Ian estava sentado em um dos bancos de pedra perto do chafariz, no pátio da Ala Principal. Havia chegado a hora de voltar para casa e ele ficou um tempo admirando o cenário, antes de partir. Sete-Vidas estava aninhado em seu colo, recebendo carinho atrás da orelha pontuda. O garoto não se incomodou com alguns olhares curiosos que caíam sobre ele. Estava mergulhado em pensamentos.
Desde que voltaram da Ferida da Terra, há poucas horas, os cinco surgiram bruscamente no salão do primeiro andar da Ala Principal, caindo do alto e na frente de todos, depois de uma fenda dimensional abrir e causar pavor nas pessoas que transitavam.
No meio da gritaria e da confusão, eles avistaram os guardas chegando, confusos ao verem Cosmos no chão, sem camisa e berrando de dor. Ian e os outros quatro atropelaram as palavras, pedindo que o Regente fosse preso, ao mesmo tempo que quase ordenaram que chamassem Isla e Estéfano.
Muitos homens estavam hesitantes diante do pedido de prisão, mas com os gritos de Estão esperando o quê, idiotas? de Norah, eles saíram da inércia e ergueram Cosmos, que alternou os urros com risadas loucas. Isla chegou minutos depois, amparada por Estéfano, já que a mulher ainda se recuperava do ferimento causado por Benício.
Cosmos foi arrastado pelos braços e ao topar com a mulher, escancarou um sorriso malicioso. Isso foi o bastante para Isla perceber, estarrecida, que de fato ele tinha feito algo errado.
— Malditos! Todos vocês! Eu sou o Regente deste continente! Me soltem! Sou Descendente de Erin!
Com espanto, Estéfano ouviu os impropérios, imóvel. Em seguida correu até Mabel e os outros. Rapidamente os cinco foram retirados do local, cercados por uma multidão de curiosos, enquanto a voz de Cosmos sumia ao fundo, ainda exclamando seu status.
Nenhum dos adolescentes foi receber atenção médica. A situação era grave demais. Foram até a Sala da Regência, onde tiveram uma reunião de emergência com os quatro Dirigentes.
Williana, Astrodeus, Pinka e Rufus não acreditaram de primeira na palavra dos jovens recém-chegados de outro continente. Só quando Isla e Estéfano se posicionaram em favor de Ian e dos outros, eles ficaram menos resistentes ao ocorrido. Estéfano estava particularmente irritado por Mabel ter saído escondido e pela filha estar exposta tendo que dar explicações em vez de estar na ala hospitalar recebendo cuidados.
— Como pudemos ser enganados com tamanha facilidade? – questionou Williana, disfarçando a expressão preocupada.
— Bem na nossa frente! – resmungou Pinka.
— Nunca confiei nele, para falar a verdade – disse Astrodeus e Rufus lançou-lhe um olhar de descrença:
— Até parece – rebateu para o Dirigente.
— Vou fazer um comunicado urgente para as pessoas de
Cerúlea – disse Williana com gravidade.
— Farei o mesmo aqui em Lin – concordou Pinka.
— Eu também, aqui em Magnólia – reforçou Rufus.
— As pessoas aqui em Astra ficarão chocadas – disse Astrodeus com reprovação.
— E quem não está chocado, Dirigente? – Isla perguntou com pesar.
Outro grande choque veio quando Ian contou ser filho de Cosmos. Ele ainda ouviu Isla dizer Bem que eu tinha achado seu rosto familiar e pouco depois lembrou que ela fizera o comentário quando ele conheceu a Casa da Costa.
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Os Descendentes e a Ferida da Terra (Livro Um)
FantasyA Ferida da Terra precisa ser contida. O tempo corre. A situação piora. Mas o que ela é, Ian não sabe. Ele não sabia nem mesmo da existência de um novo continente, vizinho ao Brasil, assustadoramente mascarado por uma magia que não poderia ser denom...