CORRI PELOS LONGOS CORREDORES ATÉ A ESCADA DOS
fundos, com Bella me seguindo de perto. Desci a escada de pedra aos pulos,
três ou quatro degraus de cada vez, segurando no corrimão com uma das
mãos para conseguir algum equilíbrio.
As galochas afundavam na lama enquanto eu corria pelo caminho
tortuoso que levava ao estábulo. Apenas três cavalos estavam lá fora no
pasto, e a égua de Jamie, Luna, não estava lá. Rapidamente, abri o portão de
madeira que dava para o campo.
— Jasper! Rápido, rápido.
Não havia tempo para me importar com selas ou rédeas, mas eu
cavalgava em Jasper sem sela desde que aprendi a andar. Subi no lombo
dele e virei-o para o bosque. Estávamos quase fora do portão quando vi um
cardigã verde-claro pendurado em uma estaca. Era de Jamie. Ele devia ter
deixado para trás quando a chuva parou. Imediatamente senti uma onda de
alívio. Ele não tinha saído há muito tempo, e, na velha e lenta Luna, não
poderia estar muito longe.
Se Jamie estava no bosque, eu iria precisar de uma arma. Os
Andarilhos podiam estar lá. Então peguei a única coisa que consegui
encontrar: uma faca velha com um cabo quebrado revestido de couro. Eu
poderia arremessá-la, ou, se viesse a precisar, usá-la para lutar. Depois dos
Dezessete Dias, sem telefones, computadores ou televisões, Mary e eu nos
divertíamos brincando de luta com as espadas reais. O Mestre de Armas
Real nos dava aulas, ensinando-nos a cortar, estocar e esquivar. Mary e eu
lutávamos esgrima uma contra a outra, apostando pequenos luxos que
ainda tínhamos do mundo anterior aos Dezessete Dias: um pedaço de
chocolate ou de chiclete de menta. Mais tarde, quando as porções de
comida do Governo acabaram, levávamos lanças e facas para os bosques em
volta de Balmoral e caçávamos cobras, pombos e algumas outras criaturas
que haviam sobrado. Fiquei surpresa ao descobrir que tinha uma pontaria
boa, ao contrário de Mary, que nunca conseguiu pegar o jeito de arremessar
uma faca.
— Bella, vem! — segurei o suéter para ela farejar. Bella conseguia
distinguir quase qualquer cheiro que lhe fosse mostrado. Polly e eu a
treinamos durante um verão, escondendo coisas na floresta — um
brinquedo, uma camiseta, um sapato velho — e recompensando-a com
biscoitos quando ela as encontrava. Bella farejou o suéter de cima a baixo.
— Vá buscar — eu disse com firmeza.
Ela abaixou o focinho, quase encostando-o na terra e, depois de
alguns segundos, partiu correndo na direção dos campos.
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A Última Princesa
Novela JuvenilUma série de desastres naturais dizimou a terra. Afastada do resto do mundo, a Inglaterra é um lugar sombrio. O sol raramente brilha, a comida é escassa e grupos de criminosos perambulam pelas florestas, buscando caça. As pessoas estão ficando indóc...