua...