Capítulo 15 (Revisado)

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Tantas alucinações depois, I.N desperta. Escuridão. Ainda é noite. Quantas horas ele havia adormecido? Como pode descansar numa situação dessas? O garoto do dom da Força estava inconformado. Olhou para lado. Não viu L.V. Atônico, seu coração bateu freneticamente. Medo. Em vislumbre, não mais viu o Sonhador. Em seu lugar, encarou a espessa possa de sangue. Notou também, uma trilha do líquido avermelhado até perder-se de vista. Provavelmente os Acordadores arrastaram aquele Sonhador para o covil. Degustariam do alimento mais tarde. I.N entristeceu só de imaginar a atrocidade que aconteceu há pouco sob seus pés. Esvaiu os pensamentos. Seus olhos agora vagavam de um lado para o outro, à procura do amigo enfermo. Encontrou-o recostado em um tronco de árvore, com a cabeça baixa e a flecha ainda cravada em seu abdômen.

Desceu apressadamente. Acordadores poderiam aparecer a qualquer instante. Afoito, trombou em Robert, acordando-o.

– Presta atenção seu filho da...

I.N não deu atenção nos venenos em forma de xingamentos. L.V era mais importante.

Dois dedos foram depositados na jugular do líder a fim de monitorar seus batimentos. Por sorte havia pulsação. L.V estava fraco, desacordado, mas vivo. Agora era dar o fora dali. Logo amanheceria.

No meio do caminho, até ouviram um urro próximo, mas nada que suas pernas não aguentassem a correria frenética. Do mais, o restante do percurso foi calmo e seguro.

O calor era intenso. Transpiravam. Suavam. Passava-se do meio dia. Ao chegar ao portão de Paraíso, não foi espanto encontrá-lo fechado. Exausto, I.N deita L.V, onde vagarosamente observa os ferimentos do líder. O garoto do dom da Força estava distraído quando, num súbito momento, ouve um estrondo. O portão estava se abrindo. Estranhamente lindo. A cada metro aberto, o sorriso de I.N aumentava.

– Como você fez para abri-lo? – Falou numa mistura de euforia e cansaço.

Saindo por de trás de uma camada de vegetação próxima da fachada de entrada e, sem dar resposta convincente, Robert limitou-se. – Nada. Abriu sozinho.

Mesmo na certeza de notar Robert apertando algo atrás daquela densa vegetação, I.N resolveu calar-se. Não era o momento para aquilo. Para iniciar uma discussão. Havia outra prioridade. Não sabia por quanto tempo o portão ficaria aberto. Não podia arriscar perder tempo com balela.

Atravessaram o portão. Robert encontrava-se sem expressão. Não demonstrou alegria e nem tristeza. Distante dos companheiros de sobrevivência do exterior de Paraíso, apenas seguiu em direção ao Aposento. Sem festa. Sem alarde. Já I.N, estava muito feliz. Feliz por L.V poder finalmente receber ajuda. Feliz por terem sobrevivido ao que todos diziam impossível e, mesmo não acreditando que pensaria nisso alguma vez na vida, agradeceu por estar de volta à Paraíso.

Encostado no pé de uma das macieiras, A.E matuta. Próximo do mesmo, deitado sobre o gélido chão de terra, S.F encontrava-se admirando o céu, hoje, em tom rosa claro. Acreditaram, a princípio, que os seres que adentraram o portão, eram fantasmas. As mortes daqueles inquilinos eram dadas como certas. Finalmente, A.E grita de felicidade por reconhecê-los. Os dois partem em direção dos afortunados. Aproximando-se, S.F logo nota seu líder sendo carregado, então, mais do que depressa, dá meia volta e corre para Doideira a fim de preparar os primeiros socorros.

– Meu Deus! Como... como vocês estão vivos? Você está bem I.N? Como foi lá? Ficou com medo? Matou muitos Acordadores? Ou melhor, encontrou algum Acordador? O que aconteceu com L.V? Ele está bem? Ele morreu? Merda, ele morreu! – Eram tantas, mas tantas às perguntas, que I.N havia esquecido o quanto A.E era imperativo. Sorriu por ter aquele momento novamente.

Descontente, o baixinho não teve todas as suas respostas respondidas. Mas não entristeceu. Sabia o por quê. Agora não dava. L.V carecia de ajuda.

PROJETO I.N - DESPERTAROnde histórias criam vida. Descubra agora