Obrigada

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Entrei no apartamento e agradeci por meus pais estarem viajando. Minha mãe com certeza perguntaria por que eu estava com aquela cara e só de imaginar o trabalho que daria para explicar... 

Fui ao banheiro só para checar se o que eu estava sentindo era verdade. Minhas bochechas estavam vermelhas como pimentões e meu coração batia muito rápido. Respirei fundo e disse a mim mesma de que era apenas uma reação normal, afinal, eu descobri que Sara não me odiava e ainda acreditava que a culpa era dela.

Assim que pensei nisso meu coração acalmou o passo e minha respiração ficou um pouco mais regulada. Sara. Somente pensar nela e que ainda poderíamos voltar a sermos amigas me deixou feliz. Já que eu estava ali resolvi tomar um banho.

Desenvolvi o hábito de sempre que meus pais não estavam em casa de tomar banho com a porta do banheiro aberta. Dava-me uma sensação de liberdade. Peguei meu celular e coloquei em A Lonely September para repetir. Tirei a roupa e entrei no chuveiro, abrindo a torneira da água quente. Estava estranhamente frio desde manhã e a água quente sempre me deu uma sensação de aconchego.

Aconchego é uma palavra engraçada, pensei, sentindo a água cair na minha pele. Fiquei vagando com meus pensamentos, imaginando coisas inúteis e demorando muito mais do que o planejado no banho. A água ta acabando, porra. Fechei então o chuveiro e percebi que tinha esquecido a toalha. Bufei e abri o Box, instantaneamente gritando.

Sara estava no batente da porta segurando a toalha azul. 

Ela tinha a chave da porta do meu apartamento assim como eu tinha da casa dela. Ela riu e me estendeu a toalha enquanto eu parecia que estava tendo um ataque cardíaco. Era sério, eu realmente me assustei. Coloquei meu braço na frente dos meus seios e arfei.

– Calma, Roxy, sou só eu – ela piscou. – Não é como se eu já não tivesse te visto pelada antes. Aqui, pega logo a toalha antes que fique resfriada.

Claro que nós já tínhamos nos visto peladas, mas isso não mudava o fato de que seu corpo era melhor que eu meu em basicamente tudo. Ela tinha seios maiores, uma cintura mais fina e uma pele perfeita. Claro que isso se devia de seu cuidado com ela, passava cremes e todos esses negócios. Eu já nunca tive paciência para essas coisas e não me incomodava realmente com isso. Mas mesmo assim... dava um pouco de vergonha.

Peguei a toalha da mão dela com força, me enrolei nela e sai completamente do Box. Sara, entretanto, não saiu da minha frente para me dar passagem. Ela era pouco maior do que eu, dois ou três centímetros no máximo, mas parecia bem mais alta naquele momento. 

Eu não aguentei encará-la e baixei meu olhar logo escutando o suspiro dela.

– Nicolas me contou o que aconteceu hoje. Acho que eu não deveria estar surpresa com o fato de que você achou que a culpa era sua. Isso é tão a sua cara.

– Minha cara?! Eu quase não acreditei quando ele me disse que achava que a culpa era sua, Sara! – minha voz aumentou e ela encolheu os ombros. – Fui eu quem quebrou o nariz dele! Tudo o que você disse não estava errado... – minha voz diminui na última frase e meus olhos também foram para o chão.

– Para, Roxy! – ela exclamou e pegou o meu queixo com a mão. – Não importa o quanto brava eu estava, as coisas que eu disse nunca serão verdade! Quando você saiu por aquela porta e entrou naquele ônibus... – ela suspirou e percebi que os olhos dela também estavam inchados, ela também estava chorando. – Eu estava assustada Roxy... me desculpa – ela fungou e eu me derreti. – Eu estava assustada porque meu único irmão estava me rejeitando e que minha melhor amiga queria fazer algo para dar um jeito nele... isso me assustou, Roxy... me desculpa – ela soluçou.

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