Capítulo 50 - Avançar

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Notas iniciais: tenho um convite interessante para as duas primeiras pessoas que votarem e comentarem. ~Falei e corri.

***

Elsa*

Alice não estava brincando ao dizer que é perita em viagens nas sombras.

Lembro a primeira (e, se Zeus permitir, a última) vez que viajei nas sombras. Foi durante a luta contra Nico di Angelo, uma espécie de teletransporte arrepiante que me dá calafrios toda vez que penso sobre isso. Então não é de se estranhar o quanto Alice pareça impressionante por atravessar um exército inteiro de semideuses, centenas de quilômetros de Long Island até aqui, no Texas.

Mas não pense que ela fez isso usando apenas um único portal. Não. Nem Nico conseguiria fazer o que ela fez – inúmeros rasgos de escuridão em locais estratégicos da floresta, que se dilataram em portais sombrios para trazer as tropas do Acampamento Meio-Sangue, divididos em grupos, de forma que os semideuses ficassem espalhados pelo mapa, de tocaia, só esperando o comando para atacar. Sei que existe um exército lá em baixo, entre as árvores e os pequenos rochedos cinza-pardos, mas daqui, do alto do penhasco onde estou, a floresta texana parece apenas silenciosa e vazia, banhada pelos primeiros raios do amanhecer.

— Bela armadura — Jack se aproxima, apontando com o cajado para o metal reluzente que me protege: cumprimentos de Calipso.

A feiticeira havia feito uma para cada um de nós que iríamos subir aos Jardins de Éolo. As armaduras não são apenas equipamentos de guerra, são também uma mistura de arte e magia pura. A de Jack é de um azul escuro, forjada com um material leve e resistente, que não atrapalhará seu voo e, nas palavras do Guardião, também "dá pra aguentar as porradas que ele vai levar por mim". Ela não vai congelar com temperaturas frias, assim como a minha, que é trabalhada em tons de azul e prata, tão leve que quase esqueci que a estava usando por cima das roupas.

Por fim, respondo:

— É, mas heróis de verdade não usam armaduras brilhantes. Eles se cobrem de metal arranhado, sangue e cicatrizes.

Ele revira os olhos, bufando.

— Você não podia ter herdado só a beleza de Quione? Tinha que ser tão teimosa também?

— Se depender do seu plano, o que farei hoje será apenas roubar a Foice e acertar Urano com um único golpe. Você é um bom estrategista, Jack, mas isso... Isso não é tudo o que eu pretendo fazer.

Ele solta a respiração pesada, dando dois passos em minha direção, o bastante para tomar minhas mãos nas suas, depositando um beijo em cada uma e levantando os olhos para os meus.

— Eu não planejei as coisas assim só porque sou o seu Guardião, Elsa. Fiz isso porque sei que é assim que as coisas devem acontecer para impedir as maluquices de Urano.

"O Cajado guia os quatro filhos de estação para levar o Céu à destruição", é o trecho que recito em minha mente. A parte racional da minha cabeça entende as decisões que ele tomou, mas o meu instinto – ou apenas teimosia, como ele diz – grita sem cessar.

Frost carinhosamente encosta a testa na minha; fecho os olhos, seu nariz riscando o meu.

— Amanhã você vai estar com Anna no Acampamento Meio-Sangue — ele diz, e sinto as notas de diversão alterando sua voz em sequência —, e eu vou estar no Olimpo, porque depois de hoje, Afrodite com certeza vai notar o meu talento e me chamar pra jantar.

Eu o empurro no meio do peito com uma risada que explode nos meus lábios e afasta o medo que me dominava. O efeito, porém, dura pouco.

— Acha que Urano tem mesmo tantos soldados assim? — Uno as sobrancelhas, dedilhando o floco de neve da gargantilha que ganhei de aniversário. — Tantos que daria conta de cobrir a Ilha de Éolo, o solo abaixo dela, o espaço aéreo ao redor e mais a floresta?

Solstício de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora