Menina do nome estranho

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O dia seguinte não era para ter grupo, mas todos se reuniram na quadra para decidirmos de vez como as coisas ficariam. Nuno não estava lá e quando perguntei por ele para Osvaldo, ele me avisou que estava com mais duas garotas do teatro no laboratório de informática vendo os móveis para as cenas iniciais.

E então eu a vi chegando.

Ravena praticamente era o meu contrário. Alta, cintura fina, quadril e busto cheios, cabelos longos escuros e parece que até o uniforme da escola foi feito para acentuar suas curvas. Minhas sobrancelhas formaram arcos e Sara acenou para mim, mas não andou em minha direção.

O propósito daquela reunião era decidir pontos para a peça e não ficar confraternizando, certo? Certo.

Eu estava decidida a não me importar com aquilo, mas Ravena estava com suas mãos por muito tempo em Sara e falava muito perto dela. Meu estômago revirou quando ela riu e seu corpo se inclinou ainda mais para cima dela.

Contendo a estúpida vontade de correr para tirar satisfações com aquela garota, me juntei às pessoas que eu deveria trabalhar. O tempo se arrastou e eu não conseguia conter umas olhadelas para onde Sara estava. Repreendi a mim mesma várias vezes por pensar que ela estava muito feliz conversando com aquela garota. Ravena tinha, além do nome, um jeito muito estranho. Para ajudar alguém não é preciso ficar tocando a pessoa toda hora.

Eu não estou exagerando.

– Roxy, certo? – Escutei uma voz masculina atrás de mim e levantei meu rosto para encontrar um rapaz alto de pele escura e cabeça raspada. – Sou João Marcos, vou ajudar vocês.

Apenas assenti e guardei para mim o pensamento de que não preciso saber o nome de ninguém para desempenhar meu trabalho.

– Então... É amiga de Sara?

Para que ficar puxando assunto comigo? Eu definitivamente não estava com bom humor e nem vontade de papear coisas inúteis com ele. Quanto mais cedo terminarmos tudo, melhor seria.

– Sim. O que temos que fazer?

Meu tom indicava impaciência e eu não me arrependo disso. Ele percebeu meu humor e fechou a expressão. A partir daí as coisas correram como eu queria. Completamente objetivas e sem paradas desnecessárias, perdi na verdade até a noção do tempo e levei um susto quando senti dois toques no meu ombro.

– Parece bem concentrada.

Virei-me e dei de cara com Nuno. Não sei a expressão que fiz, mas ele riu.

– Desculpe decepcioná-la, mas sua namoradinha continua ali.

– Não estou decepcionada e, pela última vez, Sara não é minha namorada.

– E você não está toda irritadinha por motivo nenhum. – Arqueou a sobrancelha e eu revirei meus olhos. João Marcos e as meninas nos olharam de canto de olho e eu decidida a ignorá-los cobrei de Nuno algum motivo para estar ali. – Bom, nós terminamos as coisas lá e vamos pegar um carro para ir buscar as coisas hoje mesmo. Vim perguntar se está com vontade de ir.

– O que? Para onde vocês vão?

– Vamos numa marcenaria a uns vinte minutos daqui. Parece que o pessoal lá tem praticamente tudo que precisamos.

Olhei para a direção de Sara e para meu pequeno grupo e decidi que qualquer coisa era melhor do que aquilo.

– Claro.

Levantei da cadeira e deixei os papéis em ordem antes de pegar minha mochila e acompanhar Nuno. Enquanto andávamos, seu celular tocou e sua testa franziu. Achei aquilo um pouco estranhei, mas não perguntei nada quando ele desligou a chamada.

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