Capítulo 32 - Em Família

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— Desgraçada. Finalmente apareceu! – Ian gritou a plenos pulmões.

Julliette permaneceu imóvel e isso ela sabia fazer como ninguém. Ficou ali parada, observando os cinco assustados se aninhando como um grupo de filhotes desesperados que se perdeu da mãe.

— Vocês vieram sozinhos. Como previsto por ele – disse a velha.

— Do que você está falando? – perguntou Ian.

— Essa juventude é mesmo tão burra – o sorriso aumentou, puxando as rugas de forma assustadora pelo rosto e revelando dentes amarelados e foscos.

— Os olhos dela brilharam mesmo daquela vez – pensou Higino, ao lembrar do dia em que ela e a filha foram jantar em sua casa. O brilho sinistro estava de volta, mais firme do que nunca.

— Vocês estão aqui porque deveriam estar. Foram induzidos a virem. São tão ingênuos que acreditaram estar fazendo isso por vontade própria – ela deu uma risada velha e rançosa, mexendo os ombros com preguiça.

— O quê? – indagou Mabel e a garota sentiu o medo trovejar em sua mente.

— Vocês têm medo de altura? – perguntou Julliette.

Ao ouvirem a mulher falar, eles lembraram que estavam muitos metros acima do solo.

— Uma queda daqui e vocês já chegam mortos ao chão – ela disse.

— Ninguém vai cair daqui! – gritou Mabel.

— Você é tão atrevida quanto seu pai, garotinha.

— Você... conhece meu pai?

— De longe, assim como já conhecia Ricardo de longe também.

Higino olhou para a irmã. Eles franziram a testa:

— O que isso quer dizer? – ele perguntou.

— Já estava de olho nos pais de vocês antes de vocês nascerem. Caroline era perigosa. Ela descobriu tudo. Mas ele deu um jeito nela.

— Desgraçada! – Higino gritou e avançou.

— Silêncio – ela fez um movimento com as mãos e um feixe grosso de luz partiu dela. - Estrada Reluzente!

Higino foi arremessado para trás com facilidade pelo golpe, sendo amparado por Norah e Ian. O garoto sentiu dor. Julliette continuou:

— Fui a principal encarregada de tomar conta de todos vocês durante esses anos todos. E não estava sozinha nessa tarefa. Tive a ajuda de alguns rapazes. Vocês conheceram todos eles. Mataram um, inclusive.

— Marcus... – completou Ian.

Julliette assentiu com sarcasmo.

— E Napoleon! – gritou Rafaelo. – nós sabemos que ele é cúmplice de Zero, assim como você!

Julliette gargalhou em um som fantasmagórico. O som de outras gargalhadas se juntaram às dela. Uma era mais grave e outra mais aguda. Ian e os outros viram duas sombras surgirem uma de cada lado da velha. E os rostos que apareceram também eram familiares. Um misto de raiva enlouquecida e cansaço estampava as expressões dos irmãos Benício e Gabriel.

— Senti sua falta – disse Benício com deboche para Rafaelo, lançando de imediato um globo mineral que por pouco não atingiu o garoto.

Os Descendentes e a Ferida da Terra (Livro Um)Onde histórias criam vida. Descubra agora