Capítulo 51 - Linhas de Frente

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Notas iniciais: perdoem a demora e leiam as notas finais. Se alguém quiser fazer mídia pro capítulo, aceito kkk (se colar, colou).

Boa leitura :)

***


Hiro*

Poucos minutos atrás


A raiva queima dentro de mim, como se tivesse lava quente pulsando nas minhas veias. Cada vez que pisco, imagino minha amiga morrendo de uma maneira diferente no Acampamento Júpiter. Eu deveria ter parado Vanellope, amarrado aquela tampinha na sela do meu dragão, mesmo sabendo que ela ia espernear e me bater, mas cada chute valeria a pena se eu soubesse com certeza que a filha de Mercúrio ficaria bem.

Agora, meus punhos fechados são duas bolas de fogo, vibrando no mesmo ritmo caótico dos anéis de aço que ganhei de Hefesto. Sinto meus olhos quentes ao mirar o portal de escuridão ao tempo que minhas pernas correm a toda velocidade pra cima dele. A filha de Hades, Alice, pula pra longe como uma galinha assustada, o que me faria ter um ataque de risos se eu não estivesse tão furioso. Com o caminho livre, sou uma bala cortando o vento para as trevas.

— Hiro! — É a voz de Elsa.

Tarde demais, sei que estou com um sorrisinho insolente. Já fui engolido pela escuridão.

A viagem nas sombras é diferente dessa vez. Durante a fração de segundo que demoro em fazer a travessia, não sinto frio, não ouço sussurros e lamentos de fantasmas. Ao invés disso, um som arranhado ecoa da garganta dos espectros apavorados pela minha luz e pelo dragão em chamas que surgiu repentinamente atrás de mim, perfurando as sombras e desembocando para o outro lado antes de mim.

Termino a travessia e desemboco para a floresta onde dezenas de semideuses estão espalhados, escondidos atrás de rochedos e árvores, e que se assustam com o dragão vermelho e com o menino de fogo que eu sou. Mas não os percebo de verdade.

Estou mais preocupado com as informações no visor de vidro do capacete tecnológico da armadura violeta muito maneira que estou usando, que projeta linhas e letras virtuais diante dos meus olhos, indicando os alvos do outro lado do campo, preparando as catapultas além da floresta onde está a linha de frente montada pelos meio-sangues – são os blemmyae, monstros sem cabeça com o rosto no meio do peito. Abro um sorrisinho, mesmo que eu esteja completamente desesperado. Pelo menos, sou o semideus mais equipado de todos os tempos (valeu, Calipso!).

— Ahhhhrrr! — Grito um rosnado furioso ao correr pelo descampado, na direção das linhas de frente inimigas.

Num primeiro momento, as criaturas – e até os próprios semideuses – ficam parados, sem entender nada, digerindo o fato de que tem um moleque magrelo e tapado correndo para o meio de um exército ao lado de um dragão assustador e meio idiota. Até que finalmente percebam que sou uma das Estações (se não fosse, ninguém teria feito nada, no máximo um monstro entediado tentaria me bater) e logo uma onda de berros de guerra se levanta dos dois lados.

Flechas cruzam o céu quando a arquearia se prontifica a me cobrir, assim que uma horda de blemmyae começa a avançar na minha direção. Mas alguns continuam de pé, de forma que o dragão atrás de mim seja veloz em abrir a boca mortal e disparar a labareda incandescente que levanta uma cortina de fogo no chão e me protege, fazendo os inimigos se afastarem.

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