Capítulo 24 - Experiência

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Jack*

É, não foi isso o que eu planejei. Onde é que eu tava com a cabeça quando pensei que conseguiria não me apaixonar por ela?! Jamais conseguiria resistir a esse cabelo bagunçado ou a esses lábios bem desenhados. É só olhar nos olhos dela pra saber que eu perdi a batalha. Francamente, Jack Frost, pensei que fosse mais esperto.

Subitamente, uma angústia me dá pontadas no peito e abraço Elsa mais forte contra o meu corpo. É que agora sei que se eu a quiser pra mim, tenho que fazer com que ela também perceba que cada pedacinho dela foi feito pra caber aqui, nos meus braços.

Veja bem, não é preciso ser nenhum gênio pra sacar a tacada de mestre que Afrodite deu para driblar Quione. Foi uma jogada simples, porém, inteligente. Mas não é só porque a brecha existe que Elsa vai, de repente, cair de joelhos por mim. Quer dizer apenas que a possibilidade é verdadeira.

— O que você tá afim de fazer agora? — Quebro o silêncio.

Quando ela se afasta para me olhar, percebo que uma chama, uma espécie de calor, começa timidamente a derreter o gelo da máscara glacial que ela inconscientemente usa para esconder suas emoções e pensamentos.

Elsa sussurra, meio sem jeito:

— Acho melhor a gente ir...

— Ok. — Concordo com a cabeça.

Seu idiota!, exclamo mentalmente. Parabéns, você conseguiu confundir a cabeça da semideusa e acabar com o resto da noite por causa disso.

Elsa provavelmente nunca nem foi beijada, então imagino o quanto seja difícil digerir o que está acontecendo, principalmente por causa da natureza fria herdada da mãe.

— Vamos. — Pego sua mão, guiando-a de volta para o corredor.

E de repente, me flagro curioso com uma coisa: Quione ainda não acabou comigo.

A exceção no juramento também não diz que uma certa deusa da neve não pode atrapalhar um pouquinho transformando os pretendentes em pinguins.

Pelos deuses, cara, por que a minha vida tem que ser tão difícil?!

Olho para trás discretamente por cima do ombro. Elsa mira os pés, o rosto genuinamente confuso, tão perdida em pensamentos que nem parece estar aqui comigo, provavelmente está procurando alguma lógica no que sente, se é bom ou ruim, uma forma de lidar com isso. É, definitivamente ela não sabe nada sobre relacionamentos.

Giro a maçaneta e abro a porta, passando para dentro logo após a semideusa e deixando o cajado num canto do quarto.

— Se quiser um cobertor ou qualquer coisa, me avisa — digo.

Me viro para ir dormir e...

— Jack, espera! — Ela me puxa de volta de vez, o tom de voz urgente.

— O que foi? — O aperto dela ainda firme no meu braço.
Ela engole seco, retorcendo a barra da camiseta, desviando os olhos e, mesmo no quarto mal iluminado, posso ver um rubor se espalhar violentamente pelo seu rosto. Não consigo conter o riso que cruza meus lábios.

— Qual é o problema, floquinho?

Ela me solta, meio constrangida.

— Não, nenhum problema, é só que... Bom, eu... Eu queria testar uma coisa.

— Testar? — Arqueio a sobrancelha.

— Sim, sim, e-eu quero fazer um experimento.

Cruzo os braços, intrigado.

Solstício de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora