Capítulo 35 - Desistência

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Elsa*

O hobbie da maioria das pessoas é desenhar ou jogar futebol, palavras cruzadas... O hobbie das Parcas é pegar no meu pé.

É frustrante, mas parece que as três fiadoras do destino acham muito engraçado ver eu me dando mal na vida. Elas devem estar agora mesmo rindo e apontando para mim, enquanto minha barriga esfria dolorosamente logo após as palavras do filho de Hades. Minhas juntas parecem ter congelado, mas consigo não gritar e correr como uma louca.

Louca, minha mente ecoa.

- Você é o Segundo Campeão da deusa Lissa? - Desentalo da garganta por fim, tentando ganhar tempo para que os outros montem alguma estratégia. - Ela mexeu com a cabeça do Percy, deixou ele meio louco. Aconteceu o mesmo com você?

O semideus balança a cabeça negativamente:

- Ela me alertou para o que os Olimpianos estão fazendo, para o que sempre fizeram. - Contrapõe. - Lissa me prometeu que Urano iria poupar quem eu quisesse.

Vanellope bufa como quem diz "mas quanta besteira!":

- Sabe que ela é a deusa da loucura, certo?

- Ela é louca, não mentirosa.

- Lissa está do outro lado da linha - digo -, ela vai falar qualquer coisa para te levar pro lado de Urano. Inclusive mentir.

- Hum - ele pondera, coçando o queixo de maneira teatral -, eu posso sentir a morte exalar do chão... Então acho que a deusa não mentiu quando disse que eu encontraria vocês bem em cima de um cemitério.

Cemitério, um calafrio estremece meu corpo. Isso quer dizer que existe um exército de mortos embaixo dos nossos pés, só esperando para atacar. No entanto...

- Eu não vejo lápides - cruzo os braços em tom de desafio, secretamente tentando ser otimista.

- Ah, mas houve um banho de sangue nesse lugar... Você parece esperta, filha de Quione, aposto que já ouviu falar das centenas de negros assassinados pelos brancos sulistas intolerantes que não aceitavam o fim da escravidão. Ah... - O semideus aspira profundamente, como se apreciasse o aroma de extermínio. - Os mortos injustiçados são os piores, sempre voltam mais violentos.

Solto uma risada leve, rezando para não parecer completamente desesperada ao apelar:

- Espera, não é a primeira vez que um primordial pretende destruir o mundo, sei que já passou por isso antes. Eu, Percy, Annabeth... Todos aqui são seus amigos, você não quer machucar ninguém.

O semideus pisca confuso, esboçando falsa ingenuidade.

- Ah, não, eu quero sim - um brilho perverso escurece os olhos do filho do senhor do submundo e finalmente a loucura de Lissa se reflete nítida ali -, não faz ideia do quanto eu vou gostar de matar todos vocês.

Assustada demais para perceber, cambaleio dois passos para trás quando Nico Di Angelo desembainha a espada de ferro estígio, a lâmina negra reluzente e mortal como o sorriso perturbador em seu rosto entusiasmado ao perguntar:

- Quem aí tá afim de ver papai Hades primeiro?!

Ele ergue a espada e a crava fundo no solo, que treme e racha sob nossos pés, num terremoto que nos desequilibra.

Nico joga a cabeça para trás numa gargalhada ensandecida, puxando a lâmina do solo e a apontando em nossa direção ao ordenar:

- Matem todos!

Annabeth solta um grito estridente quando uma mão sai de vez da terra e agarra seu tornozelo; um morto-vivo brota do chão, raivoso, e ataca Percy pelas costas.

Solstício de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora