Capítulo 7

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MARY SE ATRAPALHOU COM O FERROLHO DA ESCADA DE

serviço por causa das mãos trêmulas. Eu cobri os ouvidos, tentando

bloquear os gritos e o som dos tiros e dos cascos dos cavalos. Finalmente,

ela empurrou a porta, entrou correndo e me puxou bruscamente atrás dela.

Eu a segui pela escada estreita, segurando firme meu vestido para

não tropeçar. Mary corria de maneira decidida, e os passos firmes e rápidos

da minha irmã me diziam o que eu ainda me recusava a encarar: ela agora

era rainha da Inglaterra.

Ao atingir o topo da escada, chegamos a um longo corredor com

tapetes persas e molduras de madeira escura, no qual uma fileira de velas

iluminava nosso caminho. Em algum lugar do enorme labirinto de

corredores imaginei poder ouvir o exército de Hollister se aproximando.

Em uma porta logo à nossa frente havia uma placa pendurada e

ornada com uma faixa de blocos coloridos como o arco-íris e amarrados um

no outro. Nela lia-se "Quarto de Jamie". Arranquei a placa e o barbante se

partiu na minha mão. Os blocos caíram no chão. Eu tinha ajudado Jamie a

fazer essa placa quando ele tinha 4 anos. Lembro-me de nós dois sentados

na frente da lareira, tomando chocolate quente com mel, enquanto

costurávamos os blocos uns nos outros. Mesmo isso tendo acontecido

depois dos Dezessete Dias, de repente essa memória parecia ser de muito

antes — de tantos anos atrás que era de um tempo impossível de ser

lembrado.

Mary passou voando por mim e abriu a porta com um empurrão. O

quarto estava em silêncio, as cortinas azul-claras balançavam com o vento.

Sob a luz fraca, Mary e eu caminhamos até a cama de Jamie. A colcha estava

puxada de lado e a cama, vazia. Tudo que havia lá era o amado ursinho

Paddington do nosso irmão.

— Eles o levaram! — a voz de Mary tremeu de pânico. Fiquei

olhando incrédula para a cama vazia. Mary estendeu a mão para pegar o

ursinho caolho.

Eu queria conseguir sentir alguma coisa. Até chorar teria sido um

— Qual é o problema?

No meio da minha onda de tristeza eu devia estar imaginando a voz

do meu irmão. Levantei a cabeça. Na luz nebulosa, vi Jamie de pé na minha

frente, vestindo um pijama listrado de azul e branco, o cabelo todo

bagunçado.

— Jamie? — Minha voz fraquejou ao pronunciar o nome dele. — É

— Quem mais poderia ser?

— Jamie! — Mary exclamou, lágrimas escorrendo-lhe pelo rosto. —

Onde você estava? Você não estava na cama. A gente achou que... — ela

parecia estar dando uma bronca nele e Jamie deu um passo para trás,

A Última PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora