Capítulo 7 (Revisado)

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Posso saber o que você está fazendo aqui senhor Robert? – esbravejou L.V em um tom sério e rígido – Não era para você estar ajeitando os Sonhadores?

– Estou cansado disso tudo... Para mim já deu! O que vocês têm de especiais? Hein? E L.V, por favor, não venha dar uma de chefão para cima de mim. Você só ganhou porque comprou os votos deles. Cara... eu os acordei. Eu! Lembram disso? Eu que deveria estar na frente da situação. Estou aqui há muito mais tempo que todos vocês e... já estou farto disso tudo!

– Mas Robert... Foi você que se voluntariou para o preparo dos Sonhadores. – Argumentou A.E.

– Ah! Cala essa sua boca piralho... Todos sabem que os Acordadores vêem sempre na madrugada do sétimo para o oitavo dia. Qualquer um podia ajudar, mas ninguém aqui dá à mínima para os Sonhadores. Por quê? Será que é só porque eles não tiveram a felicidade de terem uma porcaria de número no braço? Ou será porque jamais acordarão? É isso? Já imaginaram se eles sentem dores? Quem é o hipócrita agora? Deixamos um Sonhador por semana para os Acordadores levarem. Indefesos. Dormindo para nunca acordar! E... já que estamos com poucos Sonhadores, pensei: E depois? O que irá acontecer? Tenho certeza que vocês irão me escolher para ser entregue para aqueles desgraçados. Eu! A pessoa que libertou vocês. Que despertou vocês... – bufou – É assim que me retribuem?

– Para de pensar assim Robert! Você sabe que estamos num barco sem saída e que todos contribuem para um único propósito. Descobrir a saída de Paraíso. Você acha que não sentimos por deixar um Sonhador na mão desses malditos? Poderia ser eu, você... Qualquer um aqui desta sala. Mas para nossa sorte, aqui estamos e, bem... eles não... – pausou – Todo dia penso em cada um que foi entregue. Você acha que é fácil? S.F até cogitou por nomes neles... Não podia deixar! Seria muito mais difícil fazer o que fazemos. Portanto, jamais falei isto novamente. Jamais ouça dizer que não nos importamos com eles!

– L.V, L.V. Você fica aí falando dessa forma, – todo comovente –... só para eles me julgarem. Todos agora vão dizer que eu estou errado, que só reclamo, que não penso em comunidade, que eu estou ficando louco... Será que sou eu que estou ficando louco? Será? Vamos pensar? –  levou a mão até o queixo – Vocês já estão chamando esse imbecil de "nosso salvador". – apontou Robert para I.N – Esse cara acabou de acordar e não sabe nada do que acontece aqui. Como podem tratá-lo como um Deus? Salvador uma ova! Para mim é mais um imbecil com números no braço no meio de tantos outros aqui. Mas, depois eu que sou o louco... – ria sarcasticamente – E antes que me esqueça... Quer sair desta espelunca? Não estamos num barco sem saída não! A porta ficará aberta já, já. Olha que oportunidade boa...

Algazarra e a reclamação tomou conta do até então calmo recinto.

– Gente! Acalmem-se, por favor. – dissera o líder – Todos estamos com os ânimos a flor da pele. Hoje não é um dia para comemoração e muito menos para brigas. Por favor!

Foi no meio do bate boca geral que uma voz sobressaiu em meio às tantas outras, ofuscando as demais.

– Porque você me odeia tanto? O que eu te fiz? Se tiver algo em mim que te incomoda, me desculpe, mas não admito agir dessa maneira. Esse vandalismo verbal. Parece que você está com ciúmes.

Robert travou. Estranhamente olhou para I.N. Não esperava uma resposta daquela, ainda mais por um novato. Ouvir à palavra "ciúmes" foi à gota d' água. Sem pestanejar partiu em disparada para cima do recém-acordado.

– Seu imbecil! Quem te deu autorização para falar desse jeito comigo? Seu bosta, seu...

O soco, – bem executado por sinal – só não acertou em cheio o nariz de I.N, porque foi interceptado pelo líder do bando. Os dois, L.V e Robert, se encararam por alguns segundos.

PROJETO I.N - DESPERTAROnde histórias criam vida. Descubra agora