Como posso ser tão idiota?

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– Você não entenderia de qualquer jeito! – ela continuava a gritar.

– Quem não entende é você! – Eu respondi na mesma altura. – Eu estava conversando com ele!

– Ah! – Ela fez um gesto exasperado com os braços e eu não conseguia entender aquilo. – Conversando? Daquele jeito? Eu te conheço há tempo demais para identificar o jeito que você olha para quem é apenas seu amigo! Você piscou para ele! E, acredite em mim, amiga, que aquilo não era um olhar amigo.

– Mas que merda você está dizendo? – Eu esmurrei a mesa e, aquela altura do campeonato, eu estava pouco me fudendo para minhas pernas bambeando. – Na verdade... Quem é você para dizer qualquer coisa quando ainda fica conversando sem parar com aquela puta da Ravena?!

– Puta?! Olha como você fala! Ela é minha amiga!

– Nossa. – Nunca usei de tanta ironia na minha vida. – Que bela amiga você tem, Sara. A garota que fica importunando e fazendo ameaçazinhas a qualquer pessoa.

– Você não faz ideia do que está falando...

– Ah não sei? Bom, que seja, mas ela veio me falando que você disse para ela que eu sou... Quais foram as palavras dela? Geniosa? Ah pelo amor de Deus, Sara.

– Eu apenas comentei que você... – Ela se calou e seu rosto vermelho não mentia. Ela tinha mesmo falado sobre mim para ela. – Mas você não tem moral nenhuma para falar para mim sobre as minhas amizades. Na verdade, eu não estou mais te reconhecendo! A Rexy que eu conheço nunca sairia com pessoas assim!

– Assim como Sara?! O que parece que você não me conhece tanto assim! Eu mudei? Agora só por que eu faço uma nova amizade eu estou irreconhecível?! Nuno é apenas a porra de um amigo!

– Ah é?! Você nunca fez amigo fácil desse jeito. – Ela estava me acusando de um jeito que eu simplesmente não entendia. – Agora passa três, quatro meses e vocês já são melhores amigos?!

– Eu estava discutindo sobre a porra do clube de artes. Por que você só está olhando para mim e nem vendo o modo como a tal da Ravena te olha?! – Finquei as minhas unhas na minha própria mão. Talvez a dor me acalmasse. – Caralho, Sara. Por que diabos você está me atacando desse jeito?! Mesmo que ele não fosse um amigo... Na verdade, mesmo que eu estivesse apaixonada, não seria o papel de uma amiga ficar feliz por eu ter encontrado alguém que goste?! – Minha mente rodopiava e nada melhorou quando Sara me dirigiu um olhar furioso.

– Quer saber? Eu cansei de esperar você notar. – Ela deu dois passos largos na minha direção. – . O motivo pelo qual Ravena nunca me olharia assim é bem simples e eu nunca vou ficar feliz por você numa coisa dessa por algo que eu imaginei ser óbvio, mas... Pelo visto não é.

De repente ela se aproximou sua boca da minha e ficamos cara a cara. Eu conseguia sentir aquele aroma típico dela, aquele cheiro doce que era ao mesmo tempo amadeirado. O calor do rosto dela e o meu pareciam se mesclar quando finalmente eles se tocaram. Era uma sensação que fez meu coração parar de bater.

Sua boca não estava molhada demais e nem seca demais, mas estava quente. Eu conseguia sentir seu coração bater e acho que isso me fez notar o que estávamos realmente fazendo. Mas eu não queria parar. Eu não queria parar aquele selinho quente e que aos poucos se tornou em um beijo de verdade quando ela pediu passagem com a ponta da língua e eu além de conceder levei minha mão gelada até sua nuca sentindo seu corpo se arrepiar todo.

Um calor corria o meu corpo inteiro e tudo o que eu mais queria era beijá-la e beijá-la sem parar. Uma de suas mãos foi direto para a minha cintura e me puxou para mais perto, a mão dela se encaixava perfeitamente na curva do meu quadril e senti, então, sua outra mão levantando levemente a barra da minha camiseta.

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