Meus pais desceram com a gente e o carro de Beto estava lá. Disseram para Nicolas dirigir com cuidado e eu estranhei logo de cara esta atitude. Aniversário na minha casa era meio sagrado, eu podia passar com Sara, mas meus pais tinham que estar juntos também.
Minha desconfiança foi levada embora quando comecei a reconhecer o caminho que Nicolas estava fazendo. Sara estava sentada no banco da frente e tentava sem sucesso me distrair, mas logo que vi a ponta arredonda eu reconheci o museu de arte mais famoso do país.
– Nós vamos começar com um museu? – Nicolas suspirou e eu sorri. – Achei que nenhum de vocês curtissem isso.
– O aniversário é seu – disse e pelo retrovisor eu vi seu sorriso de canto.
Nunca fui exatamente uma fã de museus, mas estava tendo uma exposição de desenhos contemporâneos e de grafite e posso afirmar com certeza que passamos duas horas ali dentro aproveitando absolutamente tudo. Quando voltamos para o carro, Nicolas colocou um pendrive no radio e seguimos escutando um solo de guitarra simplesmente perfeito.
– Onde encontrou isso? – Perguntei vendo Sara aproveitar a batida batendo com as unhas pintadas no porta-luvas.
– Se você se refere a música, eu só posso dizer que eles merecem mais reconhecimento.
– Eles são gênios – murmurei e nós dois nos focamos no caminho. Meu estomago roncou e em pouco tempo paramos de frente a uma casinha de dois andares com paredes rosa e só faltava o babado para ficar mais "menininha".
Estranhei o lugar, mas não era tão enjoativo por dentro. Sara me comprou um cupcake e colocamos uma velinha em cima dele ali. Não cantamos nada por que eu não deixei. Imagine a vergonha que eu sentiria. Enfim, era quase almoço e quando achei que os dois tinham acabado com todo o turismo, Nicolas dirigiu até a loja de CDs e colecionáveis da cidade.
– É sério isso? Não acham que estão gastando muito comigo? – O sorriso não conseguia sair da minha cara e Sara riu.
Não esperei por resposta e não faço ideia de quanto tempo passamos ali. O cheiro de LP e caixas velhas tomava conta do lugar, mas era bem moderno em questão de decoração. Cada tesouro que eu achava ali, Nicolas vinha ver animado e praticamente dando uma aula sobre bandas antigas. Era divertido ver que ele entendia perfeitamente do que estava falando e que ficava feliz em ver que eu estava interessada em saber.
Voltamos para o carro sem comprar nada. O preço pode ser justificável, mas isso infelizmente não deixa aquelas relíquias mais acessíveis para mim. Fomos então para a casa de Sara onde estavam os pais dela e os meus com uma mesa montada.
O prato principal era obviamente macarrão, mas depois do dia que eu tive não seria a "variedade" na culinária da minha mãe que me tiraria do sério. Comemos devagar e eu gostaria de poder dizer que não houve clima estranho, mas ninguém é de ferro... Principalmente Sara.
Todo momento em que o silêncio se instalava na mesa, uma sensação quase palpável se desconforto se formava. O colar pesava em meu pescoço e eu toquei a corrente levemente sem tirá-lo de baixo da camiseta.
Quando terminamos, Sara ficou de tirar a mesa e eu disse que andaria um pouco. O clima estava bom e o por do sol estava começando, mesmo com todos os prédios, ele ainda era lindo.
Então Nicolas me seguiu até a porta. A abriu para mim e ignorou a pergunta em meu olhar dando-me passagem para fora. Decidida a não contraria-lo tão de cara, apenas sai e o observei fechar a porta atrás de si.
O céu estava como eu imaginei. Tons leves de rosa e muitos de laranja, nuvens esparsas e quase transparentes. Uma brisa leve constituía o momento e eu registrei em minha memória que este era um dos melhores aniversários que já tive.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dilema
RomanceRoxy sempre teve um temperamento explosivo e quando se tratava de Sara, sua melhor amiga, nada a impedia de defendê-la. Mas quando o irmão de Sara aparece e a maior briga de suas vidas acontece, Roxy começa a enfrentar sentimentos que nunca havia i...