Nem tudo é um conto de fadas

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Por Luna

Já fazem quase três meses que estou nos Estados Unidos. E pelas minhas contas, quase quatro de gravidez, minha barriga ainda está muito pequena o que me preocupa.

Estudei medicina e sei que isso não pode ser um bom sinal. Desde que sai daquele hospital nunca mais botei os pés naquele lugar.

Encontrei um apartamentozinho para morar, ele tem apenas um cômodo, e um banheiro. Mas é o suficiente para mim. Fica no subúrbio em Dorchester, apesar da fama de perigoso, até que até agora está tudo calmo por aqui.

Apesar de todo esse tempo, eu não consegui arranjar um hospital para fazer a minha residência, parece que o infeliz do doutor Williams cumpriu a ameaça de não me deixar conseguir uma residência em nenhum hospital.

A verdade é que minhas economias acabaram e agora eu estou nas mãos de Deus.

Não tenho me alimentado direito, primeiro porque não consigo comer quase nada, ainda devido aos enjoos, e segundo porque não tenho mais dinheiro para comprar comida.

Tive que dá boa parte das minhas economias como adiantamento de aluguel do muquifo onde moro. Porque ali está longe de ser um apartamento descente.

Sinto tanta falta do meu apartamento no Canadá, das minhas coisas, da Alex e do Vico.

Eu tenho falado sempre que posso com eles. Alex além de está fazendo sua residência em oncologia, está ajudando o pai na administração do hospital, e o Victor está super envolvido no hospital de Sidney, ele tem assumido casos cada vez mais complicados e sendo muito elogiado por seu bom trabalho.

Eu não tenho dito para eles sobre o que tem acontecido comigo. Não quero preocupa-los, porque eu sei que caso um dos dois soubessem minha real situação, eles viriam correndo me encontrar, e me arrastar de volta para Vancouver, e isso eu não quero.

Eles acham que eu estou fazendo minha residência no hospital do desgraçado do Williams, eu os fiz acreditar que tudo está bem, mas não está.

Eu estou andando a horas atrás de emprego, faz mais de um mês que eu procuro e nada!

Hoje está sendo um dia péssimo, neva muito e minha barriga parece que está grudando nas minhas costelas.

Ontem eu não almocei e jantei o último pacote de bolacha água e sal que eu tinha. Café da manhã nem sei o que é isso mais.

Agora estou aqui andando a horas porque também não tenho dinheiro para transporte.

Olho para o lado e vejo uma placa em um bar, "precisa-se de ajudante".

Ué, não custa nada tentar?!

Eu vou até o bar e entro, está tudo uma zona como se houvesse passado um furacão por aqui. Vejo que tem uma moça com uma vassoura na mão, ela varre o chão do outro lado do bar e parece usar fones de ouvido, porque não me ouve chamar e não percebe minha aproximação.

-Olá? – eu falo tocando em seu braço e ela pula de susto.

-OUUU tá louca?- ela tira os fones de ouvido irritada.

-Desculpa mas eu chamei e você não me respondeu. – falo sem jeito.

-Tá, tá! o que você quer? Não tenho tempo a perder com pedintes.- grossa!

-Não sou uma pedinte! –falo erguendo o queixo.-Eu vim aqui pela vaga de ajudante.- ela me olha de cima a baixo e grita.

-CAL...CAL???

-DÁ PRA PARAR DE GRITAR SUA LOUCA?- fala um homem baixo e gordo e calvo, ele parece ser bem rabugento.

-Essa garota aqui está atrás da vaga de ajudante. – ela fala apontando para mim. Ele me olha de cima a baixo e fala.

-Você está interessada na vaga de ajudante?- ele me pergunta.

-Sim senhor. –eu respondo nada confortável enquanto ele me analisa.

-Éh... deve servir! Janety explique a ela tudo o que vai ter que fazer. Você está contratada!. –ele fala e sai. Sem me dizer quanto vou ganhar, qual a minha função, o que eu tenho direito.

Bem melhor não reclamar, essa foi a única coisa que eu consegui, desde que cheguei aqui, então vamos lá Luna, não é hora para chiliques, você nunca teve medo de trabalho duro.

Não vai começar agora!

A criatura que eu vi varrendo,  se chama Janety, ela me explicou tudo o que eu tinha que fazer, ou melhor ela foi me dando ordens. E

u simplesmente lavei e esfreguei o chão, lavei pilhas de copos sujos, arrumei o deposito, carreguei várias caixas pesadas de um lado para o outro do deposito.

Organizei bebidas no bar, arrumei as mesas e as cadeiras e agora estou aqui servindo mesas. Estou muito cansada, morrendo de fome, mas não reclamo, eu preciso desse trabalho.

A Janety é a bartender, ela serve as bebidas e eu fico encarregada das mesas, na verdade eu e outra garota que foi bem mais simpática comigo que a nojenta da Janety.

Ela me contou que aqui eles pagam por semana, e o valor é uma mixaria, mas na minha situação não dá para recusar nada.

O nome dela é Gracy e ela me disse que tem alguns clientes que dão gorjeta, não é lá essas coisas, pois ali é um bar de quinta, mas dá para aguentar. Também me disse que a outra garota, que saiu e que agora eu estou no lugar, foi embora porque não aguentou ser tratada como escrava, pois o meu trabalho tinha o nome de "ajudante" porque eu seria uma espécie de "faz tudo".

Ela disse que não é uma "faz tudo" também, porque tem outro trabalho durante o dia, e o tal de Cal sabe que não é fácil encontrar alguém que tope tudo.

Eu já perdi a conta de quantas mesas servi, meus pés estão me matando, sem contar que eu tô sentindo uma dorzinha incômoda, como uma cólica embaixo do meu ventre, eu tento afastar a preocupação.

Estou levando mais uma rodada de cerveja para uns caras que já estão pra lá de bêbados em uma das mesas.

A verdade é que o cheiro da bebida e do cigarro barato me enjoam, mas como não tenho o que botar para fora pois não comi nada hoje, eu aguento a ânsia de vômito.

Quando estou depositando uma das cervejas em frente a um dos homens, o cara que parecia ser o líder do grupo passa mão nas minhas costas.

Com um movimento reflexo, eu dou um tapa na mão dele.

-Olha a potranca é selvagem...- os outros idiotas riem.- Vou adorar te domar.- antes que eu possa me virar ele me agarra e me senta em seu colo tentando me beijar, eu grito para ele me largar mas os outros homens apenas riem do meu desespero. Eu me debato e acabo arranhando um olho dele e ele me solta.

-AIII SUA VADIA SAFADA! VOCÊ VAI ME PAGAR. –ele tenta me agarrar mas eu corro, ele acaba me emburrando e eu taco minha barriga em uma das mesas.

A dor que me atinge é terrível, eu grito por cima da música alta. O bêbado agarra o meu cabelo e nesse momento vejo ele ser atacado por um outro cara.

Não sei o que acontece, de repende é tudo uma confusão de mesas e cadeiras voando por todos os lados.

Sinto braços me puxarem para fora. A gritaria e o barulho de vidro quebrado é deixado para trás quando o frio gelado da noite me atinge.

-Luna você está me ouvindo? – ouço a voz de grace mas não consigo responder, sou atingida por uma nova onda de dor no meu ventre. –LUNA FALA COMIGO!- ouço ela gritar mas a dor é insuportável.

-Meu...bebê...gra..cy...meu be...bê. –é tudo o que consigo falar antes de apagar.

Absolutamente Entregue a Você Onde histórias criam vida. Descubra agora