Capítulo 2 - Rumo à felicidade.

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Após tomar seu café Anny perguntou a Lory o paradeiro de Sara, mas sua tia, disse que a mesma não dormiu em casa na noite anterior. Ela subia as escadas rumo a seu quarto preocupada, mas logo recebeu a ligação de sua melhor amiga se explicando, dizendo que tinha dormido na casa de um amigo e que estava na igreja ajudando a organizar os últimos retoques, afirmando que se encontrariam apenas no horário da cerimônia, pois queria deixar tudo perfeito. Chegando a seu quarto e com a certeza que sua amiga estava bem ficou mais calma, poucos minutos depois Lory entra no quarto, acompanhada de Lara, afirmando que John o cabeleireiro em poucos minutos chegaria com sua equipe.

Lara Collins é a melhor amiga de seu noivo, os dois são primos, mas a convivência desde crianças os transformou em irmãos, tendo em vista que ambos eram filhos únicos e criados juntos.

- Hoje é o dia mais feliz da minha vida! Sério, obrigada por tudo minhas queridas. Sara já está na igreja dando os últimos retoques. - Ela não continha a felicidade e cada palavra falada esbanjava ao máximo, seus sentimentos.

Ao falar o nome de Sara, Lara fez uma cara que ela compreendia como repugnância, nojo, mas como tirou rapidamente a expressão do rosto ao ser encarada, Anny engoliu em seco e resolveu não se estressar com aquilo, já estava nervosa e ansiosa o suficiente, não queria saber de intrigas, ainda mais que envolvesse sua melhor amiga, pois fazia seis meses que Sara a vinha ajudando em tudo. Como a amava, era sua confidente, desde pequenas eram melhores amigas e quando perdeu sua família em um terrível acidente, Sara a ajudou se reerguer. Para ela, Sara era um anjo, por ter deixado tudo em Noverland, uma cidade fora do país, para ajudar nos preparativos de seu casamento, deixar tudo e vir ajudá-la isso era demais. Como alguém podia ser tão amiga - irmã assim? Sempre se perguntava isso.

Foi acordada de seus pensamentos pelo cabeleireiro sexy, porém gay John, estalando os dedos em frente ao seu rosto. Como havia chegado tão rápido? E ela nem notara a hora que entrou. Não importava ele era ótimo, fazia qualquer mulher se sentir uma diva em suas habilidosas mãos.

Quando estava finalmente maquiada, com um incrível penteado, em seu maravilhoso vestido de noiva e já via o sol querendo se pôr. Sabia que estava chegando à hora do SIM mais importante, perfeito e certo de toda sua existência. Sua tia deu leves batidas na porta e entrou com os olhos já marejados, fazendo Anny fungar.

- Querida, como sua mãe ficaria orgulhosa de você, não consigo nem expressar tamanha beleza que vejo em minha frente. - Disse Lory, deixando lágrimas cair e abraçando sua sobrinha que considerava praticamente filha.

- Obrigada. - Disse, aninhando-se em sua segunda mãe. Passando por mais uma de suas lembranças, agora nem um pouco feliz.

Lembranças do dia do acidente envolvendo Anny e seus pais:

Aquela tarde de sexta-feira estava muito estranha. Era seu último dia de aula, tinha finalmente apresentado seu trabalho de conclusão de curso, tirando nota máxima, mas algo estava entalado em sua garganta, um aperto no coração, mas resolveu não dar muita importância, pois seus pais estavam a caminho para a levarem a casa de campo da família, seria ótimo, comemorariam sua conquista naquele final de semana, com toda família reunida. Antoni estaria lá somente no sábado à noite, pois estava fazendo uma pós-graduação em cirurgia geral. Sara também iria, chegara à hora de finalmente apresentá-los pessoalmente. Era mais que perfeito! Sempre falava para Sara que morria de amores por Antoni, mas que não tinha coragem de falar para ele com medo de ser rejeitada e perder a amizade do mesmo. Enquanto fitava o nada e decidia que finalmente falaria para Antoni sobre os sentimentos que nutria por ele, seus pais chegam e os três seguiram naquela tarde nublada cantarolando ao som de roupa nova a caminho da casa de campo. Quando estavam no meio do caminho cai uma chuva daquelas, mas todos decidem seguir até achar alguma casa no caminho, pois era perigoso um carro parado no meio do nada. Sara ligou dizendo que não poderia ir, pois teria que fazer uma viagem de negócios de última hora e que ficaria um mês sem poder fazer contato, pois era praticamente no fim do mundo o lugar para onde iria. Anny disse que tudo bem, desligando a ligação e guardando seu celular no bolso de sua calça jeans. Ficou um pouco chateada, mas sua amiga viajava muito a trabalho, organizando eventos para alta sociedade e não poderia ser tão egoísta, se fosse ela faria o mesmo por seu trabalho.

Quando Anny levanta a cabeça algo inesperado acontece. Uma árvore enorme caiu poucos metros a frente do carro por ser atingida por um raio, fazendo seu pai perder o controle da direção e sair da estrada caindo em uma ribanceira. Gritos, apelos, barulho, chuva, barro, isso foi o que Anny consegue ver antes de apagar. Quando acordou de cabeça para baixo percebeu que seus pais estavam ensanguentados e desacordados ela os chamava, então eles abriram os olhos, ela sentiu um alívio sem explicação. Todos perceberam que estavam literalmente a beira de um abismo. O pai de Anny pediu para que ninguém fizesse nenhum movimento brusco. Ela chorava tanto que mal conseguia raciocinar, desesperada conseguiu pegar seu celular que estava em seu bolso e só conseguiu pensar em uma única pessoa.

- Antoni, por favor, me ajude pelo amor de Deus! Estou desesperada, nem sei a sorte que temos por esse lugar ter sinal. Eu e meus pais sofremos um acidente a caminho da casa de campo e estamos presos, não podemos sair! - Chorosa e desesperada praticamente gritava.

-Anny se acalme! Eu vou ligar para a emergência, não se mexam, não se movimentem bruscamente, vocês podem ter sofrido alguma fratura.

Ela deu a localização para Antoni que já vinha a caminho, com bombeiros, policiais e o socorro, sempre mantendo contato com ela para evitar que dormisse, ou se desesperasse de vez. Anny dentro do carro começou a controlar seu choro, pois Antoni sairia da aula para vir salvá-los! Ela e seus pais estavam vivos, isso já era muito.

Pelo celular Antoni ouvia tudo do outro lado da linha. Os pais dela não cansavam de repetir que a amavam e que sempre a amariam. Anny dizia que também os amava e que tudo ia dar certo no final. Mal sabia ela, que ainda estava longe de terminar aquele verdadeiro filme de terror.

....

Não gostava daquela lembrança, sempre tentava não falar do assunto, agora chorava bastante, molhando levemente o vestido de sua tia.

Lory percebendo em seu íntimo o que a sobrinha havia pensado, se afastou levemente. - Hoje é um dia muito feliz para isso! Olha que você borra a maquiagem!... John socorre aqui! - Gritou ela fazendo Anny sorrir de leve, pois aquelas lembranças a deixavam um caco, sempre se sentia culpada por tudo.

John fez apenas alguns retoques, pois aquela maquiagem parecia de outro mundo de tão boa. Ele disse que eram especialmente resistentes às lágrimas e ao suor.

Todas já estavam prontas e saíram da casa de Anny para ir à limousine que já esperava na porta.

Desde o episódio no quarto, Lara quase não falava ou ria, havia se trancado. Ela realmente não gostava de Sara, concluiu Anny analisando- a, enquanto, sua tia Lory ria, alto, falando imaginar como os rapazes tinham se arrumado sem elas, chamando assim, a atenção de Anny e Lara, as fazendo rirem também.

As voltas que o mundo dá {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora