Antoni há muitos dias não tinha dormido tão bem, levantou-se cuidadosamente para não machucar Anny, examinou o senhor César e colocou algumas anotações em seu prontuário, solicitando um checape geral, algo nele estava diferente.
Saiu do quarto deixando uma enfermeira responsável, foi a sua sala tomou um banho e vestiu uma muda de roupa extra que sempre deixava em seu armário. Dirigiu-se à cantina comeu um pouco e seguiu para o quarto de Anny, chegando lá observou que ainda dormia e resolveu ficar do lado de fora, não queria correr o risco dela acordar e ficar nervosa com sua presença.
Não demorou muito e Flávio apareceu acompanhado de Lara, eles sorriam como dois bobos e Antoni sabia muito bem o porquê.
- Irmão! – Lara o abraçou, um abraço tão acolhedor que toda frustração outrora sentida se foi.
- Lara. – Ficaram alguns minutos assim.
Flávio coçou a garganta. - Estou ficando com ciúmes disso, pode tirando essa mão da minha pequena.
Os três riram.
Quando Lara virou o rosto para o corredor seu sorriso se desfez no mesmo instante. Aquela cobra oxigenada vinha toda rebolando na direção deles? Com um sorriso de orelha a orelha? Só podia ser brincadeira! Ela realmente não gostava daquele ser.
- Bom dia gente! – Sara falou para todos com um sorriso falso, só seria um bom dia se não estivesse vendo aquela coisa horrorosa na sua frente que atendia pelo nome Lara.
- O que faz aqui? – Lara foi tão seca, que Antoni mudou a expressão no mesmo momento em que deduziu que ela ia para cima de Sara.
- Calma irmã, o que deu em você? – Segurou levemente o ombro de Lara, impedindo que ela seguisse em direção a Sara.
- Vai defender ela agora Antoni? – Ficou indignada com a reação dele, soltando-se bruscamente.
- Não estou defendendo ninguém, você que foi mal educada... Peça desculpas...
- Você não manda em mim! – Aproximou-se dele levantando a cabeça para olhar em seus olhos, devido à diferença de altura.
- Peça desculpas Lara... Você a ofendeu, não consegue entender isso? Não entende que foi grossa com quem te deu bom dia educadamente? – Não compreendia a atitude tão desaforada e desnecessária de sua irmã.
Sara apenas observava tudo sem falar uma palavra e tentava não deixar transparecer a vontade de bater palmas ali mesmo.
- Até uma semana atrás você odiava essa mulher e agora já está todo amiguinho dela! É isso mesmo? – Lara estava explodindo de raiva, não era uma criança para ser repreendida daquela maneira, principalmente na frente daquela mulher.
- Gente, aqui não é lugar para isso. – Flávio interveio, os ânimos estavam começando a esquentar e ele odiava discussões.
- Você está insuportável Lara! Deixa de ser mimada! O mundo não gira em torno de você! Como aguenta ela Flávio? – Antoni se excedeu e falou mais do que devia, no calor da emoção perdeu o controle, se arrependendo quase que instantaneamente ao olhar os olhos cheios de lágrimas de sua pequena protegida.
- Ok! Fica aí com essa falsa e esquece que eu existo. PRIMO! – Lara saiu em disparada pelo corredor, com as mãos no rosto, sabia que era um pouco mimada, mas Antoni tinha sido grosseiro, jamais tinha falado daquela maneira com ela, sentiu-se diminuída e humilhada.
- Fala sério Antoni, precisava disso tudo? – Flávio foi atrás de Lara, revoltado com a atitude de seu amigo.
- Fiz merda. – Passou as mãos nos cabelos, abaixando a cabeça, havia machucado os sentimentos de sua irmã, com certeza ela não falaria com ele por um bom tempo, só o chamou de primo uma vez, e não foi nada bom. Sabia o quanto Lara era sentida com as palavras, desde pequena, se ele engrossasse um pouco a voz com ela, logo chorava ou fazia um drama.
- Sinto muito, se soubesse não teria vindo agora, desculpa? – Sara tentava passar a imagem de pobre indefesa, embora por dentro estivesse com vontade de cuspir na cara da priminha abusada de Antoni.
- Não foi culpa sua... Lara é uma mimada e eu sou um imbecil, que não consegue controlar suas emoções e palavras!
- Você não é nada disso! – Soou como uma repreensão. - Só está passando por muita coisa... Vem aqui... – Ela abriu os braços e ele aceitou de bom grado.
- Quando lembro que iria ser pai e perdi a oportunidade, me dói tanto. – Falou em meio ao abraço e Sara concluía em seus pensamentos que finalmente conseguiu fazer com que ele confiasse nela, mas estava sendo muito fácil, os outros estavam facilitando e muito para ela. Ninguém o dava atenção, ninguém parava para conversar um pouco e apoiá-lo, dar um abraço, um carinho, era disso que ele precisava e ela estava disposta a dar o abraço e o que mais quisesse.
- Virão outras oportunidades. – Ela falava e seriamente imaginava que podia estar dentro dessas oportunidades, embora odiasse crianças e nunca ter passado sequer por sua cabeça ter filhos, começou a cogitar a idéia em sua mente.
- Mas jamais será esse que se foi. – Falou pesaroso.
- Vamos mudar de assunto? Chega de depressão... – Desfez o abraço. - Vamos sentar ali? – Apontou para as cadeiras que ficavam praticamente de frente para a porta do quarto, só que um pouco afastadas.
Passaram alguns minutos conversando assuntos aleatórios de seus passados, até chegarem a um ponto interessante da conversa.
- Sara... – Ele a olhou nos olhos. - Ontem você me disse que ajudaria a descobrir toda verdade sobre aquele dia.
- Lembro disso... Em que posso ajudá-lo? – Sua empolgação era falsa.
- Queria que você ficasse aqui no hospital, enquanto eu vou ao prédio onde mora aquela mulher que apareceu na igreja.
Sara ficou imóvel, seus olhos se arregalaram e sua respiração ficou irregular. - Você a conhece?... Mas... Mas... De onde? Como? O que ela te disse?
Antoni percebeu a modificação na postura de Sara, e tratou de desfazer o mal entendido. - Não a conheço, mas sei onde mora. É uma longa história.
Sara relaxou um pouco sua postura e tentou se recompor.
- Estou toda a ouvidos.
Ele contou toda a história, cada detalhe, cada ação e reação de ambas as partes, contou também sobre suas suposições.
- Nossa é muita coisa, não acha que está viajando um pouco?
- Viajando? Você Escutou tudo que eu acabei de te contar? Não acha muito suspeita?
Ficou cogitando o que falaria para convencê-lo. - Acho melhor você ficar aqui, a Anny precisa da sua presença, deixa que eu vou sondar se essa moça ainda mora nesse tal prédio, eu sei onde fica. – Se ofereceu.
- Não... Eu mesmo vou, quero ver aquela mulher mentir na minha frente. – Tinha tanta confiança em seu tom de voz que ela ficou com medo.
- Presta atenção no que vou te falar. Com certeza uma mulher é mais fácil de conseguir informações, ou você acha que vão falar de uma moça para um homem totalmente estranho?
- Pensando assim, fica bem mais fácil... Você faria isso por mim? – Cogitava a ideia por conta que poderia falar com Anny, conforme tinha conversado com Flávio no dia anterior.
- Somos amigos, não somos? – Ela pegou e juntou suas mãos as de Antoni, entrelaçando seus dedos aos dele.
- Sim somos... Obrigado... – Ele já considerava Sara sua amiga.
- Então eu vou indo, vi que Flávio já entrou no quarto de Anny, aliás, uma médica entrou também, acho melhor vocês conversarem... Vou tentar descobrir algo no tal prédio... – Precisava arrumar um meio de Antoni ficar no hospital.
- Tudo bem... Qualquer coisa me avisa. – Havia uma esperança no peito dele, se a moça tivesse naquele hotel, faria com que falasse a verdade a sua amada.
Sara o beijou na bochecha e foi embora. Ele ficou encarando a porta do quarto de Anny indeciso se batia ou não.
Se Antoni não estivesse ali, com certeza Lara pularia no pescoço de Sara... Kkkk... Bem que ela merece... Quem concorda curte o capítulo... Beijos da Amanda...
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As voltas que o mundo dá {CONCLUÍDO}
RomanceNão se engane com o título, achando que é uma história de um rapaz que dá o fora na garota e depois se arrepende... Anny Sousty, atualmente uma ótima arquiteta que já sofreu bastante na vida, encontrou seu grande amor, Antoni Collins que cursav...