Capítulo 38 - Aliança

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Notas iniciais: ~ No som da musiquinha do Bob ~ Vocês estão prontas, crianças?

Soluço*


Parece que nem as Parcas escapam de um bloqueio de ideias.

Basta olhar pra gente, capturados pelos gregos e romanos rebeldes, e se percebe que as senhoras fiadoras do destino não estão muito inspiradas. Nem parece que foi ontem que eu estava nessa mesma situação, refém de cordas apertadas e vítima de uma perna mecânica confiscada. Só depois de uma breve e perigosa discussão com a irritadiça líder dos arqueiros, America Singer, que Jack pôde ser minha perna esquerda, quando teve permissão concedida de Kristoff – o segundo pretor no comando e o cara com quem Astrid, Vanellope, Flynn e mais um punhado de semideuses mantém uma aliança secreta para tentar tirar Hans do poder no Acampamento Júpiter.

— Nunca vi tantos babacas reunidos num lugar só — Frost resmunga.

Ele passa meu braço por cima do seu ombro; o Guardião do inverno é tão frio que me faz bater os dentes, mas meu sangue esquenta quando avisto um grupo de semideuses com uma dupla de ciclopes auxiliares colocando os dragões desacordados em jaulas. Meus olhos queimam de raiva.

— Juro pelo Estige que quem fez aquilo com os meus dragões vai pagar muito caro.

Jack me ajuda a caminhar, encolhendo os ombros:

— Pra isso acontecer, antes você tem que dar um jeito de conseguir andar sozinho.

— Calem a boca se não quiserem perder a língua — Flynn, que nos escoltava bem atrás de Elsa, aconselha. — Vão por mim, esses caras adoram fazer esse tipo de coisa.

Frost bufa, irritado, permanecendo quieto em seguida. Enquanto marchamos atrás de Hans, que carrega a Foice montado em seu pégaso como o Imperador romano que ele pensa que é, passo os olhos ao redor procurando pelos meus amigos.

Mesmo feridos, Percy e Annabeth não se deixam vencer pelo cansaço, tropeçando pela floresta logo atrás de uma Rapunzel abatida ao lado de um Tadashi inteiramente revoltado. Vanellope discute com um guarda, distraindo-o de forma que consiga dar cobertura a Hiro, que discretamente se esforça para queimar as cordas que atam suas mãos, mas as fagulhas são inúteis; estou certo de que aquelas amarras são feitas de algum material à prova de fogo.

Não perco tempo procurando por Nico di Angelo ou pelas duas semideusas novatas, porque sei que não estão aqui. Por algum motivo, os três voltaram para o Acampamento Meio-Sangue. A mordaça em Astrid pode ter calado a boca dela, mas nada conseguiria tirar o olhar assustador que ela mantém nos olhos azuis furiosos enquanto marcha; as cordas do pulso amarradas na cela da rena que carrega Kristoff. Não sei como o cara consegue fingir por tanto tempo que apoia as ideias do Hans, muito menos como consegue parecer tão calmo ao fazer os amigos de prisioneiros.

— Toda a legião está exausta — Flynn avisa em tom baixo, depositando uma barra de ambrósia sorrateiramente no meu bolso. — Vamos tentar convencer o pretor a fazer uma parada. Fiquem atentos, é aí que vamos atacar de surpresa.

Tenho de concordar com o filho de Hermes, todos os meios-sangues, inimigos ou não, estão completamente cansados. Kristoff trota em seu alce até alcançar Hans, que seguia na frente. Eles estão longe demais para que eu possa ouvir alguma coisa, mas imagino que Hans esteja sendo convencido a fazer uma parada, porque é o que ele ordena logo em seguida:

— Legion requiem! Separatum captivos, levabit castra.

Somos todos separados em pequenos grupos, provavelmente para evitar outra fuga. Jack, Elsa e eu somos vigiados de perto por uma garota de cabelo preto e um loiro de passos felinos que nunca vi na vida, recém-chegados no Acampamento, imagino. Os dois voltam a prender meus pulsos e os de Jack, e nos conduzem para a parte mais distante do descampado onde paramos, de modo que tivéssemos uma visão privilegiada do grupo enquanto sentamos nas raízes desconfortáveis aos pés de uma árvore.

Solstício de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora