ELENA | H.S fanfiction |

Capítulo 10

Porquê estou abraçando ele?

Me afasto rapidamente e encaro-o.

-O que aconteceu? - ele me observa. -Por quê está chorando? - ele passa os dedos sobre a minha bochecha. Coro.

-Eu não quero falar sobre isso. - viro o rosto.

-Elena, consigo ver nos seus olhos, que por trás dessa garota marrenta, tem uma garota sensível e machucada, que precisa de alguém pra conversar. - ele diz no tom mais suave. Como ele pode me entender tão bem?

-Eu... - começo. -Melhor a gente procurar um lugar então.

-Vamos para o meu apartamento.

-Você tem um? - olho pra ele que tem um sorriso no rosto.

-Tenho, mas eu quase não vou lá.

...

Quando chegamos no seu apartamento, o lugar quase não tem móveis, mas tem um espelho enorme no canto da sala, um sofá vermelho pequeno, e uma TV de plasma grudada na parede. O apartamento é muito grande para poucos móveis, digamos que é um apartamento tamanho família, num condomínio chique.

-O que achou? - ele pergunta nervoso.

-Você mora aqui?

-Não... às vezes eu venho aqui quando quero ficar sozinho.

-Então você nunca trouxe ninguém aqui? - sento no sofá e ele faz que não com a cabeça sentando ao meu lado.

-Porquê você estava chorando? - encaro-o e suspiro. -Pode me contar o que quiser Ella.

-Porquê fica me chamando de Ella? - Harry olha pra baixo.

-Era o nome da minha irmã mais velha, ela me lembra você.

-O que aconteceu com ela?

-Ela morreu quando eu tinha dezesseis anos, ela tinha vinte e cinco anos de idade quando morreu de leucemia. - diz e abro a boca pra dizer algo mas travo, não queria tocar num assunto tão delicado, mas porquê ele me compara a ela.

-Eu sinto muito... - sussurro pra ele.

-Tá tudo bem, já faz tempo. - ele volta a sorrir.

-Mas porquê sou parecida com ela?

-Porquê ela era como você, não gostava que ninguém mandasse o que fazer, gostava das coisas do jeito dela, e não tentava ser outra pessoa. - sorrio de lado. Achei que fosse por um motivo negativo, é o que as pessoas dizem sobre mim, só coisas negativas.

-Ela também não tinha jeito na vida? - brinco e ele ri.

-Isso ela tinha. - fala. -Agora, você vai me contar porquê estava chorando. - olho pra baixo. -Eu te contei sobre a Ella, agora você vai me contar o que aconteceu.

-Não era nada Harry...

-Não, não, não. Conta vai, não deve ser tão ruim assim. - ele me faz olhar para ele puxando meu queixo.

-É pior do que você pensa.

-Tudo bem, não vou obrigar você a contar nada. - ele sorri e põe uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
-Está com fome? Acho que tem algo na geladeira. - ele levanta.

-Harry. - chamo-o. Ele se vira e volta a se sentar ao meu lado.

-O que foi?

-Eu descobri que o meu pai não é o meu pai. - seu rosto fica pálido, ele abre a boca várias vezes pra dizer alguma coisa mais não sai nada. -E foi da pior maneira possível. - ele molha os lábios. -Eu... - meus olhos lacrimejam, mas engulo o choro.

-Pode chorar Elena. - sua voz é tão suave e acolhedora, dá vontade de contar tudo, e chorar nos seus braços.

-Eu me sinto horrível. - digo suspirando. Essas são as palavras certas para o que eu estou sentindo agora, "horrível", esta é a palavra que me define desde o dia que eu nasci. -Como se eu fosse algo feito pra descarregar a raiva, como se eu fosse um saco de lixo.

-Não fala assim. Nunca mais. - ele diz num tom duro.

-E o que você sabe sobre mim Harry? - resmungo.

-Sei que você é uma garota que não acredita que tem um futuro, não acredita que tem alguém lá fora se importando com você, não acredita que você tem um motivo para viver nesse mundo, mas você tem Elena, e você, mesmo sendo marrenta, mesmo falando desse jeito, você quer alguém que se importe contigo, você quer um futuro, você quer um motivo pra viver nesse mundo. Então para de fingir que não se importa, você pode fazer tudo que quer se tentar. - fala.

Porra.

Ele espera a minha resposta, mas estou sem palavras. Harry levanta e entra numa porta grande, acho que é a cozinha. Me levanto do pequeno sofá e caminho até um espelho grande preso na parede.

Ele tem razão, tudo que ele disse, é verdade, ele só se esqueceu da onde eu vim, de onde eu cresci, de onde eu vivi. Eu finjo não me importar, para não ter que ficar lidando com essa dor, porquê eu estou sozinha nesse mundo e agora não tem como eu voltar pra casa. Nem sei se posso chamar aquilo de casa.

Dou um soco no espelho, quebrando em pedaços, deixando alguns rasgados nos meus dedos.

-Droga. - sussurro para mim mesma. Vejo Harry do outro lado da sala me olhando de boca aberta. -Desculpa. Eu precisava fazer isso. - coloco as mãos na cintura e falo.

Minutos depois, Harry me senta novamente no sofá e agora está passando um pano úmido sobre os pequenos cortes, já disse várias vezes que não era necessário, mas ele insiste em fazer isso.

-Nunca vi garota mais burra. - sussurra alto demais para eu perceber que ele está se referindo a mim.

-O que disse? - ele ri.

-Por quê quebrou o espelho? - ele me olha ainda limpando o sangue que escorria.

-Já disse que eu precisava fazer aquilo. E não vou pedir desculpa outra vez. - Harry revira os olhos. Ele faz um curativo na minha mão e depois me encara com raiva.

-O que foi?

-Eu adorava aquele espelho. - rio alto.

-Aposto que você tem dinheiro o suficiente para comprar dez iguais aqueles. - atiro.

-Porquê sempre fica jogando na minha cara que sou rico? - ele se aproxima de mim e sinto um frio na barriga, suspiro para relaxar.

-Porquê você é. - digo mais baixo.

-E isso importa pra você? - ele chega mais perto que posso sentir seu hálito de menta, deixando nossos rostos a centímetros de distância.

-Importa. Não gosto de riquinhos metido a besta no meu pé... - ele colide nossos lábios me pegando totalmenre desprevenida. Não vou tentar afastar, eu quero isso, e sentia falta da sintonia que a sua língua faz, da forma que ele me beija, de como só ele me faz sentir quando me beija tão lentamente e selvagem ao mesmo tempo.

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Elena e seus manias estranhas de quebrar as coisas. Espero que gostem.

Narlla Xx.