Capítulo 5 - Imprevistos

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Com aquele sorriso vitorioso estampado na cara de Sara, Antoni estremeceu por completo, começando a suar suas mãos e não sabendo onde colocá-las.

- Apenas bebemos e você ficou empolgadinho demais, levei você pro seu quarto, esperei no lado de fora, enquanto você se trocava, e então fui embora. – Sara falou e nesse instante todo o corpo de Antoni relaxou, ele estava realmente muito feliz por não ter feito nenhuma besteira naquela noite, ele nunca se perdoaria, se ao menos tivesse tocado naquela mulher que ele tanto desprezava.

- Obrigado, por não mentir, ou ter se aproveitado da situação. – Falou ele.

- De nada. Não sei se lembra, mas eu disse que estou arrependida. Apenas não pise na bola com Anny, apagamos tudo que se passou e seremos amigos – Falou e logo saiu indo em direção a um rapaz do outro lado da igreja.

Antoni começava acreditar que aquela mulher estava mesmo arrependida. Depois da conversa com Sara se posicionou em seu lugar a espera daquela que havia roubado seu coração. A demora o corroía por dentro, como queria vê - lá. Era inevitável não admitir, ele era mesmo um bobo apaixonado. Suas mãos estavam suando e seu coração pulsava descontroladamente dentro de seu peito. Não via à hora de ver como ela devia estar linda de noiva, há dias sonhava com ela vestida assim.

...

Anny finalmente havia chegado à igreja, estava tão empolgada, tão feliz. Era embriagante o amor que sentia. A vontade por Antoni, ultrapassava a barreira da paixão, era amor verdadeiro. Sorria ela por concluir aquilo em seus pensamentos. Agora estava subindo os degraus que haviam na entrada da igreja com a ajuda de sua tia Lory, sua melhor amiga estava à porta da igreja esperando por ela com os braços abertos, ao seu lado tinha um rapaz bonito, no qual Anny deduziu ser o tal "amigo" que Sara havia falado mais cedo em sua ligação. Lara passou direto por Anny e Sara, sem dizer uma palavra. Anny gostava muito de Lara e sabia que ela tinha que entrar para ficar ao lado de Flávio, seu namorado, pois eram padrinhos de Antoni, mas que falta de educação a dela. Mais uma vez, engoliu em seco.

Sua tia abraçou Sara, deu um oi ao "amigo" dela e entrou para ficar em seu posto junto com seu tio César, seriam seus padrinhos. Anny já havia conversado com Sara sobre esse assunto, dizendo a ela que a queria como madrinha, mas não sabia como dizer a César sem magoá-lo não querer ninguém a levando até o altar, ocupando o lugar de seu pai, que sempre falava com tanta empolgação em levá-la até o homem que ela amasse verdadeiramente. Saiu de seus pensamentos quando Sara a abraçou mais uma vez e disse que avisaria aos músicos para tocarem as músicas de entrada. Anny agora estava sozinha a porta da igreja, suas mãos estavam suadas, sua boca estava seca, não compreendia tamanho nervosismo, jamais imaginou estar tão nervosa, as daminhas de honra já estavam entrado. De fora não dava de ver o altar e ela estava tão ansiosa para ver Antoni. Quando ia se aproximar para esperar a hora de sua entrada, uma mulher de vestido vulgar, batom vermelho e de olhar penetrante a chamou atenção, se colocando em sua frente.

- Ei, moça!- Falou a estranha, mas Anny fingiu não ser com ela.

- Ei.. Noivinha, é com você mesmo que eu estou falando, não se faça de sonsa, só estamos nós duas aqui e eu estou na sua frente. - Novamente a desconhecida, falava, deixando Anny um pouco irritada, pois pela letra da música que tocava já estava próxima à hora de sua entrada.

- Moça com licença, mas está quase na hora da minha entrada, não lhe conheço, por favor, me dê licença. - Falou Anny tentando passar pela estranha e andando um pouco para mais perto da entrada, até paralisar com as palavras daquela mulher, apenas conseguindo se virar para visualizar aquela que falava.

- Não seja tola, ele não te ama! Te engana! Te trai! – A estranha gritava enquanto caminhava em sua direção apontando o dedo em sua cara, a mulher respirou e continuou. - E sabe com quem é?... Deixa... Eu respondo... Comigo! Que sou um filé. - A desconhecida dava uma voltinha, passando as mãos nas laterais de seu corpo, tentando mostrar a Anny suas curvas avantajadas.

- Não seja tola você! Quem pensa que é? Eu nem te conheço. Sua louca, perturbada, vai se tratar. - Anny já estava com vontade de dar uma boa bofetada naquela estranha.

- Eu... Bem... Sou aquela que não aparece, mas que está lá e sempre estará... Sempre temos as melhores transas, ele está cansado de você... Sabe queridinha? É comigo que ele deve ficar e não com uma sem sal como você. - Falou aquela que Anny nem conhecia, mas que já odiava com todas suas forças.

- Acha mesmo que acreditarei em qualquer pessoa? Nem te conheço! – Anny estava visivelmente estressada, mas controlava o tom, para que ninguém ouvisse dentro da igreja e controlava aquela vontade insistente de chorar e esbofetear aquela mulher.

- Se você entrar aí passará o pior vexame de sua vida, estou te avisando, acabarei com seu casamento querida, se ele não vai ficar comigo, não ficará com mais ninguém... Estou avisando! Se entrar vai se arrepender, acabarei com você na frente de todos. - Disse a estranha, deixando Anny sem reação por alguns segundos.

- Olha moça, eu realmente não sei quem você é, e sinceramente não vou deixar o amor da minha vida me esperando por causa de uma informação tão maldosa de alguém que não conheço... Não sei o que leva uma pessoa a acusar outra assim, mas tenho certeza que você mentiu em tudo que disse. - Falou Anny entrando na porta e pouco se importando com as ameaças daquela mulher.

- Veja as provas! Elas não mentem! - Falou a mulher tentando mostrar algo para ela.

Anny não deu importância ao que aquela mulher falava, apenas entrou, seguindo exatamente como o ensaiado durante vários meses, a sua grande entrada na igreja, seu momento. Enquanto se dirigia finalmente a porta principal no qual entraria ao som de A Thousand Years - Christina Perri, Anny pensava em como toda aquela situação vivida há poucos minutos, era tão estranha, estava plenamente confiando em Antoni, ele não faria isso com ela, qualquer um poderia, mas ele era diferente, jamais faria isso. Para afastar aquela conversa surreal de sua mente, começou a se lembrar de seus momentos com Antoni, enquanto caminhava de cabeça baixa, cada passo dado era uma lembrança, dos sorrisos, das brincadeiras, dos beijos, das conversas, tudo passava como um filme em sua cabeça, uma lágrima solitária caiu, limpou rapidamente. Levantou a cabeça e quando viu Antoni a olhando do altar, sentiu suas pernas falharem, seu coração bateu descompassado.

Quando estava na metade do caminho ao altar começou a observar encantada, todo o espaço a sua volta. A decoração, as flores, o tapete, era uma organização digna de um casamento dos sonhos, pensava ela, em cada lateral do altar da igreja havia um telão no qual passava a letra da música, era tudo milimetricamente planejado, Sara havia feito um ótimo trabalho. Estaria tudo perfeito se não fosse o episódio que acabara de acontecer, mas Anny preferiu fingir que nada daquilo tinha realmente acontecido, pra ela era surreal, devia ter sido um engano. Quando chegou ao pé do altar, Anny entregou seu buquê para tia Lory, que a abraçou e lhe deu um beijo no rosto, virou-se para Antoni que beijou sua testa e deu seu braço para que ela segurasse. Ambos se viraram para o padre que começou a cerimônia. Estava tudo perfeito, as músicas escolhidas eram um alívio para qualquer alma. Quanto mais se aproximava à hora dos votos, Anny ficava mais nervosa, quando enfim chega à hora tão esperada, algo acontece.

O que será que aconteceu? Vamos saber no próximo capítulo.

As voltas que o mundo dá {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora