Aniversário

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Por Luna

A semana passou como um furacão sobre mim.

A chegada do Benjamin mudou tudo, virou minha vida de cabeça para baixo.

Ter que trabalhar ao lado dele está cada dia mais complicado, não porque ele tenha me atrapalhado ou tenhamos discutido -com exceção do dia que ele chegou-, ao contrário ele tem sido gentil, prestativo e não só tem me ajudado no caso do Lucas, mas também com outros pacientes.

E tudo isso sem me pedir nada em troca. No começo eu não queria que ele intervisse me meu trabalho, mas por fim acabei cedendo. Ajuda é sempre bem vinda, mesmo vindo de quem veio.

Ele não tem me perguntado sobre amorinha, mas tio Viccenso faz questão de mante-lo informado. E quanto a isso eu não posso fazer nada, porque titio é um avô babão e falar da minha filha é motivo de orgulho para ele, sem contar que ele não faz idéia que o Benjamin é o pai da amorinha.

Noto que mesmo tentando disfarçar a curiosidade, o Ben ouve tudo que titio fala sobre ela atentamente.

No meio da semana nós almoçamos juntos, eu, ele e titio. Foi impossível declinar o convite (intimação) de titio.

E como esperado o assunto da vez foi minha filha. Não me senti nem um pouco confortável em falar sobre ela, até tentei mudar de assunto, mas titio não parava de falar dela, e sem outro jeito resolvi ceder e aos poucos fui me acalmando.

Titio contava várias traquinagens da minha pequena, o que arrancou boas gargalhadas do Benjamim que tinha os olhos brilhantes a cada palavra dita por titio.

Sem que me desse conta acabei revelando alguns fatos, alguns momentos em que amorinha fez alguma gracinha ou descoberta, e logo estávamos os três rindo.

Até que me dei conta  que já estava indo longe demais, expondo muito minha filha ao Benjamin. Mesmo ele sendo pai dela não confio nele, e não posso permitir que ele machuque-a.

Imediatamente inventei uma desculpa qualquer para sair da mesa e deixa-los, indo para a meu consultório e mergulhando em lembraças e permitindo a queda de algumas lágrimas.

Mas isso não foi tudo, para completar a semana o Lucas teve um crise, na verdade foi uma parada cardíaca seríssima, e se não fosse pelo Benjamin talvez ele não tivesse resistido.

Eu estava no meu consultório e Benjamin estava na enfemaria, ele havia ido pegar o prontuário de um paciente quando aconteceu.

Quando tocou o alarme de emergência ele imediatamente correu até o quarto do Lucas. E o que encontou foi os batimentos do garoto caindo em com uma rapidez assombrosa.

Benjamin imediatamente pegou uma adrenalina que estava no carrinho de parada, colocou em uma seringa e sem cerimônia nenhuma injetou direto no coração do Lucas.

Eu cheguei no exato momento que ele estava fazendo isso, eu congelei com a cena, apesar de ter presenciado diversas paradas nenhuma foi tão violenta. 

Após injetar a adrenalina no coração do garoto, ele sobe na maca e começa a fazer massagem cardíaca no final do apêndice chifoide* do garoto, uma costela no menino é quebrada, porém ele não se detém até que os batimentos cardíacos voltam ao normal.

Tudo se passou tão rápido que mais pareceu uma cena de um filme de Hollywood, de tão surreal.

Vejo que o Benjamin após estabilizar o garoto se afasta da maca para as enfermeiras fazerem o trabalho delas,  mas vejo em seu rosto que ele está arrasado, assim como estava o Ivan, ao ver o filho quase morrer.

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