Capítulo 8

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Harry acaba de deixar Liam em casa, e agora ele dirige para o sul da cidade, provavelmente para me deixar em casa, mas não estou nem um pouco afim de ir pra lá, apesar de já passar das cinco da manhã.

-Não me leva pra casa. - passo para o banco da frente com uma grande dificuldade, já que as minhas mãos estão algemadas.

-Por quê?

-Com certeza o Luke vai vim atrás de mim, e eu não quero ter que ouvir ele me dar um sermão agora. - falo. Gemo sentindo a dor das algemas rasgando a minha pele, vejo Harry tirando alguma coisa do porta-luvas e abrindo facilmente as algemas com o pequeno objeto estranho.

-Como você fez isso?

-Meu pai é delegado, ele me ensinou alguns truques. - tiro as algemas do meu pulso sentindo um grande alívio.
Se o pai dele é delegado, ele não deve ser tão rico assim. -Mas eu moro com o meu padrasto.

-Ah, entendi. - faço um coque com o cabelo e vejo Harry me olhando estranho, mesmo estando dirigindo. -O que foi?

-Nada. - ele cora. O carro para em uma espécie de estacionamento, mas um estacionamento vazio, por ser de madrugada. Queria saber o porquê que estamos aqui, mas esqueci que pedi pra ele não me levar pra casa.

O silêncio reina o lugar, e me viro para dormir, mas ele toca a pele nua do meu braço.

-Não durma ainda, quero que você veja uma coisa. - olho para ele, observando seus olhos verdes e cativantes. Ele aponta para o céu, agora, mais claro que do a minutos atrás.

Lá no horizonte, uma linha de luz dourada cobre o céu, segundos depois, o Sol aparece iluminando todo o céu lentamente, alinhando com a sua luz algumas nuvens no céu. Olho para o Harry, a luz dourada reflete seus olhos verdes, deixando-os num tom caramelo. Nunca vi uma coisa assim antes, nunca ninguém tinha me mostrado algo tão lindo assim, nunca tinha percebido que ver o Sol nascer era tão bonito. As pessoas sempre tiram fotos disso, mas sempre achava que era besteira, tirar foto de uma coisa tão natural, mas agora, é diferente, ver o Sol nascer é tão bonito, você se sente privilegiada quando ver algo assim, não sei que me sinto bem por ver isso, ou se me sinto bem por estar com ele agora, como se aqui me fizesse sentir em casa.

-É lindo não é? - sua voz grossa ao mesmo tempo suave pergunta. Observo o céu mais uma vez, o céu agora azul claro, com poucas nuvens, e um Sol dourado iluminando meu rosto.

-É muito mais que lindo. - me surpreendo com as palavras que usei.

...

Acordo com uma dor no pescoço, por ter dormido no carro do Harry, não que eu me importe por dormir aqui, não sou uma garota fresca, mas é estranho. Hoje o dia está quente, mais quente que o normal, não sei se é por quê o carro está todo fechado, ou se está quente mesmo. Harry dorme no banco ao lado, com os lábios levemente abertos.

-Hey. - cutuco-o. -Acorda. - seus olhos abrem lentamente e Harry leva um susto quando me vê, como se tivesse tido um pesadelo. -O que foi?

-Nada. - ele deixa um suspiro sair pelos lábios.

-Precisamos conversar. - cruzo meus braços.

-Conversar sobre oque? -rio.

-Você sabe. O que estava fazendo naquele galpão? - tenho certeza que ele não foi lá pra comprar drogas, Harry não seria capaz e não faz idéia onde poderia comprar drogas...

-Fui comprar drogas. - minha boca fica aberta.

-Não. - ele me olha entediado. -Você não entende Harry? Está acabando com si mesmo...

-Olha Elena, eu faço o que eu quiser, e não é você que vai me impedir de comprar drogas. - ele aponta o dedo na minha cara enquanto fala.

-Tá bom. - sorrio sem mostrar os dentes. -Ok Harry, vai nessa. - abro a porta do carro e saio dali. Cubro minha cabeça com o capuz do casaco e atravesso a rua. Ando entre as pessoas na calçada e caminho.

Por quê me importo tanto com ele?

Tudo bem, se ele quer acabar com a sua vida ele acaba, se ele quiser acabar com uma vida que muitos morrem para ter, ele acaba, mas quando ele quiser consertar a merda que fez, não vai adiantar, e eu não vou estar lá para dizer que ele foi um idiota. Ele acha só porquê está fazendo as mesmas coisas que eu a vida dele vai melhorar, mas eu só faço isso, porquê não tenho outra opção, não tenho dinheiro e nem pessoas que se importam comigo, não tenho jeito nessa vida e por mais que eu tente, nunca vou ser alguém.

-Elly. - ouço alguém me chamar. Olho pra trás e Joe corre até mim. Joe está diferente, usa outras roupas, roupas limpas, um crachá escrito seu nome amarrado no peito, a barba feita e sinto cheiro de colônia masculina vindo dele.

-Joe, como está? - sorrio pra ele.

-Melhor do que nunca. - começamos a caminhar. -Arranjei um emprego de zelador numa creche.

-Jura?

-Sim, e agora estou morando num quarto de hotel, até arranjar uma casa. Queria agradecer por tudo Elly. - ele me faz parar no meio da calçada.

-Agradecer?

-É claro, se não fosse por você, eu não sei onde estaria agora, você me ajudou quando eu mais precisei. - arqueio as sobrancelhas. -Lembra naquela noite fria, quando me trouxe um cobertor? É pela essas pequenas coisas que eu te agradeço.

-Não foi nada Joe, apenas fiz o meu papel. - sorrio.

-Se precisar de alguma coisa, estou morando no Glant Hotel.

-Ok, foi bom te ver. - Abraço-o.

-Tchau Elly. - vejo-o caminhar pela calçada e manda um sorriso simpático pra mim. Volto a caminhar pensando o quanto isso foi estranho.

Lembro da vez em que conheci Joe, ele estava bebendo num bar e eu também, começamos a conversar e quando descobri que ele era morador de rua, ajudei-o de tudo quer forma. Joe nunca tentou nada comigo e fico agradecida por isso, diz ele, que sempre foi apaixonado por uma garota desde os quinze anos, mas nunca entrou em detalhes, só disse que o nome dela era Mel.

Chego em casa batendo a porta da frente e me assusto vendo a casa toda revirada. Copos e pratos partidos jogados no chão e os móveis fora do lugar. Um retrato da minha mãe estava partido em cima do seu rosto jogado no meio da sala, pego-o e suspiro com raiva.

Essa era a única foto que tinha da minha mãe.

ELENA | H.S fanfiction |Onde histórias criam vida. Descubra agora