Capítulo 1 (Revisado)

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Dor. É só o que aquele ser obtém no momento. Momento. Que momento era aquele que o menino tanto angustiava?

O matuto está perdido buscando em sua mente alguma lembrança, mas nada vem. Escuridão total.

Atordoado, olha ao seu redor e tudo que nota é uma enorme sala sem janelas. Sufocado. Enclausurado. Preso. Por que está preso? Não imagina o porquê de está naquela cela. Nada vem em sua mente. Falando nela, tenta forçá-la, vagar na profundeza do seu eu, mas nada.

– Psiu!

O perdido garoto ouve alguma coisa. Sabe que alguém o chama. Estaria ele maluco?

– Psiu! Aqui, novato. Olha pra sua frente. Você está realmente vivo? Não acredito que acordou. Preciso avisar o L.V. Novato, aguente firme que já volto. Não sai da onde estiver e não tente fazer nenhuma besteira. Ou melhor, tente sair e fazer alguma besteira. – Anuncia uma abafada voz sorridente pela portinhola de observação de um belíssimo e futurístico portão metálico, que faria com que qualquer autor de filmes de ficção científica ficasse com inveja.

– O que está acontecendo? – Martelava a pergunta em sua cabeça.

O recém-acordado permanecia calmo, sabendo que não estava mais sozinho. – Só espero que sejam amigos. – Vagueia em sua mente novamente. O astuto inquilino aproveita o tempo para vasculhar melhor o lugar. Incrível como não notara o estranho recinto no primeiro momento. A luminária de bioluminescência brilhava com dificuldade (Duas lâmpadas infladas com água e conectadas por um fino tubo de silicone por onde o metano e os materiais compostos eram conduzidos até os micro-organismos vivos, alimentando-os). Clareava quando bem entendesse o sinistro ambiente que possuía uma terrível fragrância que variava entre mofo, ferrugens e queijo velho, trazendo à mente o quanto uma faxina iria fazer bem aquele lugar. Estranho. Estranho mesmo era pincelado a mão (Notava-se pelo desalinhamento entre as letras) em uma das paredes acinzentada cujas letras em um tom vermelho vivo estilo Arial 32, escreviam a palavra HALLEY. – Seria algum tipo de nome? Sobrenome? Mesmo enxergando embaçado, o singular sujeito achou engraçado ao perceber que apesar de não lembrar nada, ainda assim, sabia o estilo, a fonte e tamanho da letra. Arial 32. Sorriu para não chorar.

Entrou em anseio quando tentou se mover. Não conseguiu. Pequenos movimentos foram possíveis. Uma leve mexida na cabeça, ou até uma incrível levantada de braço por 3 segundos. Do resto, nada. Desespero.

Com dificuldade, movimenta a cabeça para direita e, assim como onde ele estava, havia nove... Não poderia melhor defini-los como: – Estranhos caixões transparentes recheados por um líquido esverdeado com cheiro de comida enlatada. – Eram bem maiores do que o "aquário" da onde residia, devendo ter algo em torno de uns dois metros e meio. Cabos elétricos faziam a interface entre "viveiro" e o chão, e do chão, até perder de vista.

Com muito sofrimento e um desempenho extraordinário, conseguiu estender suas costas e flexioná-las para frente. – Alguém estivera aqui anteriormente. – Pensou. – Alguns desses "cubículos" continham pequenos fios de cabelo flutuando pelo nauseabundo líquido com essência de sopa de ervilha que, após ser inalado, deixava a tontura e a náusea entrar. Neste caso, sair. O suco gástrico venceu a maratona e sem permissão saiu pela boca. Agora, o recém-desperto entendera o porquê da máscara de proteção que o recepcionista usava. – Cadê ele? – Mais do que nunca ansiava por sair. Respirar o ar limpo e puro, e claro, saber o que estava acontecendo.

Trajava um uniforme cirúrgico branco, deixando amostra pequenos respingos de sangue próximo ao peito. Sentiu uma fisgada em seu braço direito e, com um esforço honroso, deposita levemente seus dedos. Arrepia-se. Uma dor intensa vem logo em seguida. A primeira lembrança é de uma tatuagem recém-criada. Não sabia como era a dor, mas sempre soube que doía. Na dúvida, tocou-a novamente.Descobriu-se que não era tatuagem. Não podia ser. Tatuagens não deixam cortes profundos. Aquele sujeito enganara-se. Com um olhar de canto, em seu braço direito, mesmo sangrando, vê os seguintes números tatuados. Tatuados, não.Escarificados. Três, um, zero, três, um, sete, dois, sete. – Mas que merda... Foi o último pensamento antes de sentir o peso de seu corpo despencar. O singelo indivíduo choca suas costelas no caixão de vidro e, então,a escuridão voltar a assombrar seus sonhos.

PROJETO I.N - DESPERTAROnde histórias criam vida. Descubra agora