Os Exilados

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Hanna

Cinco dias depois que descobri que Erik está vivo.Estou aliviada agora.
Troco o desejo de vê-lo por querer comer queijo cheddar, o que me faz lembrar de Padma.

Tento comer meu almoço sem me prender a lembranças.Hayle disse que, possivelmente, hoje serei liberada.Nunca estive tão ansiosa pra sair de um lugar.

Quando ela vem me buscar para a purificação, acabo me exaltando em querer chegar no salão.

-Ei, calminha ai, mocinha.-Hayle me adverte.-O mundo não vai fugir de você.

-Desculpe.Podemos acelerar?-pergunto, mas ela não responde.

Entro no salão e o material do teto libera ondas eletromagnéticas.Tento levitar uma pilastra de granito enorme, o que é bem difícil por causa do peço.

-Hanna, essa não.Você já tentou levitar ela todos os dias e nunca conseguiu.-Hayle me alerta pelas caixas de sons.

-Eu... consigo.-falo com dificuldade, tentando levantar o peso da pilastra com todo o custo.

Posso sentir sua base se afastar do chão.Apesar que ainda está bem pesado, consigo suportar o peso.

-Isso, continue a segurar.-Hayle me apoia.

-E depois... queria que eu... soltasse a pilastra.-reviro os olhos.

-Só mais um pouquinho...-ouço sua voz dizer.

Quando estou prestes a por o negócio no chão, os sons soltam um barulho agudo e eu assusto.Com isso, libero um pulso enorme na pilastra, que, quando atingida, é quase completamente destroçada.Pedaços dela voam para todo lado, mas não me atingem.

-Uau!Bom trabalho, Hanna!-Hayle me parabeniza.-Vá para o portão, vamos fazer seus exames.

Obedeço e me aproximo do portão, que se abre lentamente.Os escoltas já estão à minha espera e logo Hayle aparece.Eles me levam até uma longa sala cheio de alas médicas separadas por cortinas de plástico, bem diferente da enfermaria do acampamento, mas aqui é mais agitado e frequentado.

Entro na ala 17 e sento no leito.Um doutor de meia idade me pede para expor meu braço e eu puxo a manga da blusa.Ele retira um pequeno frasco de sangue cheio e coloca em cima de um prato que é apoiado por uma maquininha.

-O que estão fazendo?-pergunto.

-Analisando seu sangue.Se ele ainda estiver com o Berc, o campo eletromagnético do metal que irá fazer o frasco flutuar também fará que o sangue fique um pouco branco.
Caso contrário, será liberada hoje.-o doutor me responde.

-A amostra do primeiro frasco...-Hayle coloca outro no prato.-... é o seu antigo.A comparação irá nos dar a resposta.

O doutor digita em vários botões do painel da máquina debaixo do prato e eu aguardo ansiosamente.Não fique branco, não fique branco, não fique branco!

Os frascos flutuam, e o com minha amostra antiga muda quase totalmente para o branco.Porém, o meu atual, não apresenta nenhuma mudança.

-Uhul!-comemoro alto demais para várias pessoas me olharem.-Desculpa, gente.Me empolguei.

-Parece que você está liberada.-Hayle fala, me entregando uma toalha com um conjunto de roupas.Apenas uma blusa de algodão, uma calça jeans, uma jaquena de couro com um pentágono de outro tecido vazio no meio do seu peito e um par de tênis.
Tudo é preto.-Me acompanhe.

Passamos por corredores que eu ainda não tinha passado.Pessoas com roupas diferentes vão surgindo pelos corredores.Algumas até se vestem como cidadãos normais.Vejo várias crianças em todo lugar.

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