Capítulo 30 - Conversa.

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Não acreditou que ela estava tão confortável nos braços de outro. Pareciam um casal apaixonado, com os corpos tão colados, a cabeça de Samuel apoiada na dela, as mãos dele por sua cintura, o coração de Antoni parecia ter se transformado em uma verdadeira bomba-relógio, capaz de explodir a qualquer minuto, seu peito subia e descia rapidamente, estava entorpecido em seus pensamentos, estava tão decepcionado, seu orgulho estava ferido e seu coração despedaçado.

Ficou apenas observando ainda com a porta aberta, seus olhos arderam, mas ele recusou-se a chorar, se achando forte o suficiente para aguentar ver sua amada nos braços de outro. Sem notá-lo os dois começaram a acordar, Samuel deu um beijo na face dela, ficando a centímetros de sua boca e o maxilar de Antoni ficou rígido no mesmo instante.

- Bom dia princesa Ny! – Ele sussurrou de forma melodiosa nos ouvidos de Anny, mas Antoni conseguiu escutar e todos os seus músculos ficaram tensos.

- Meus dias nunca mais serão felizes. – Ela falou desanimada e chorosa, colocando as mãos no rosto.

- Não diga isso, eu estarei neles e você será muito feliz com seu amigão aqui. – Antoni sentiu uma súbita vontade de quebrar a cara daquele debochado, que continuava abraçando Anny e agora estava cheirando o cabelo dela, isso o estava incomodando demais, ela levantou o rosto e ficaram se olhando, de onde estava Antoni via a intenção de Samuel, ia se aproveitar e beijá-la, ele não podia permitir.

Não aguentando, entrou de uma vez e fez questão de bater a porta com força para chamar a atenção, no momento em que Anny o viu se retraiu com os olhos cheios de lágrimas.

Samuel não tinha percebido que era Antoni. - Bom dia, doutor, vamos cuidar dessa prince... – Subitamente desfez a cara de felicidade, o tom de voz mudou e ele continuou. - O que faz aqui?

- Como você mesmo disse vim cuidar da paciente. – Antoni falou da maneira mais serena possível, embora por dentro a vontade fosse de voar na cara de Samuel, mas não faria como das outras vezes, não perderia a razão.

- Você não pode, o doutor dela é outro homem. – Soou rude.

Anny parecia presa em um mundo paralelo, onde as vozes ficavam abafadas e não conseguia ouvir com clareza o que estavam conversando. Começou a chorar compulsivamente, tudo o que mais queria era colo e não brigas, não era capaz de descrever a vontade que tinha de que tudo não passasse de um pesadelo e que ela logo despertasse.

- Olha o que você faz com ela! Sai daqui, não dá para entender que você é danoso a Anny? – Samuel começou perder a compostura, se levantou da cama e foi em direção a Antoni.

- Isso não é verdade, o amor jamais será nocivo, ele cura. – Ao falar essas palavras, não olhava para Samuel que avançava em sua frente e sim nos olhos de Anny, a única mulher capaz de fazê-lo sentir o amor verdadeiro. Continuou. - Eu te amo Anny.

- Não venha com essa mentira absurda, não adianta, ela não vai cair na sua lábia novamente. – Aparentava que a qualquer momento Samuel partiria para agressão.

Nesse momento Anny em um surto de coragem e seguindo o que seu coração pedia, interveio. - Saia Samuel, eu preciso conversar com Antoni. – Sua voz saiu sem emoção, parecia mais um robô falando, suas lágrimas cessaram quase que instantaneamente, sabia que não poderia fugir daquela conversa por muito tempo, seria inevitável, resolveu ser forte o suficiente para encarar a situação, mesmo com o coração em pedaços.

Samuel saiu bufando, avisou que iria para a casa dela e que voltaria à tarde no horário de visita.

Enfim estavam a sós. Anny sabia que jamais seria forte o bastante para lutar contra aquele sentimento. Amava aquele homem, mesmo sabendo de tudo, simples e completamente o amava, com todo o seu ser, com toda sua alma.

As voltas que o mundo dá {CONCLUÍDO}Onde histórias criam vida. Descubra agora