Capítulo 2

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CORRI PELOS LONGOS CORREDORES ATÉ A ESCADA DOS

fundos, com Bella me seguindo de perto. Desci a escada de pedra aos pulos,

três ou quatro degraus de cada vez, segurando no corrimão com uma das

mãos para conseguir algum equilíbrio.

As galochas afundavam na lama enquanto eu corria pelo caminho

tortuoso que levava ao estábulo. Apenas três cavalos estavam lá fora no

pasto, e a égua de Jamie, Luna, não estava lá. Rapidamente, abri o portão de

madeira que dava para o campo.

— Jasper! Rápido, rápido.

Não havia tempo para me importar com selas ou rédeas, mas eu

cavalgava em Jasper sem sela desde que aprendi a andar. Subi no lombo

dele e virei-o para o bosque. Estávamos quase fora do portão quando vi um

cardigã verde-claro pendurado em uma estaca. Era de Jamie. Ele devia ter

deixado para trás quando a chuva parou. Imediatamente senti uma onda de

alívio. Ele não tinha saído há muito tempo, e, na velha e lenta Luna, não

poderia estar muito longe.

Se Jamie estava no bosque, eu iria precisar de uma arma. Os

Andarilhos podiam estar lá. Então peguei a única coisa que consegui

encontrar: uma faca velha com um cabo quebrado revestido de couro. Eu

poderia arremessá-la, ou, se viesse a precisar, usá-la para lutar. Depois dos

Dezessete Dias, sem telefones, computadores ou televisões, Mary e eu nos

divertíamos brincando de luta com as espadas reais. O Mestre de Armas

Real nos dava aulas, ensinando-nos a cortar, estocar e esquivar. Mary e eu

lutávamos esgrima uma contra a outra, apostando pequenos luxos que

ainda tínhamos do mundo anterior aos Dezessete Dias: um pedaço de

chocolate ou de chiclete de menta. Mais tarde, quando as porções de

comida do Governo acabaram, levávamos lanças e facas para os bosques em

volta de Balmoral e caçávamos cobras, pombos e algumas outras criaturas

que haviam sobrado. Fiquei surpresa ao descobrir que tinha uma pontaria

boa, ao contrário de Mary, que nunca conseguiu pegar o jeito de arremessar

uma faca.

— Bella, vem! — segurei o suéter para ela farejar. Bella conseguia

distinguir quase qualquer cheiro que lhe fosse mostrado. Polly e eu a

treinamos durante um verão, escondendo coisas na floresta — um

brinquedo, uma camiseta, um sapato velho — e recompensando-a com

biscoitos quando ela as encontrava. Bella farejou o suéter de cima a baixo.

— Vá buscar — eu disse com firmeza.

Ela abaixou o focinho, quase encostando-o na terra e, depois de

alguns segundos, partiu correndo na direção dos campos.

A Última PrincesaOnde histórias criam vida. Descubra agora