Capítulo 37 - De mal a pior

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Hiro*

- Então você não se lembra de nada? - Vanellope estreita os olhos para Nico di Angelo, sentada ao meu lado. - Nadinha mesmo, nem um pouquinho?

Eu até posso não conhecer a semideusa há muito tempo, mas já sabia que ela tinha duas coisas muito curtas: as pernas e a paciência. Agora que ficamos, hã... Tomando de conta do filho de Hades, a tampinha encontrou a oportunidade perfeita pra fazer um interrogatório. Vanellope parece ansiosa demais, acho que ela não gosta nem um pouquinho de se sentir em desvantagem numa batalha e saber os segredos que as lembranças dos Campeões de Lissa escondem pode virar o jogo com Urano.

Só que di Angelo não escapou da síndrome de amnesite aguda, então, ele acaba sacudindo a cabeça e encolhendo os ombros, brincando com uma folha seca quebradiça:

- Eu já disse que não tenho ideia do que aconteceu, queria poder ajudar, mas agora tenho que... Érr... - Ele se perde com as palavras quando percebe a presença da filha de Morfeu, que não saía de perto dele de jeito nenhum e agora está sentada ao seu lado com um sorrisão, se inclinando empolgada em sua direção com olhos brilhantes.

Ela apoia o rosto entre as mãos, o sorriso enorme ainda maior:

- Pode continuar.

Alice, que passava ao fundo, para de andar ao notar a amiga e rola os olhos, se dirigindo à semideusa e a puxando pela gola da camiseta.

- Vamos, Bia, não assuste o Nico com seus ataques "fangirling".

- O quê?! Mas eu só...

- Shh! Sem reclamar. - A filha de Hades a arrasta para longe, olhando pra gente e movendo os lábios sem fazer som ao nos dizer: - Liga não, ela é louca, louquinha!

Bia choraminga fazendo um biquinho, erguendo a mão dramaticamente na direção do di Angelo e se afastando a contragosto.

Nico limpa a garganta antes de se virar pra mim e prosseguir:

- Como eu tava dizendo, preciso voltar para o Acampamento Meio-Sangue agora.

- Long Island fica do outro lado do país, parceiro - contraponho. - E precisamos de você aqui, pra recuperar sua memória e tudo mais.

- O que você tem de tão urgente pra fazer em Nova York, hein? - Vanellope ergue a sobrancelha. - Todo mundo sabe que com esse tanto de monstros por aí, se separar do grupo é uma sentença de morte, cara.

Mas o semideus não se convence.

- Vai ser só por uma hora, sem falar que posso viajar nas sombras até lá.

Faço uma careta.

- Pensei que viagem nas sombras te deixasse fraco.

- E deixa - quem responde é Annabeth, que aparece por trás de mim de braços cruzados no peito; uma sobrancelha erguida.

- Não pode me impedir de ir - Nico fala na defensiva. - No meu lugar faria a mesma coisa.

Vanellope cochicha discretamente no meu ouvido.

- Do que eles estão falando mesmo?

- Do namorado dele, acho. - Dou de ombros e, vendo que Annabeth parecia querer privacidade, acrescento: - Vamos, o meu dragão deve tá fazendo o seu ciclope de brinquedinho de morder.

- Sem essa, miolo-mole - ela se levanta logo atrás de mim, batendo as roupas e me apontando o taco de beisebol desafiadoramente ao andar. - O meu ciclope deve estar usando o seu dragão de palito de dentes agora.

Antes que Vanellope possa reagir, tomo o taco da mão dela, levantando bem acima da cabeça para analisa-lo enquanto ela pula, tentando alcançar.

- Ei, isso é golpe baixo!

Solstício de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora