Capítulo 14

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-Que dia é hoje? - pergunto ao Harry enquanto andamos na casa do Luke, onde é a festa de hoje.

-27 de março, porquê?

-Droga. - sussurro.

-O que? - Harry me olha.

-Meu aniversário. - resmungo. -É amanhã. - ele arregala os olhos.

-E você reage assim? - rio. Sentamos no gramado no quintal da casa.

Aniversários me dão péssimas lembranças, no meu aniversário de seis anos, foi o mesmo dia em que meu pai bateu na minha mãe até a morte. Então todo dia 28 de março, eu costumo ficar quebrando as coisas, sei que isso é inútil, mas é que eu faço para acabar com a raiva.

-Odeio aniversários. - minto e tomo um gole da tequila quente.- Preciso de gelo. - tento levantar, mas Harry não deixa.

-Deixa que eu vou lá. - ele pega o meu copo rapidamente antes que eu possa impedi-lo. -Só segura a minha carteira e a minha chave. - fala e caminha para dentro da casa.

Ascendo um cigarro e badago profundamente, falta exatamente seis minutos para meia noite, dá pra imaginar? Daqui a seis minutos, exatamente a vinte anos atrás, minha mãe estava sendo espancada até a morte, por um homem em que pensei ser o meu pai durante toda minha vida.
Isso é irônico, ontem queria estar morta, e hoje voltei a fazer o que sempre faço, chego na festa, falo com pessoal, mas porquê sempre acabo no quintal, sentada no gramado apenas com o meu cigarro? Nunca muda e não vai mudar.

Meia noite e um.

E agora? É apenas uma data fodida na minha vida, o que importa se faço vinte anos hoje? O que realmente importa é que minha mãe morreu faz quatorze anos. Longos e terríveis quatorze anos, e durante todo esse tempo, só pude perceber que não sirvo pra nada, mas hoje não. Vou fazer uma coisa que não faço a anos.

Levanto do gramado seco e corro até a calçada, a mercedes benz do Harry, está estacionada do outro lado e corro até lá, abrindo-a e sentando no banco no banco do motorista. Ele nem vai saber que eu peguei o carro dele, e tomara que tenha gasolina. Ótimo, o tanque está cheio.

Ligo o rádio e piso fundo, indo até o cemitério da cidade, que fica a vinte minutos daqui.

I'm ready, I'm ready for better life.

Aumento o volume do rádio.

I know, I can be somebody, be somebody...

Canto a música dirigindo pela cidade, a noite está clara, mas não tem nem se quer um carro, apenas as luzes dos postes e os prédios iluminados. Finalmente chego no local, pulo o muro baixo facilmente e caminho até o túmulo da minha mãe. Não tem flores, nem nada, apenas seu nome.

A última vez que vim aqui, foi com dezessete anos, e vim por obrigação, Niall queria vir e tive que o acompanhar, mas na verdade, eu não quero vim aqui porquê eu não a amo, mas sim porquê odeio ter que lembrar do que ela passou. E estar aqui, não me faz sentir bem.

-Elena? - uma voz doce e familiar pergunta atrás de mim. Olho pra trás encaro Therise, tem seus cabelos negros num rabo de cavalo, e um casaco azul escuro. Thery sorri pra mim. -Veio visitar um parente?

-Sim. - digo e olho para o túmulo e depois para ela. -E você?

Por mais de não gostar de pessoas certinhas e riquinhas, eu gosto da Thery, ela não me faz sentir como uma inútil.

-Vim visitar o túmulo da minha prima. - diz timidamente. -Já estava de saída?

-Já. - não consigo ser grossa com essa garota.

ELENA | H.S fanfiction |Onde histórias criam vida. Descubra agora