Capítulo 3 (Revisado)

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Engraçado que S.F sempre tem razão em seus comentários. Primeiro foi com A.E: o pequeno simplesmente esnobou o pedido de S.F. Não importava onde, não importava quando, ele estava lá acompanhando I.N. Sempre com desculpas de estar cuidando para que nada ocorresse fora do previsto. Balela. A.E gostava de saber de tudo e estar em todos os lugares. Era a hiperatividade em pessoa.

Depois, próximo das macieiras, outro comentário certeiro de S.F: O treinamento dos amigos M.F e B.F. Esses não tinham jeito. Brigavam toda hora e por tudo. Qualquer assunto era motivo de briga. Brigaram para ver quem primeiro alongava a perna de I.N. Depois, para quem primeiro estendia o braço do mesmo. Por fim, disputaram quem treinou melhor, afinal, I.N havia conseguido ajoelhar-se sozinho. No fundo se gostavam. Adoram essas disputas. Essas briguinhas de irmãos.

Enquanto I.N treinava, L.V o visitava, sempre agraciando com frases de incentivo e de impacto retiradas de uma propaganda de cereal matinal. Puro clichê.

– Muito bom I.N, muito bom. Lembre-se: "A vida é dura só para quem é mole".

Depois:

"Inspiração vem dos outros, motivação vem de dentro de nós."– L.V era um bom líder. Um bom motivador. Suas frases sempre roubavam um sorriso de quem as ouvia. Com um corpo esguio e queixo fino, o jovem se destacava pelo enorme nariz de batata e suas sobrancelhas protuberantes. Não ligava, gostava de suas feições. Oferecia um ar de chefia e liderança. Perfeito para seu cargo. Em seu braço os números: Um, cinco, zero, quatro, um, quatro, cinco, dois.

De longe, próximo ao Bucho, I.N era observado por um estranho garoto com cara de pouco caso, desviando os olhares sempre quando era percebida sua presença.

Já nas aulas do A.E, I.N aprendeu que seus ouvidos não doíam depois de 3 horas ininterruptas de falatórios avulsos. Ninguém levava o baixinho a sério, não por serem arrogantes ou por ele ser chato. O fato era que o ininterrupto garoto gostava muito, mas muito de conversar. Horas e horas de falatórios. Apensar de não lembrar nada do seu passado, adorava imaginar como era. E nisso A.E era bom.

– I.N, me escuta. Peço que deixe sua mente aberta e deixe seus pensamentos fluírem. Lembre que ela, a imaginação, é mais importante que o conhecimento. Não que conhecimento não seja, mas... – balbuciou – Enfim, não vou ficar explicando sobre isso. Eu acho que a imaginação é mais importante e ponto final. Agora, me ouça. (Como se houvesse outra escolha) – Eu tenho uma teoria sobre Paraíso. Vai parecer meio maluca, mas creio que aqui o tempo seja diferente. Não sei o que "aqui" significa, mas se imaginarmos que Paraíso seja um relógio, nem sequer o tempo marcado por ele seria preciso. Não sei se você está me entendendo. Você está me entendendo? Para quê eu estou falando tudo isso, sendo que você nem sequer pode argumentar? Vou falar então do meu passado. Adivinha? Nada? Nadinha? Tudo bem. Vou te contar. Minha família tem muito dinheiro. Sério, sou rico. Riquíssimo! Esta roupa apenas parece igual à sua. Mas não é! Para a confecção, foi utilizado o mais fino tecido e o mais caro também. Não? Você não está acreditando em mim? Para de fazer essa cara de desconfiado! Viu só? Nem rir consegue. Acredite. É a pura verdade o que estou te falando! – Depois, o baixinho pegou I.N para conversar sobre sua infância e seu cachorrinho de estimação.

– É sério! Não está acreditando de novo? Quando eu era criança, minha mãe me ensinava a tocar violino. E vou te dizer... eu aprendia rápido. Sempre após o jantar, tocávamos. Eu no violino e ela no piano. Eu era tão bom. Tocava tanto que até meu cachorro parava para me ouvir. – O pequenino então fecha seus olhos e insinua tocar violino em meio a gestos e expressões. A.E tinha ótima imaginação e I.N adorava ouvi-lo. Gostava de sua amizade. Um pequeno grande amigo.

PROJETO I.N - DESPERTAROnde histórias criam vida. Descubra agora