O Desconhecido

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Futuramente o livro irá passar por revisão de português e conceitos.

Hanna

Quatro.Quatro semanas sem nenhuma comunicação direta com alguém.Quatro semanas sem ver a luz do sol, ou o brilho da lua, ou alguma árvore, ou sentir a brisa matinal.
Quatro semanas mantida presa em um quarto cinza apenas com uma lâmpada branca, uma porta, uma cama, uma mesinha com cadeira e um lápis ao lado de um caderninho.

Nesse tempo, já comecei minha nova e estranha rotina.Acordo, tomo o café da manhã (coisa simples, um pão com pouca manteiga, café com leite e uma maçã)  que é arrastado por baixo de um espaço entre a porta e o chão, escrevo três desejos no caderno, desenho algo na parede com a unha (por algum movito, a pintura está instável o suficiente para isso), almoço (arroz, feijão, bife e salada), passo pela purificação (mais detalhes mais tarde), fico deitada por horas, janto (mesma comida do almoço), escrevo o que estou sentindo e durmo no chão sem motivo.

Aonde estou?Também quero saber.Mas tudo começou a exatamente quatro semanas atrás...

***

Acordo com o ombro enfaixado, minha testa com um curativo e com o corpo perfeitamente deitado pra cima de braços brevemente abertos, o que nunca consegui fazer enquanto eu durmo.

Observo o quarto cinza rapidamente, um pouco confusa com a situação.A luz ilumina minha roupa, que está rasgada em pontos aleatórios.O couro da minha jaqueta já não brilha e o jeans está furado nas pernas.

Me levanto com dificuldade por causa da dor no ombro e caminho lentamente na direção da porta.
Quando me aproximo, percebo que ela não possui maçaneta.Me concentro nela, mas não sinto nada.
Na verdade, nem consigo me concentrar.

O quarto gira e eu caio no chão, imóvel.Fico lá, sem ter coragem de tentar me levantar novamente com medo de que eu caia novamente.Mal consigo manter os olhos abertos por causa da visão embaçada.

Ouço o rangido da porta se abrindo.A madeira (ou seria metal?) encosta no meu pé e logo um par de mãos apanha meus braços, me levantando e me conduzindo por um caminho desconhecido.Tento abrir os olhos e focar em algo, mas o mundo gira de tal forma que minha cabeça dói.

Depois de virar vários corredores, ou eu acho que foram vários já que não vejo nada, sou obrigada a sentar em algum lugar.As mãos colocam meus braços no apoio da cadeira e uma agulha logo perfura meu braço.Mal percebo a breve dor.Quando o misterioso líquido corre no meu sangue, aos poucos o mundo para de girar.A injeção deve ser um tipo de adrenalina.

Já consigo abrir os olhos normalmente e a visão está focada o suficiente para poder estudar o novo local onde me localizo.Assim como aquele quarto, é cinza, mas esse contém apenas duas cadeiras, cujo uma eu estou sentada, e uma mesa entre as duas.Esse local é menor e mais claustrofóbico.A porta dessa sala também não tem maçaneta, o que piora a situação.

Meu corpo está fraco agora, talvez seja efeito da injeção.Ainda não sinto meus poderes agindo.Quero ficar em pé, mas minhas pernas estão cansadas.

Espero vinte minutos até a porta se abrir, não consigo ver nada através dela já que um homem à atravessa.Ela se fecha rapidamente atrás dele.

Estudo o cara que se senta na outra cadeira.Ele é alto e forte.Seu cabelo e barba são grisalhos.Aparenta ter uns 52 anos, mas é bem bonito para a sua idade.Bonito até demais.Sua pele é branca e seu rosto não contém rugas ou qualquer marca da idade.Seus olhos são negros.Ele parece um ator galã cinquentão.Sua roupa é composta por calça jeans e blusa cinza.

-Olá, garota.-o homem me cumprimenta, me prendendo ao seu olhar.Sua voz não é grossa, é calma e rígida.-Você foi a sorte da maioria dos seus colegas.A asiática me falou que foi você que os fez desviar do nosso tiro.Se não fosse esse simples gesto, todos estariam mortos pelo tiro certeiro.Mas isso custou um ombro quebrado, porém isso mostra seu altruísmo.

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