Ele observou Roxy sair batendo a porta e com um suspiro se virou para ir à cozinha. Com passos lentos, ele pegou um copo de água já que se encontrou com a garganta seca após a "conversa" que teve há instantes. Sua cabeça latejava do lado direito e perguntou-se como podia ser tão burro. Burro ao ponto de achar que ela acreditaria que estava arrependido tão fácil.
Ele, na verdade, não estava tão arrependido quanto dizia. Sabia que tinha feito merda, que Sara ainda era a sua irmã e que foi completamente idiota o que fez, mas ele era orgulhoso demais para que aceitasse em seu coração completamente que estava errado.
Entenda que ele não era uma pessoa com um bom gênio e para completar era muito orgulhoso. Nunca imaginaria que estaria dizendo tão abertamente que estava arrependido para Roxy ou para Sara – que insistia em simplesmente ignorar seus pedidos de desculpa – não entendia por que estava tentando tanto. Passou a mão nos cabelos.
Tinha que cortar o cabelo, estava grande demais. Aquilo estava apenas trazendo memórias ruins. Ouviu a porta da frente e soube que era sua mãe. Esperou na cozinha, encostando o quadril na bancada e brincando com o elástico preto de cabelo.
– O que foi? – sua mãe tinha um tom cansado e ele sabia que ainda estava magoada. – Está cabisbaixo – mas não deixava de ser sua mãe.
– Eu quero cortar o cabelo – disse simplesmente.
– Claro – ela pegou a carteira e deu dinheiro para ele. – Tem um salão aqui na esquina, você sabe onde fica. Estão abertos agora e não está cheio.
– Valeu – ele amarrou o cabelo e pegou o dinheiro da mão dela. – Já volto.
– Ok – foi a resposta dela.
Enquanto Nicolas saía da casa em direção ao salão simples e vazio da rua, Sara estava em seu quarto com seu laptop em cima da mesa e com a música num volume baixo. Gostava daquele estilo de música mais calmo, a fazia se lembrar de como Roxy reage ao escutá-las. Um pequeno sorriso de lado e aquele olhar um pouco perdido.
Conseguia identificar logo quando ela gostava da música ou só dizia que tinha curtido apenas para agradar. O olhar dela entregava tudo. Quando gostava da música, seu olhar brilhava um pouco e ela parecia conter algo do mundo inteiro, apenas guardado em seus pensamentos, mas quando não gostava era apenas um sorriso e um "a música é bem legal" que Sara obtinha.
Ainda bem que a maioria das músicas que mostrava, Roxy gostava. Passou a mostrar cada vez mais músicas para ela para poder descobrir o que escondia aquele olhar misterioso.
Quando se tratava de Roxy, Sara queria descobrir tudo.
O que a fazia sorrir, rir, chorar, suspirar e até mesmo gritar. Começou a ter essa necessidade a partir do momento em que deu a ela o apelido de Rexy. Sempre a considerou sua melhor amiga, mas aquilo foi algo que a atou a Roxy de tal forma que não conseguia mais passar mais de um dia sem falar com ela.
Este período brigadas a fez tão mal que não conseguia comer. Era tudo culpa dela e isso somente piorou a situação. De verdade, ela não sabia por que tinha dito tudo aquilo. Roxy sempre fez as coisas para o seu bem, para que fosse feliz. Segurou-se tantas vezes antes de partir para cima de alguém por causa do seu toque, do seu pedido e deveria entender que o que Nicolas fez foi o cúmulo de tudo.
– Toque – disse a palavra em voz alta, enquanto a música parecia murmurar.
Estava andando de um lado para o outro pensando e analisando aquela palavra até que resolveu entrar no site da escola para descobrir quantos dias aguardavam o ensino médio. Viu também que receberiam os livros no colégio e com um suspiro pensou que tudo o que é bom dura pouco.
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Dilema
RomansaRoxy sempre teve um temperamento explosivo e quando se tratava de Sara, sua melhor amiga, nada a impedia de defendê-la. Mas quando o irmão de Sara aparece e a maior briga de suas vidas acontece, Roxy começa a enfrentar sentimentos que nunca havia i...