Capítulo 6

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A ORQUESTRA TOCAVA UMA VALSA ENQUANTO A

PROCISSÃO de convidados entrava pela galeria leste. Este salão de festas

era a maior sala em toda Londres, e, mesmo agora, entrar naquele espaço

enorme me fazia sentir como se estivesse encolhendo, como em Alice no País

das Maravilhas.

Mary e eu descemos a escada principal para dar pessoalmente as

boas-vindas aos nossos convidados. Como ditava a tradição, ficávamos no

salão principal sob o teto folheado a ouro, cumprimentando cada

convidado com um sorriso e uma reverência educada.

Até que finalmente chegou a hora da dança escocesa, uma tradição

do Baile das Rosas que vinha desde a rainha Elizabeth I. Os homens

deveriam chamar seus amores secretos para dançar e assim lhes fazer a

Eu me afundei graciosamente no sofá branco adamascado ao lado de

Lady Eleanor Blume, que era muito velhinha e tinha cochilado com a cabeça

apoiada na bengala, e fiquei assistindo a um jovem bonito se aproximar de

Mary para dançar. Ela colocou a mão na palma aberta da mão dele com

maestria, e os dois deslizaram para o centro da sala.

Toquei no delicado bordado da bainha do meu vestido, imaginando

a noite em que meus pais se conheceram e pensando no amor verdadeiro e

duradouro que viveram. Olhei para todos os meninos e homens na sala, mas

não conseguia me imaginar me apaixonando por nenhum deles.

— Mas por que uma menina linda como você está sentada sozinha

nesse baile? — Meu pai estava em pé na minha frente, barbeado e com o

cabelo penteado para trás. — Pode me dar a honra dessa dança, minha

querida Eliza?

Olhei para ele e respondi: — Ainda estou brava com você.

— Me desculpe — ele disse simplesmente. — Eu devia ter

explicado o que de fato estava acontecendo no início do verão.

Eu nunca deixarei ninguém machucar esta família de novo — Ele fixou o

olhar no meu e estendeu os braços novamente. — Então, pode me dar a

honra dessa dança?

— Pai — eu suspirei —, você sabe que eu danço muito mal. Meus

pés se atrapalham.

— Eu sou o rei da Inglaterra e ordeno que você se apoie nos meus

pés — ele disse de maneira solene e piscou para mim.

Resmunguei, mas me levantei e segurei na mão dele. E coloquei

meus pés em cima dos sapatos pretos e lustrosos que ele estava usando.

— Você é mais pesada do que eu me lembrava — ele provocou.

— Isso foi ideia sua — encostei a cabeça no peito do meu pai e

fechei os olhos, enquanto ele se esforçava para mexer os pés sob meu peso.

Finalmente ri e saí de cima dos pés dele, tentando seguir-lhe os passos.

A Última PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora