Capítulo 8

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MEUS PULMÕES DOÍAM ENQUANTO EU CAMINHAVA PELA

estrada deserta.

Eu tinha perdido os soldados de vista horas atrás, mas, apesar da

exaustão, continuava seguindo firme e em frente. Eu tinha saído correndo

do palácio atrás dos caminhões, perseguindo-os rua após rua, as luzes

traseiras ficando cada vez mais apagadas enquanto eu ia ficando para trás.

Agora sentia os pés doerem, as sapatilhas de seda rasgadas e em farrapos.

Mas eu precisava continuar. Mantive-me na estrada seguindo na mesma

direção em que tinha visto os caminhões pela última vez. De vez em

quando, sentia cheiro de diesel e sabia que estava no caminho certo.

Ninguém mais tinha carros além da Família Real — e, agora, de Cornelius

Hollister.

Eu não fazia ideia de quanto tinha caminhado, apenas me guiava

pelo rio Tâmisa. Apesar de cheirar a salmoura e a lixo, a presença familiar

dele, sempre como uma sombra negra à minha esquerda, era estranhamente

reconfortante. Eu sabia, por conta da posição do rio, que estava indo para o

sudoeste.

Olhei para os subúrbios desolados à minha volta. Nenhuma pessoa

à vista, nenhuma luz nas ruas. Um bando de ratos cruzou a rua em

debandada e desapareceu em um bueiro. Eu tremi. Meu vestido pêssego

praticamente não oferecia nenhuma proteção contra os ventos cortantes

que vinham do rio. Eu estava congelando; tinha perdido o suéter de Jamie

em algum momento da minha fuga. Jamie. Meus joelhos cederam quando

pensei na expressão no rosto do meu irmão quando o levaram. Mas

balancei a cabeça, tentando expulsar essa lembrança. Eu não podia pensar

sobre a noite passada, não ainda — porque, quando me lembrava, quando

encarava o fato de que meu pai tinha morrido e que meus irmãos tinham

sido capturados, eu sofria, mas não podia fazer isso agora. Eu não podia

Ouvi um ruído de pneus atrás de mim. Por meio segundo me

permiti pensar que era o Exército Real vindo me resgatar, mas eu sabia que

isso não era possível. Não existia mais Exército Real. Então corri para o

acostamento da estrada, me escondendo na entrada escura de um prédio

recoberto por tábuas de madeira, torcendo para não ser vista.

Um caminhão se arrastou pela estrada, indo na mesma direção que

eu. E estava grafitado com a mesma mensagem que eu havia visto antes: A

NOVA GUARDA ESTÁ SURGINDO.

Comecei a correr atrás dele, mas diminuí o passo depois de poucos

minutos. Se eu pudesse seguir um desses caminhões, ele me levaria ao

acampamento de Cornelius Hollister. Mas eu nunca ia conseguir

acompanhá-los a pé.

Da próxima vez, eu estaria preparada.

A Última PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora