Novatos

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Erik

Um mês atrás.

Acordo em uma sala cinza sentado em uma cadeira.Tento me mexer, mas a dor range em todo meu corpo.Olho para meus braços, que estão presos nos apoios da cadeira por algemas de jótum.Ambos estão cheios de hematomas.

A dor de cabeça logo começa e dores constantes vão surgindo em vários locais no meu corpo.O mundo gira violentamente quando a porta do local onde estou se abre e uma agulha perfura meu braço.Segundos depois meu foco é recuperado e a dor de cabeça vai sumindo.

Vejo um homem velho e forte sentado do outro lado da mesa.Ele me analisa por um minuto.

-Erik, não é?-ele pergunta.

-Como sabe meu nome?-minha voz está rouca, mas falo alto o suficiente para ele ouvir.

-Sua irmã, Hanna, me...-ele responde.

-O que fizeram com ela?-indago interrompendo ele, arrastando a cadeira um pouco pra frente tentando me soltar.

-Qualquer informação referente a ela ou à seu grupo é confidencial temporariamente.-ele responde com a mais calma possível.

-É melhor que não tenha tocado nela...-rosno.

-Não há necessidade de sua revolta, meu jovem.Meu nome é Maxwell.-ele se apresenta e começa a contar sobre o que houve com a gente, sobre o que sabem sobre a gente e o básico sobre o que é isso tudo.E depois conta que conversou com Hanna.-Ela está bem, apesar do ombro quebrado.Ela foi até mais esperta que você se segurando em algum lugar.Você estava no chão.
Por incrível que pareça, está com ferimentos leves.

-Não sei se devo confiar no que você diz.É tudo muito suspeito.-falo.

-Não tem o porque disso.-ele me encara.-Faça a purificação e, logo depois, poderá entender isso tudo, além de, eu te garanto, ter sua irmã de volta.

Aceno e ele sai da sala.Em seguida dois caras vestindo couro entram na sala, me soltam e me escoltam até um quarto com a mesma pintura, cama, mesa e cadeira no canto, lápis e caderno.

Fico vários dias na mesma rotina.
Acordo, tomo o café da manhã, faço desenhos no caderno, danço, almoço, passo pela purificação, danço novamente, janto, escrevo coisas aleatórias e durmo.Meu "encontro" acidental com Hanna não mudou em nada, só me deixou mais ancioso.

No trigésimo dia do meu cárcere privado... digo, da minha quarentena... Hayle, a mulher loira que parece uma dançarina erótica dos filmes pra maiores de 16... não que eu já tenha visto algum... entra na sala e me leva pelos corredores.

Vejo várias pessoas com roupas de verão, a maioria procurando atendimento com algum médico.
Hayle me para de frente à uma porta e me entrega roupas pretas e um par de botas junto com uma toalha.

Entro no local, percebendo que é um vestiário.Tiro minha roupa e tomo banho de água quente.A sensação é a melhor coisa que senti em meses.Os hematomas das batidas da queda da aeronave sumiram já faz algum tempo e a água relaxa os poucos lugares ainda doloridos.Dou um giro para que a água se espalhe.

Saio do box, me enxugo e me visto.
Percebo um pentágono feito de outro tecido em minha blusa, como se algum emblema devia ocupar aquele espaço.

Saio do vestiário e Hayle me leva para fora daquele lugar que parecia ser um hospital.Fico impressionado vendo os prédios antigos por toda parte.Na verdade, é até emocionante ver algum prédio novamente.

Ela abre a porta de uma vã azul encostada na calçada revelando duas pessoas sentadas em um dos quatro bancos.Um garoto jovem de pele escura e uma mulher loira incrivelmente bonita.Ambos se vestem da mesma forma que eu, mas o espaço em seu peito está ocupado.

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